Na abertura do evento, o presidente da entidade destacou que o setor vive seu momento mais desafiador
Florianópolis, novembro de 2022 –
Com mais de 1200 inscritos, o 25° Congresso Internacional UNIDAS -
União Nacional das Instituições de Autogestões em Saúde, começou nesta
quarta-feira (16), no Centro de Convenções CentroSul, em Florianópolis.
Com o tema “Os Desafios para a Sustentabilidade das Autogestões”’, em
sua conferência de abertura, o presidente da UNIDAS, Anderson Mendes,
ressaltou que a saúde vive seu momento mais emblemático atualmente.
Moderado
por Manoela Albuquerque, editora de Saúde na MIT Technology Review
Brasil, a conferência inicial debateu a trajetória do setor nas últimas
duas décadas e quais as projeções para a saúde. Mencionando as mudanças
na legislação, Anderson Mendes destacou que o momento atual é o mais
desafiador dos últimos anos. “Há um desvio de atenção para questões que
não vão agregar valor algum à saúde. Essas questões desviam nossa
atenção em pontos que realmente deveríamos estar discutindo”, resumiu.
Angélica
Carvalho, diretora-adjunta de desenvolvimento setorial da ANS, apontou
que as novas regras refletem em toda a população. “A discussão que
estamos pautando coloca em xeque todo o sistema porque o impacto na
saúde suplementar reverbera diretamente na saúde como um todo. Não há
como a gente desvincular isso, nós estamos juntos neste processo”.
Angélica
relembrou que a ANS está ciente das dificuldades desencadeadas por
decisões no Poder Legislativo. “Na audiência pública feita no Senado
Federal sobre o assunto, nosso presidente, Paulo Rabello, colocou de uma
forma muito clara que ‘hoje viemos aqui e amanhã voltaremos para ter
que rever e trazer os impactos do que está sendo decidido aqui’”.
Mirócles
de Campos Veras, presidente da CMB - Confederação das Santas Casas e
Hospitais Filantrópicos iniciou suas considerações relembrando a
importância dos hospitais filantrópicos para todo o SUS - Sistema Único
de Saúde. “Somos o atendimento público na área hospitalar, nós
financiamos a saúde pública, sendo que é um dever do Estado”, relatou.
“Consequentemente, passamos por um subfinanciamento que paga no máximo
60% dos gastos, fazendo com que nossas instituições cheguem a um endividamento de quase R$ 10 bilhões”.
Para
Omar Abujamara Júnior, presidente da Unimed Brasil, um dos
acontecimentos positivos nas últimas décadas foi a criação da ANS -
Agência Nacional de Saúde Suplementar, que foi criada com a missão de
regulamentar o setor. Outro ponto analisado pelo convidado refere-se à
transição demográfica do país, com o envelhecimento da população, a
diminuição da renda familiar e a crise fiscal no Estado. “Nós temos um grande desafio de equilibrar tudo isso para que a gente possa superar essas dificuldades apresentadas”, resumiu.
Renato
Casarotti, presidente da Abramge - Associação Brasileira de Planos de
Saúde, definiu o cenário atual como turbulento, gerando uma crise de
acesso dos beneficiários. “De um lado temos o aumento crescente dos
custos e, do outro lado, uma capacidade extremamente limitada para
nossos clientes e consumidores arcar com esse crescimento”.
Renato
projetou dois panoramas: com as operadoras ajustando os valores de
acordo com o aumento das despesas, gerando exclusão dos usuários pela
incapacidade de pagamento, ou aplicando a regulação com os reajustes e
um possível congelamento dos preços, quebrando as operadoras e
inviabilizando o acesso aos planos de saúde.
Para
Vera Valente, diretora executiva da FENASAÚDE - Federação Nacional de
Saúde Suplementar, o fato mais marcante da história do setor foi a
criação do SUS, o maior sistema de inclusão social do mundo. “Tivemos
nesses mais de 20 anos a lei que rege a saúde suplementar que a
organizou, a criação da agenda que é de extrema importância e tem seu
papel desafiado diariamente pelos diversos poderes ao passarem pelas
análises técnicas, novas legislações e decisões judiciais”. Já sobre o
atual momento, Vera também criticou as interferências externas.
“Recebemos intervenções enormes no legislativo, decisões complicadas no
judiciário e uma situação financeira complexa a ser resolvida, que leva a
expulsão dos usuários, o que é ruim para todos, inclusive para o SUS,
visto que quem não está na saúde suplementar está no sistema público, e
também para toda a cadeia particular”.
"A
gente precisa de fato de muito trabalho, muitas propostas disruptivas
para manter esse sistema de pé, manter as condições de pagamentos das
empresas e das pessoas”, finalizou Anderson ao encerrar o painel de
abertura.
Eficiência na Assistência Hospitalar
Na
primeira palestra do Congresso, o professor Jamie Newman, presidente de
Otimização Hospitalar e Diretor Médico da Mayo Clinic, destacou a
importância da organização para um bom gerenciamento de um hospital.
Para isso, é necessário dividir os trabalhos em quatro pilares:
segurança, qualidade, experiência do paciente e a otimização.
“Eu
posso ter uma estadia de um dia no hospital e ficar muito bem e outra
pessoa pode ficar 10 dias e não estar tão bem. Então, a gente precisa
dar uma olhada no nosso índice. Às vezes a gente interna pacientes que
estão mais doentes que os outros, por isso eles precisam ficar mais
tempo. E quando sou questionado, eu explico tudo isso por meio de
dados”, exemplificou.
Newman
também falou nos benefícios deste senso hospitalar organizado. “Às
vezes dinheiro é perdido porque não conseguimos achar os recursos no
hospital, uma cadeira de rodas, uma maca. E em relação ao paciente, você
caminha o hospital inteiro procurando o paciente, então a eficiência
hospitalar é muito importante, usando a localização em tempo real”.
Gustavo
Loubet Guimarães, diretor executivo de Saúde Populacional da Rede D'Or,
falou que a eficiência é uma preparação. “A construção de uma linha de
cuidado é um processo dinâmico. Ele não será resolvido de uma só vez”.
Segundo ele, é um desafio conjunto, que são necessárias maiores e
melhores ferramentas para a continuidade do cuidado.
Para
o dr. André Wajner, CEO da Eficiência Hospitalista e Improve - Foco no
Paciente, Doutor em Cardiologia (UFRGS), “quando se gente fala em
eficiência, a gente tem que falar em diminuição do tempo de
permanência”. De acordo com o CEO, é importante fazer um diagnóstico de
toda a estrutura, definir e implementar todas as rotinas de regulação e
continuamente coletar e analisar dados, pois muita coisa não é
Inteligência Artificial e nem sempre precisarão de grandes tecnologias,
algumas situações exigem somente o dado acurado em tempo real.
2º dia do 25º Congresso Internacional UNIDAS
O
evento segue sendo realizado no formato presencial e online hoje. Para
acompanhar as palestras virtualmente, clique e acesse a plenária virtual
(apenas para quem realizou previamente as inscrições). Confira a programação completa de hoje aqui.
Sobre a UNIDAS
A
UNIDAS - União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde, é uma
entidade associativa sem fins lucrativos, representante das operadoras
de autogestão do Brasil - segmento da saúde suplementar em que a própria
instituição é a responsável pela administração do plano de assistência à
saúde oferecido aos seus empregados, servidores ou associados e
respectivos dependentes. Atualmente, a UNIDAS congrega cerca de 4
milhões de vidas e mais de 100 filiadas nos Estados e no Distrito
Federal.
Ciente
do seu compromisso de discutir a saúde suplementar, a entidade tem como
objetivo fortalecer a competitividade das autogestões, levar soluções e
conhecimento para as instituições e atuar permanentemente junto às
agências reguladoras – Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ao Ministério da
Saúde, ao Congresso Nacional, entre outras instâncias governamentais.
Anualmente, dois grandes eventos são promovidos – o seminário e o
congresso, ambos com o intuito de difundir conhecimento, promover a
troca de informações e incentivar o debate sobre gestão de saúde.
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