Ministro afirmou em nota que ‘a democracia comporta manifestações pacíficas de inconformismo, mas impõe a todos os cidadãos o respeito ao resultado das urnas’
Por Weslley Galzo
Alvo de ameaças de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) em
Santa Catarina, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal
Federal (STF), afirmou em nota divulgada pelo seu gabinete que a
"democracia comporta manifestações pacíficas de inconformismo, mas impõe
a todos os cidadãos o respeito ao resultado das urnas". O magistrado
jantava com amigos em um restaurante em Porto Belo (SC) quando começou a
ser alvo de ataques verbais de bolsonaristas que participavam dos
bloqueios antidemocráticos de estradas e rodovias.
"O desrespeito às
instituições e às pessoas, assim como as ameaças de violência, não fazem
bem a nenhuma causa e atrasam o país, que precisa de ordem e paz para
progredir", diz o texto divulgado pelo STF. "A democracia comporta
manifestações pacíficas de inconformismo, mas impõe a todos os cidadãos o
respeito ao resultado das urnas", prossegue.
Segundo a nota, Barroso
se retirou do restaurante assim que começaram os xingamentos, mas foi
seguido até a casa em que se hospedava pelo grupo de bolsonaristas. Os
seguranças do ministro identificaram que os manifestantes passaram a
convocar outras pessoas para se juntar ao movimento "fazendo ruído
perturbador para toda a vizinhança e paralisando a circulação nas ruas
adjacentes".
Ainda segundo as informações do STF, a manifestação
ameaçou "fugir ao controle e tornar-se violenta". A equipe de segurança
do ministro cogitou acionar a Polícia Militar de Santa Catarina, mas o
ministro preferiu se retirar do local para evitar o incômodo aos
vizinhos. Segundo o STF, Barroso sequer chegou a encontrar os
manifestantes e não houve registros de ataques ou danos ao patrimônio.
Barroso
é um dos principais alvos da militância bolsonarista por ter
confrontado os arroubos autoritários de Bolsonaro no período em que
presidiu o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), entre 2020 e início deste
ano. Ele foi o responsável pela criação da Comissão de Transparência do
TSE, que conta com a presença de militares e se tornou um dos principais
argumentos de Bolsonaro para tentar interferir nas eleições deste ano. O
ministro já chegou a ser xingado e acusado de criminoso pelo
presidente.
Fonte: Agência Estado
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