BLOG ORLANDO TAMBOSI
Coluna de Carlos Brickmann, publicada nos jornais de quarta-feira, dia 13 de setembro:
Bolsonaro
se mantém fiel às origens: como deputado federal por 28 anos, não há
força humana que o faça trabalhar nos dias em que o Congresso não
funciona – e que, convenhamos, são a maioria. E fica bravo quando,
nesses dias de folga, o incomodam lembrando que ele é presidente. Ele é,
gosta de ser, mas sem os ônus do cargo.
Sua
Excelência passou o feriadão no Guarujá, SP. Nem tentou ir ao jogo do
Santos, domingo, mas se queixou de que não o deixaram entrar no estádio
por não ser vacinado. Mas se irritou mesmo foi na segunda-feira, quando
lhe perguntaram sobre os 600 mil mortos de Covid no Brasil: “Qual país
não morreu gente? Qual país não morreu gente? Responda! Olha, não vim me
aborrecer aqui, por favor”.
É
verdade: encara as centenas de milhares de falecidos como uns chatos,
que morreram com o único e exclusivo objetivo de aborrecê-lo. E a
chateação se espalha até por feriados, quando ele, segundo disse, “dá
uma arejada na cabeça”. Ninguém respeita a sua necessidade de arejar a
cabeça – arejar, deixar entrar um solzinho, iluminá-la, abri-la para o
mundo.
Pois
não é que foi à missa de Nossa Senhora em Aparecida e aguentou pancadas
até do arcebispo d. Orlando Brandes: “Para ser Pátria amada não pode
ser Pátria armada”. D. Orlando arejou sua cabeça.
De 1964 a 2021
É
sempre bom prestar atenção quando a Igreja Católica fala: em 1964, foi a
irmã Ana de Lourdes, freira, que começou a articular a Marcha da
Família com Deus pela Liberdade, que sinalizou amplo apoio popular à
deposição do presidente João Goulart. Na época, um líder religioso
católico, monsenhor Arruda Câmara, deputado federal, proclamava:
“Armai-vos uns aos outros”.
A Igreja sinalizou em Aparecida que hoje está com quem não tem armas.
Tem Moro na reta
Tudo
indica que o ex-ministro e ex-juiz Sérgio Moro sairá candidato à
Presidência da República. Já tem partido (o Podemos, dirigido pela
deputada Renata Abreu, cujo líder no Senado é o ex-governador paranaense
Álvaro Dias), já conversou sobre possível aliança com o governador
gaúcho Eduardo Leite (que é candidato a candidato pelo PSDB), é bem
lembrado por seus tempos de Lava Jato) e, o que em seu caso é uma
vantagem a ser explorada, é detestado tanto por Lula quanto por
Bolsonaro. Tem chance de dividir outros partidos, conquistando apoios
como o do tucano cearense Tasso Jereissati. Tem possibilidades de ser a
terceira via.
Se
terá chance eleitoral é outra coisa. Mas assumirá que é candidato até o
final do ano. Os bolsonaristas estão convencidos de que sairá, tanto
que retomaram histórias anti-Moro do tempo em que deixou o Governo,
atribuindo-lhe conexões com a CIA para prejudicar empresas brasileiras
que competiam com as americanas.
Gravar, não
Aos
ingleses se atribui a frase segundo a qual um cavalheiro não ouve as
conversas dos outros (nem, portanto, as grava). O TSE, Tribunal Superior
Eleitoral, passa a seguir esta norma: provas obtidas por meio de
gravação ambiental clandestina, sem autorização judicial e sem o
consentimento dos interlocutores, são ilícitas e não valem na Justiça.
Esta notícia saiu no portal jurídico gaúcho Espaço Vital (espaçovital@espacovital.com.br).
Investigar, sim
Correto:
gravação clandestina se presta a armações. E, como observa o excelente
jornalista Fernando Albrecht, qualquer de nós, em conversa particular,
diz coisas que, em público, seriam um escândalo. “No que diz respeito ao
jornalismo, gravação às escondidas e principalmente fora do contexto é
eticamente reprovável. Jornalista não é polícia, embora muitos acreditem
que são”.
Quem quiser descobrir algo que investigue licitamente, sem armação, sem armadilha tecnológica, sem prévio viés de acusação.
Agropecuária sem devastação
Atenção,
pessoal da área: reserve tempo que o evento é dos bons. No fim de
novembro, ocorre o agroRESET FEST 2021, para debater uma agenda ESG
(sigla em inglês de Governança Social Ambiental) para o agro brasileiro.
Serão 21 palestrantes de vários setores, de ícones do agronegócio a
empreendedores jovens, investidores e startups do setor; e gerará o
Plano para o agro ESG no Brasil, que será entregue aos candidatos à
Presidência da República.
Mais informações em https://bit.ly/AgroResetFest
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