O último (e único) monarca brasileiro teve uma presença ativa nos assuntos científicos do país e foi próximo de cientistas como Charles Darwin e Alexander Graham Bell. Na consideração deste blogueiro, foi também o único estadista do Brasil - algo bem diferente do atual ocupante do poder:
No
dia 18 de julho de 1841, Dom Pedro II (1825-1891) era coroado imperador
do Brasil. Embora tenha ficado marcado como o último monarca
brasileiro, derrubado num golpe militar que instituiu a República em
1889, Dom Pedro II era conhecido também por seu amor às artes e à ciência.
Em seu reinado, contribuiu com o desenvolvimento científico do país,
financiando diretamente pesquisas, laboratórios e institutos.
Pedro
II herdou o trono em 1831, aos 4 anos de idade, depois que seu pai, Dom
Pedro I, abdicou e deixou o país em exílio. Até a coroação do novo
imperador, aos 14 anos, o Brasil foi governado por regentes nomeados
pelo congresso. Embora conturbado, o período representou o início da
formação intelectual de Pedro II. A partir de 1939, um dos seus
principais mestres foi o naturalista português Alexandre Antonio
Vandelli.
“Nasci
para consagrar-me às letras e às ciências", registrou em seu diário em
1862. O desenvolvimento da ciência no Brasil já havia sido iniciado por
Dom Pedro I, mas o verdadeiro apogeu foi no segundo reinado, marcado
pela presença ativa do imperador nos assuntos relacionados a ciência e tecnologia. Era Dom Pedro II, por exemplo, quem controlava pessoalmente a seleção de pedidos de patentes e invenções.
Conheça alguns exemplos e iniciativas dele que ajudaram a alavancar a ciência no Brasil:
Relacionamento com cientistas
Em suas viagens internacionais, Dom Pedro II fazia questão de conhecer as sumidades locais em cultura e ciência. Além de grandes escritores e intelectuais como Victor Hugo e Friedrich Nietzsche, trocou correspondências com o químico Louis Pasteur, o inventor do telefone, Alexander Graham Bell, e o naturalista Charles Darwin.
Este último, certa vez falou sobre Dom Pedro II: "O imperador faz tanto
pela ciência, que todo sábio é obrigado a demonstrar a ele o mais
completo respeito”.
Pelo
respeito obtido na comunidade científica, o imperador brasileiro se
tornou membro de prestigiosas sociedades de pesquisa: a Royal Society,
da Inglaterra; a Academia de Ciências da Rússia; as Reais Academias de
Ciências e Artes da Bélgica; a Sociedade Geográfica Americana; e a
Académie des Sciences, da França.
Mecenato
Dom
Pedro II fazia questão de financiar pesquisas com recursos pessoais.
Ajudou diretamente estudiosos brasileiros e estrangeiros e auxiliou no
desenvolvimento de importantes instituições de pesquisa. Em 1839,
tornou-se patrono do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, e nos
anos seguintes foi um participante assíduo das reuniões.
O
imperador brasileiro também ajudou na fundação do Instituto Pasteur, na
França, em 1888. Anos antes, em uma reunião da Académie des Sciences,
Pedro II manifestou preocupação com a febre amarela
no Brasil. Em busca de entender as causas da doença, iniciou contato
com Louis Pasteur. Do interesse científico nasceu uma admiração, que o
levou a subscrever e financiar a inauguração da entidade, que foi
pioneira no mundo na pesquisa de doenças infecciosas.
Astronomia
O Dia Nacional da Astronomia
é comemorado no Brasil em 2 de dezembro, mesma data aniversário de Dom
Pedro II. O imperador era um apaixonado pela observação dos astros, a
ponto de ter um observatório privado no terraço do palácio e um
laboratório de ponta para a época. Acompanhava as pesquisas
astronômicas, fazia anotações sobre suas próprias observações em seus
cadernos e não perdia oportunidades de visitar observatórios em suas
viagens ao exterior.
Telefone
Apaixonado
pelas Exposições Universais, Dom Pedro II patrocinava e fazia a
curadoria dos estandes brasileiros, onde se exibiam produtos agrícolas e
máquinas fabricadas no país. Foi na Exposição da Filadélfia, em 1876,
que Dom Pedro II ajudou a impulsionar uma invenção que revolucionou as
comunicações. Na época, ninguém ouvia falar de Alexander Graham Bell,
muito menos de sua criação: o telefone. Presente na feira, o imperador
compareceu ao estande de Bell e ficou encantado com o aparelho.
Tornaram-se amigos e, em menos de um ano, o Brasil foi o segundo país do
mundo a contar com uma linha telefônica (a primeira linha oficial, que
ligava o palácio aos gabinetes ministeriais).
Fotografia
Dom
Pedro II foi o primeiro fotógrafo do Brasil. Adquiriu um daguerreótipo
aos 14 anos, em 1840, menos de um ano após o anúncio da invenção de
François Aragno. A partir de então, entusiasmou-se com a nova forma de
registrar imagens, ajudando a difundir a fotografia por aqui. Quando foi
banido do país, após a Proclamação da República, doou à Biblioteca
Nacional seu acervo com mais de 25 mil fotos. (Galileu).
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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