A juíza Cristina Serra Feijó, da 33ª Vara Cível do Tribunal de Justiça
do Rio, decidiu nesta sexta-feira (4), proibir a TV Globo de exibir
qualquer documento ou peça das investigações sobre o esquema de
rachadinha no gabinete do senador Flavio Bolsonaro, quando exercia o
cargo de deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). A
magistrada atendeu a um pedido de liminar dos advogados Rodrigo Roca e
Luciana Pires, que defendem o senador. Em nota, a associação Nacional de
Jornais (ANJ) criticou a decisão, que considerou inconstitucional:
"Qualquer tipo de censura é terminantemente vedada pela Constituição e,
além de atentar contra a liberdade de imprensa, cerceia o direito da
sociedade de ser livremente informada. Isso é ainda mais grave quando se
tratam de informações de evidente interesse público. A ANJ espera que a
decisão inconstitucional da juíza seja logo revogada pelo próprio Poder
Judiciário." O presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI),
Paulo Jeronimo, também repudiou em nota a decisão, que classificou de
censura e "mais um atropelo à liberdade de expressão". "Parece estar se
tornando praxe no país a censura à imprensa, tal como existia no tempo
da ditadura militar e do AI-5". Esta semana, o Grupo de Atuação
Especializada no Combate à Corrupção (Gaecc) concluiu as investigações.
As investigações foram abertas em julho de 2018 depois que um relatório
do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) apontou uma
movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta de Fabrício Queiroz,
ex-assessor de Flávio na Alerj. Para os promotores que apuram o caso,
Queiroz era o operador do esquema que também faria lavagem de dinheiro
por meio de imóveis e da loja de chocolates do senador. Queiroz recebeu
mais de R$ 2 milhões em 483 depósitos de outros assessores do gabinete.
Além disso, os investigadores localizaram imagens de Queiroz pagando
despesas pessoais de Flávio em dinheiro vivo.
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