Coluna de Carlos Brickmann, publicada nos jornais de domingo:
A Organização Mundial da Saúde declarou emergência internacional com o
crescimento do surto de coronavírus. Traduzindo: o surto é grave mesmo.
Mas, desde a gripe suína, em 2009, esta é a quinta emergência
internacional declarada pela OMS. As seguintes foram Ebola (2014), Zika
(2016), Ebola novamente (2019). Os cenários também eram horríveis: como
conter o vírus mortal da Ebola? Como tratar, sem alto risco de vida, um
doente contaminado pelo Ebola? Dizia-se que bastaria, com um trecho de
pele exposto, tocar o corpo de um doente com Ebola para que a
contaminação mortal ocorresse. Era horrível, mas ainda não era a grande
catástrofe. Já a Gripe Espanhola, de 1918, matou algo como 5% dos
habitantes do mundo. Maior epidemia, só a Peste Negra, no século 14,
que, estima-se, talvez tenha provocado 200 milhões de mortes na Europa e
na Ásia.
Pode ser tudo, pode ser nada, mas é mais seguro proteger-se,
acompanhar o noticiário e seguir as instruções das autoridades médicas.
Um endereço precioso, trazido pelo curitibano Gerson Guelmann, é o do
John Hopkins Center for Systems Science and Engineering, de Baltimore,
EUA, com estatísticas do surto, um excelente mapa da área da pandemia,
tudo on line e gratuito. Basta clicar https://tinyurl.com/uwns6z5.
Não são informações de fácil uso para nós, leigos. Mas pode indicar ao
mais leigo dos leitores se a área de expansão do coronavírus se aproxima
da região em que vive.
Deputados pagando Saúde
Boa notícia: o relator do Orçamento paulista de 2020, deputado
estadual Alex de Madureira, PSD, aprovou, com apoio dos parlamentares, a
verba de R$ 20 milhões para nove hospitais filantrópicos de referência
em câncer, na Capital e no Interior. O programa, Onco-São Paulo, é
estritamente técnico: os recursos serão repartidos entre as
instituições, todas Centros de Alta Complexidade em Oncologia, de acordo
com o número de atendimentos e o nível de complexidade. Ou seja, quem
atende mais vai receber mais.
De acordo com a nova lei, verbas destinadas por parlamentares terão
aplicação obrigatória. Com o Onco-São Paulo, abre-se um belo caminho
para que bons deputados invistam em saúde a verba a que têm direito. É
jogo de ganha-ganha: bons hospitais, boa saúde, bom atendimento. E bons
votos.
Junte-se aos bons
As entidades filantrópicas de referência no tratamento de câncer em
São Paulo são Hospital Amaral Carvalho, de Jaú, Fundação Pio XII, de
Barretos, Boldrini Campinas, Hospital GPACI Sorocaba, Instituto do
Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho, Instituto Brasileiro de Controle do
Câncer, Hospital AC Camargo, GRAACC, Centro de Tratamento Fabiana
Macedo.
Grandes nomes
Atenção: amanhã, segunda-feira, os ex-governadores fluminense Sérgio
Cabral e Luiz Fernando Pezão estarão diante do juiz Marcelo Bretas, na
primeira instância da Justiça do Rio. Cabral é, entre os alvos da Lava
Jato, o condenado a maior número de anos de prisão. E ainda faltam
processos. Mas não se pode esquecer que Cabral deve apresentar sua
delação premiada. Há divergências entre as várias autoridades envolvidas
no assunto, mas conforme a que prevalecer a delação de Cabral poderá
amenizar sua pena e levar outras pessoas aos tribunais.
Empurrando para cima
Não, o presidente Bolsonaro não está feliz com o ministro Sérgio
Moro. Nos últimos dias tem tratado o ministro com toda a deferência, mas
mesmo assim foi possível perceber seu desagrado. Onde já se viu, um
ministro nomeado por ele que não sai publicamente em defesa de seu
filho, se atreve a estar à sua frente nas pesquisas, não desiste de seus
objetivos nem diante dos sapos que que terá de engolir?
Prometeu, cumpra
A maneira mais fácil de se livrar de Moro, neste momento, é cumprir a
palavra que foi dada a ele: elevá-lo ao Supremo na primeira vaga. No
Supremo, Moro será um entre onze, não a estrela única; deixa de ser a
estrela solitária. Basta algum ajuste legal, que impeça o ministro de
disputar eleições antes de completar determinado período, e pronto: Moro
só poderá se candidatar quando Bolsonaro, mesmo tendo sido reeleito,
estiver impedido de concorrer de novo. Anula-se um adversário sem
hostilizá-lo, sem feri-lo – apenas ficando a seu lado.
Um retrato na parede
Já o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, perdeu em um ano
todas as atribuições de seu cargo. Hoje, pode tirar férias à vontade que
ninguém sentirá falta de sua presença. Se quiser voltar à Câmara, sua
origem, receberá homenagens, mas nenhum pedido de que fique e não vá.
Onyx é no Palácio apenas um retrato na parede. Mas como dói.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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