Armínio Fraga faz autocrítica e tenta contribuir com ideias
Talvez o economista Arminio Fraga, como brasileiro de elite, tenha um sentimento muito bem resumido pelo genial Tom Jobim: ”Viver no exterior é bom, mas é uma merda! Viver no Brasil é uma merda, mas é bom!”. Me reconheço um pouco como Tom Jobim ou Arminio Fraga, passeando de vez em quando em praças de cidades como Boston, Barcelona ou outras de primeiro mundo. Não posso, diferentemente deles, ficar por lá, a não ser que largasse tudo aqui e encarasse um subtrabalho.
QUESTÃO DE ESCOLHA – Em termos relativos é muito melhor continuar por aqui mesmo. Diferente de um cara que conheci trabalhando como porteiro em um hotel de Miami e a esposa como cozinheira por lá também. Viviam muito mal no bairro do Grajaú de São Paulo, um bairro de periferia com todas as mazelas que conhecemos muito bem. No caso deles, não tinham escolha mesmo, tinham que ficar por lá mesmo, a vida era infinitamente melhor do que a daqui.
Diferentemente do que pregam muitos demagogos, principalmente esquerdopatas, pessoas como Arminio Fraga têm sim, muita consciência do caos social que o país vive, e acredito que realmente querem transformar o país. Poderiam tranquilamente optar por viver no exterior, mas como Tom Jobim, acham que vier fora é bom, mas é uma merda!
EXEMPLO DOS COMBUSTÍVEIS – Ninguém reclama quando se baixa o preço do combustível, é a coisa mais natural do mundo. O problema é quando a Petrobras tem que fazer o inverso, aumentar os preços dos combustíveis, aí acontece todo esse drama.
E pensar que o governo tem nas mãos o melhor instrumento para gerenciamento dos preços dos combustíveis. Tratava-se simplesmente da CIDE, que poderia e deveria funcionar também como um verdadeiro estabilizador de preços. Quando fosse o caso de se poder abaixar o preço, isso não deveria ser feito, dever-se-ia então formar um Fundo de Estabilização que seria utilizado exatamente nas situações que o preço deveria aumentar. Além disso, esse fundo poderia servir também como uma política ambiental, desestimulando o consumo de combustíveis fósseis e estimulando o uso de etanol, biodiesel, gás automotivo, carros hibridos e elétricos, transporte público etc…
INFELIZMENTE – Esse tipo de providência é coisa para governos preparados, mas, infelizmente, vemos poucos sinais de vida inteligente dentro do governo, principalmente porque quem zurra mais são exatamente as alas demagógicas e/ou ideológicas que têm a audácia de propor subsídios estúpidos como isenção de cobrança de energia elétrica para igrejas.
Se é assim, porque não se propõe isentar também energia elétrica para escolas e hospitais? Esse tipo de intervencionismo estúpido foi o que levou o governo Dilma e o PT a serem escorraçados do poder. Simplesmente porque mexem es estruturas de preços que podem e devem ser reguladas pelo mercado.
Isso não é contraditório com minha proposta de estabilização de preços (dentro de certos limites) via CIDE, porque, afinal, o que é mais estratégico para o país – uma amenizada nas subidas de preços de combustíveis ou subsídios para funcionamento de templos religiosos? Aliás, se os evangélicos vão ter direito, por que os umbandistas não teriam? Essa discussão dos tempos de Idade Média nem deveria ter lugar em pleno século XXI.
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