MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 28 de dezembro de 2019

Um verdadeiro tapete branco na Colina Sagrada durante a última sexta-feira do ano


Foram 13 missas celebradas ao longo do dia. Primeira missa começou às 5h e última será às 18h30

Tribuna da Bahia, Salvador
28/12/2019 07:00 | Atualizado há 5 horas e 39 minutos
   
Foto: Romildo de Jesus / Tribuna da Bahia

Por: Rayllanna Lima

Um verdadeiro tapete branco foi formado na Colina Sagrada durante a última sexta-feira do ano, a Sexta da Gratidão. Milhares de baianos e turistas acompanharam as celebrações eucarísticas, dentro e fora da Igreja do Bonfim, ao longo de todo o dia. Ao todo foram 13 missas, sendo a primeira realizada às 5h e, a última, às 18h30. O dia é tradicionalmente marcado pelo sincretismo religioso, uma vez que fiéis de diferentes doutrinas se unem para celebrar Senhor do Bonfim. No candomblé, os agradecimentos vão para Oxalá.
Em entrevista ao jornal Tribuna da Bahia, o reitor da Basílica Santuário Senhor do Bonfim, padre Edson Menezes, comentou sobre a renovação da fé dos baianos e brasileiros, sobretudo após "um ano muito difícil".
"Continuamos enfrentando algumas dificuldades no contexto nacional. As crises continuam. O desemprego e a violência estão aumentando cada dia. Mas, não podemos perder a esperança. Precisamos acreditar na possibilidade de dias melhores. Eu sempre digo que nós devemos acreditar no Brasil, que é um país gigante. Fazer nossa parte, cada um procurando ser mais responsável, procurando cumprir com nossas obrigações e deveres, e prestar a nossa colaboração em vista de um bem comum. Precisamos cuidar mais da natureza. Deus é bom e nós precisamos cultivar isso. A presença de tanta gente aqui hoje representa isso. Assim cada um vem pedir, agradecer. É uma demonstração de fé muito grande do povo", disse.
Os sermões dados pelos religiosos durante algumas celebrações foram voltados inclusive para essa aproximação maior do Deus nosso Senhor, pregando a paz e a tolerância. "Temos um congraçamento de pessoas de várias raças, várias nacionalidades, várias denominações religiosas. E todo mundo com o mesmo objetivo, que é pedir paz, a graça de dias melhores. Que nós possamos experimentar a paz como fruto da justiça. Que o ano de 2020 seja abençoado", desejou padre Edson.
Arcebispo de Salvador e primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger presidiu a segunda missa do dia, iniciada por volta das 6h. "Para alguém acordar tão cedo nesta sexta e vir aqui, é porque tem muito o que agradecer, é porque tem o coração repleto de gratidão. É bonito ver essa fé, devoção, o carinho que as pessoas têm com o Senhor do Bonfim. Penso que hoje é dia de festa para cada um de nós. E muita alegria. Não queremos repetir erros que talvez tenhamos cometido. Queremos fazer o melhor. Aprendemos esse ano uma lição muito forte de Irmã Dulce, que vale a pena dedicar-se ao outro, porque o bem que a gente faz permanece e se multiplica", afirmou em entrevista ao Jornal da Manhã, da TV Bahia.
Renovação da fé
Com fitinhas do Senhor do Bonfim na mão, o advogado Márcio Costa, 42 anos, subiu a Colina Sagrada para, além de agradecer os aprendizados de 2019, pedir mais tolerância e respeito às diversidades. Esse foi um dos seus pedidos após amarrar uma das fitas no gradil no adro da igreja, algo que já se tornou uma tradição entre os devotos.
"É dia de agradecer, independente da crença. Algo que até faz parte da cultura do baiano, essa diversidade. Independente de ser espírita, umbandista, católico, todos viemos. Para 2020 meu pedido é de mais tolerância, para que seja um ano menos difícil que esse. Que possamos ter mais empatia pelo outro, acreditar mais na verdade, ao invés de serem pegos de surpresa com o imediatismo das notícias falsas", pediu.
Além da diversidade nas religiões, houve também entre as idades. Crianças, jovens, adultos e idosos, todos subiram a Colina Sagrada durante a Sexta da Gratidão. O casal José Raimundo, 60 anos, e Virgínia Santana, 59 anos, levaram o pequeno Antony Valentim, de apenas um ano e oito meses, para já seguir os passos da família e não deixar de agradecer pela benção da vida.
"Ele é feito no Axé, então é importante que, nesse mundo frio e cruel, a gente ensine a criança desde pequena a ter respeito. A gente repassa essa tolerância religiosa, porque o caminho de todos é um só, o que leva a Senhor do Bonfim, a Oxalá", disse Raimundo. "A gente vem como uma forma de agradecer tudo o que conseguimos, mas também o que vamos conseguir. Se não conseguimos ainda é porque não houve permissão de Deus", completou Virgínia, que há cerca de dez dias realizou uma cirurgia. "Fiz um procedimento na tireoide e foi um sucesso. Só tenho a agradecer", reforçou.
Entre os fiéis que acordaram cedo estava a costureira Célia Mendes, de 59 anos, acompanhada da advogada Sheila Rocha, de 30 anos. "É um caminho longo, do bairro de Candeal até o Bonfim, mas vale a pena. A gente vem mais para agradecer do que para pedir. É um alívio chegar há um final de ano com tantas bençãos, vindo aqui renovar a fé", contou Célia à reportagem. "A gente pede saúde e paz", acrescentou Sheila.
E por falar em saúde, o secretário estadual de Saúde, Fábio Vilas-Boas também esteve presente no festejo. À Tribuna, ele relembrou que foram quase R$ 30 bilhões investidos na área ao longo dos últimos 5 anos, pontuou algumas ações do Estado e comentou sobre os trabalhos já encaminhados para 2020.
"A Saúde da Bahia avançou bastante, mas ainda tem muito para ser feito. Conseguimos expandir a rede de Atenção Especializada, com a construção de mais policlínicas. Conseguimos expandir a Atenção Hospitalar, com inauguração e reforma de diversos hospitais. E nós estamos fortalecendo a Atenção Primária, também ajudando os municípios a abrirem novas unidades básicas de saúde. Para 2020, o ritmo não vai diminuir. Já no início do ano temos o novo Hospital Metropolitano para entregar. Temos outro em Feira de Santana, uma construção para iniciar em Teixeira de Freitas, além de várias ampliações e reforças em andamento", detalhou.

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