Segundo a PF, a suspeita é de que o telefone era utilizado para tratar de assuntos ilícitos
Redação
A Polícia Federal encontrou no último dia 21, em João Pessoa (PB), um celular escondido dentro de uma caixa de remédio durante a operação de busca e apreensão na casa do deputado federal Wilson Santiago (PTB-PB). O deputado é alvo de uma operação que apura o desvio de dinheiro de obras no sertão da Paraíba.
O celular foi encontrado dentro de um frigobar no quarto do deputado. Segundo a PF, a suspeita é de que o telefone era utilizado para tratar de assuntos ilícitos. Ao todo, sete aparelhos foram apreendidos.
O parlamentar foi denunciado pelo Ministério Público Federal sob acusação dos crimes de organização criminosa e corrupção. Ele foi afastado do cargo por decisão do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF). Wilson nega a participação nos crimes e com os fatos investigados.
O caso
A investigação do caso teve início com a colaboração premiada de um empresário na Paraíba. George Ramalho, dono da Coenco Construções, relatou ter sido contratado para a construção de uma adutora no sertão do estado apenas após o acerto de pagamento de propina para Wilson Santiago e ao prefeito de Uiraúna (PB), João Bosco Nonato Fernandes. O valor total da obra foi de R$ 24,8 milhões, e o montante desviado, segundo o inquérito, de R$ 1,2 milhão.
Após o início das negociações para o acordo de delação premiada de George Ramalho, a Polícia Federal conseguiu autorização judicial para realizar ações controladas. O mecanismo consistiu no acompanhamento de eventos em que o colaborador se reuniu com investigados, gravando, para realizar pagamento de propina ou tratar de assuntos ilícitos.
Segundo a investigação da PF, há registros onde mostra o prefeito de Uiraúna colocando maços de dinheiro na cueca. Além de câmeras de segurança mostrando a entrega de R$ 30 mil a uma mulher em um hotel em Brasília. No dia da operação, a polícia apreendeu dinheiro em espécie na casa do deputado em Brasília e na casa do prefeito, em Uiraúna.
Segundo a defesa do deputado, a investigação não mostra Wilson recebendo dinheiro de terceiros. “O dinheiro apreendido no apartamento, além de encontrar lastro no Imposto de Renda, foi objeto de saque de sua conta decorrente de seus próprios rendimentos, de modo que será comprovado em momento oportuno”, afirmou Luís Henrique Machado, advogado do deputado.
Decisões do Supremo Tribunal Federal de afastar parlamentares do mandato são controversas, mas, hoje, há o entendimento na corte de que a palavra final cabe ao plenário da Câmara ou do Senado. Em tese, a decisão do STF é submetida ao plenário da Câmara, mas o Congresso entrou em recesso na última segunda (23) e só volta aos trabalhos em fevereiro.
Santiago está automaticamente afastado do mandato até que o plenário delibere sobre o assunto, o que também pode não ocorrer, a depender da decisão política da cúpula da Câmara e da maioria dos partidos.
A denúncia contra Santiago e os outros acusados é assinada pelo procurador-geral da República interino, José Bonifácio Borges de Andrada. Ele solicita que eles sejam condenados a ressarcir os cofres públicos em R$ 14,9 milhões.
Cabe agora, ao STF, decidir se aceita ou não a denúncia. Em caso positivo, os acusados se tornam réus.
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