Quando diagnosticado no início da doença, pode ter cura
Foto: Reprodução
Por: Poliana Antunes
O câncer de pênis, apesar de considerado raro em países desenvolvidos, apresenta taxas relevantes de incidência no Brasil, representando 2% dos tumores que atingem o homem. De acordo com a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), esse tipo de câncer é responsável por cerca de mil amputações por ano. O custo médio do estado para o tratamento de cada paciente é cerca de R$ 35 mil.
Segundo o órgão, o câncer de pênis é uma doença temida por muitos homens, sobretudo pela possibilidade de amputação do órgão, caso o tumor seja diagnosticado tardiamente.
“Alguns, porém, simplesmente desconhecem ou ignoram a existência deste tipo de tumor, muitas vezes, por vergonha, medo, falta de orientação ou, dificuldade de acesso ao médico especialista”, explica.
O uro-oncologista Augusto Modesto, que recentemente participou do novo Consenso Brasileiro de Câncer de Pênis, em São Paulo, a fimose (estreitamento do prepúcio), pode ser um fator de risco, caso as orientações de higiene básica não sejam realizadas pelos homens.
“Entretanto, os urologistas costumam dizer que ela pode ser perfeitamente evitável com informação, água e sabão”.
O sintoma mais comum é o aparecimento de uma ferida ou úlcera persistente, principalmente na região da glande ou prepúcio. Em alguns casos, pode haver, ainda, perda de pigmentação ou manchas esbranquiçadas, secreções e mau cheiro, tumoração no pênis ou na virilha, além de inflamações de longo período, com vermelhidão e coceira, principalmente nos portadores de fimose.
“A prevenção é o melhor remédio para este tipo de doença, mas caso ela não seja evitada, o diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura sem a necessidade de amputação. A depender do caso, podem ser indicadas radioterapia, quimioterapia, cirurgias menos invasivas ou, em último caso, a amputação do órgão, que pode causar danos fisiológicos e psicológicos complexos para o homem”, frisa uro-oncologista.
PREVENÇÃO
Augusto Modesto lembra, ainda, que além de lavar bem o pênis com água e sabão diariamente, especialmente após as relações sexuais ou masturbação, para prevenir a doença, recomenda-se usar preservativos em todas as relações sexuais, pois o contato com vários parceiros aumenta o risco de contágio por HPV e outras doenças sexualmente transmissíveis, que podem ser facilitadores do câncer de pênis. Outra forma de prevenir a doença é a cirurgia de fimose, indicada para casos onde existe o risco de estreitamento do prepúcio.
“A operação é simples, rápida e não necessita de internação. Também conhecida como circuncisão, a cirurgia é geralmente realizada na infância. Nem todo homem precisa ser circuncidado. Cada caso deve ser avaliado individualmente”, defendeu Augusto Modesto.
“Políticas públicas para a prevenção do câncer de pênis devem ser repensadas, principalmente nas áreas mais prevalentes da doença. Inicialmente, as áreas de maior prevalência deveriam ser mapeadas para oferta de companhamento especializado com urologista, com o intuito de informar e orientar o homem quanto aos cuidados com a higiene”, ressalta o médico.
Augusto Modesto sugere, que este acompanhamento também serviria para identificar possíveis candidatos à cirurgia de circuncisão.
“Essas políticas públicas, poderiam ser feitas por meio de mutirões itinerantes, de forma frequente, principalmente, nas áreas de maior risco”.
Se diagnosticado em estágio inicial, o câncer de pênis apresenta elevada taxa de cura.
“Infelizmente, os pacientes levam em torno de oito meses a um ano para chegar a um médico especialista e ter sua conduta definida, depois das primeiras feridas aparecerem, o que dificulta o tratamento e reduz as chances de cura. Todas as alterações na região devem ser analisadas por um especialista que, em casos de lesões, poderá solicitar exames de imagem ou uma biópsia”, explicou Augusto Modesto.
O tratamento do tumor no pênis é cirúrgico, mas pode ser seguido de aplicações de quimioterapia ou sessões de radioterapia dependendo da extensão do tumor, da região onde está localizado e do prognóstico. A cirurgia é eficaz para o controle local da doença, mas se o paciente apresentar ínguas na virilha pode ser um sinal de que a doença está se espalhando.
“Os homens precisam buscar orientação especializada, cuidarmelhor da saúde e exigir os seus direitos. Caso contrário, serão os maiores prejudicados por sua própria negligência ou indiferença”, concluiu o médico.
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