SÃO PAULO (SP) – Em meados da década passada, a romena Dacia apresentou um conceito de automóvel popular que se tornou imperativo nos mercados emergentes. Trata-se do Logan, sedã paupérrimo, mas de carroceria encorpada. Não demorou para a tendência chegar ao Brasil, com o Renault e ser seguido por boa parte da indústria, com Fiat Grand Siena, Toyota Etios Sedan, Nissan Versa, Chevrolet Cobalt e por aí vai. Com o tempo, eles foram ganhando conteúdos e hoje atingiram status que há 10 anos era o mesmo de um sedã médio.
O Cronos segue essa linha. O novo sedã da Fiat foi revelado no início da semana, numa estratégia parecida com a que a Volkswagen fez com o Virtus, há cerca de 15 dias. Sem permissão para fotografar (os telefones foram retidos) a impressa pode ver de perto o carro, tocar, cheirar, medir com os pés ou palmos, uma vez que nenhum dado técnico foi anunciado.
No entanto, executivos não escondem que a meta do Cronos não é rivalizar com o Virtus, como tem sido sugerido (inclusive por este que vos escreve). Segundo os representantes da marca italiana, o sedã alemão quer se aproximar de modelos como Cobalt e City, no segmento de sedãs compactos, como sugere a denominação da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Degrau a baixo
Já com o Cronos, a Fiat busca um posicionamento mais próximo ao do Prisma (líder do mercado) assim como Logan, HB20S, Versa e similares, que se enquadram no segmento de sedãs pequenos, tal como indica a mesma entidade que mensura os emplacamentos. O objetivo é fazer volume. A conta é simples. Os sedãs pequenos emplacaram de janeiro a outubro 225 mil unidades, enquanto os compactos licenciaram 88 mil unidades.
Preços
Se a Fiat quiser ter volume com o Cronos, sabe que terá que adotar uma política de preços bem próxima do líder. O Prisma tem preços iniciais na casa dos R$ 55 mil, com motor 1.0, e chega a R$ 67 mil, na versão LTZ 1.4 automática. Daí, é bem capaz que o sedã italiano chegue com valores entre os mesmos R$ 56 mil e R$ 74 mil, mas com a vantagem de partir com motor 1.3 de 109 cv com opção de caixas manual e automatizada. No alto da cadeia o Cronos recorrerá à unidade 1.8 de 139 cv que pode ser combinada com transmissão automática de seis marchas.
A versão exibida na apresentação é a mesma da foto (Precision AT6), que assim como o Argo de mesma configuração oferece recursos como partida sem chave, ar-condicionado digital, trio elétrico (vidros, retrovisores e travas elétricas) módulo multimídia (com conexão nos padrões Apple Carplay e Android e câmera de ré), além de revestimento em couro dos bancos.
Desenho
Apesar de ser derivado do Argo, o Cronos é produzido na unidade argentina de Córdoba e utiliza plataforma modular (MTS), como o hatch de Betim é montado sobre a MP1. Segundo os executivos, da coluna B em diante o carro é totalmente diferente do irmão, e teve entre-eixos alongado (cerca de 2,60 metros), portas com janela espia e cadência da carroceria, que remete ao Alfa Romeo Giulia.
O lançamento não tem dada definida, mas não deve passar de fevereiro.
O Cronos, apesar de ser derivado do Argo (e compartilhar conjunto mecânico e equipamentos), tem personalidade própria, com para-choques de desenho exclusivo, novas portas traseiras, com janela espia e desenho encorpado, inspirado no Alfa Romeo Giulia, graças ao uso da plataforma modular MTS, que não fez dele um Argo com porta-malas enxertado