A Tribuna da Internet se caracteriza por ser um espaço democrático, no qual os participantes expõem suas opiniões livremente e com a maior franqueza. Constata-se aqui a evidência do “brasileiro cordial”, identificada pelo grande jornalista, sociólogo e historiador Sérgio Buarque de Hollanda em sua obra mais conhecida, “Raízes do Brasil”. No caso da prisão de Paulo Maluf, por exemplo, muitos comentaristas defenderam a tese de que ele deveria ser beneficiado pela prisão domiciliar, devido a seu precário estado de saúde.
Essa visão humanitária é louvável e necessária. A aplicação da Justiça jamais pode ter conotações de vingança, as punições precisam sofrer limites. No caso de Maluf, porém, montou-se uma grande farsa, porque seu estado de saúde nada tem de precário.
FALSO CÂNCER – Como dizia Nelson Rodrigues para alfinetar seu grande amigo Otto Lara Resende, o mineiro só é solidário no câncer. E foi justamente o alardeado argumento de que Maluf estaria com câncer na próstata que causou maior comoção às pessoas de bem que nunca estiveram pessoalmente com o político e não sabem do que ele é capaz.
Agora, com o minucioso laudo do Instituto Médico-Legal, ficou confirmado que Maluf não tem câncer. Pelo contrário, operou e extraiu a próstata em dezembro de 1997 e não ocorreu remissão – o paciente está curado. Mas é claro que ficaram sequelas, como a incontinência urinária, que obriga o parlamentar a usar fraldas geriátricas. Mas isso não é motivo para não cumprir pena. Afinal, se o ministro Eliseu Padilha pode trabalhar normalmente nessas condições, comparecendo todo dia ao Planalto, por que Maluf não poderia passar férias numa colônia penal, como diria Jorge Benjor?
QUASE INVÁLIDO – Houve também quem se compadecesse ao ver as imagens de Maluf trôpego, usando muleta e sendo apoiado por agentes federais. Mas era tudo encenação. Maluf nunca foi visto de muleta na Câmara, onde usava uma discreta bengala e se movimentava por todo canto, sem a menor dificuldade.
Nos aeroportos de Congonhas e Brasília, jamais foi visto embarcando ou desembarcando em cadeira de rodas, que é obrigatória para passageiros com problemas de mobilidade, que têm de sentar sempre na primeira fila.
FILMAGENS REVELADORAS – Quando foi se apresentar às autoridades, as televisões filmaram Maluf andando até o carro e entrando pela porta traseira, sem ajuda de ninguém. E a muleta estava dentro do veículo. Além disso, ele calçava sapatos sociais pretos, e quem tem problemas para caminhar sempre usa tênis ou sapatos especiais, com sola de borracha, para não escorregar.
Ao sair do carro, na Polícia Federal, Maluf mal podia ficar em pé, usava a muleta e pedia ajuda a quem estivesse próximo, como se realmente não conseguisse andar. Foi um quadro capaz de causar compaixão e até revolta ao brasileiro cordial. Mas era só uma impactante encenação. Por seu desempenho, Maluf até faz por merecer o Oscar de Ator Coadjuvante, pelo menos.
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