Donald
Trump escandalizou a esquerda com seu discurso na ONU. Lá, não fez nada
demais: apenas promoveu ideias conservadoras clássicas. Artigo de Marc Thiessen, ex-redator dos discursos de Trump, publicado no The Washington Post (aqui, via Gazeta do Povo):
Quando
Donald Trump era candidato à presidência, ele criticou as políticas
intervencionistas dos seus antecessores Republicanos e Democratas,
criando um temor de que ele criaria uma nova era de isolacionismo
norte-americano. Mas na ONU, essa semana, Trump apresentou uma visão
claramente conservadora para uma liderança global americana baseada no
princípio da soberania nacional.
Julgando
os críticos da esquerda por suas reações histéricas, eles parecem temer
que o presidente siga os mesmos passos de George W. Bush. A Senadora
Dianne Feinstein falou que o discurso foi “bombástico”. A representante
democrata Barbara Lee disse que ele representa uma “abdicação de
valores”. Hillary Clinton disse que era “obscuro” e “perigoso”. Essa é a
crítica liberal padrão ao internacionalismo conservador. A esquerda
dizia a mesma coisa sobre o presidente Ronald Reagan.
Em Nova
York, Trump convidou outras nações responsáveis a se juntarem aos EUA no
que chamou de “praga” composta de “um pequeno grupo de regimes que… não
respeitam nem seus cidadãos nem o direito a soberania de seus países”.
Essa missão pode ser cumprida, segundo Trump, se reconhecermos que “os
estados nação continuam sendo o melhor veículo para elevar a condição
humana”.
Ele está
certo. O comunismo e o fascismo não foram derrotados pelas Nações
Unidas, e instituições globais não alimentaram drasticamente a expansão
da liberdade e prosperidade humanas no último quarto de século, desde o
colapso da União Soviética. O que inspirou e possibilitou a disseminação
da paz, da democracia e das liberdades individuais foi a projeção de
poder dos países democratas, comandados pelos EUA.
É isso
que precisamos hoje - e o que Trump prometeu em seu discurso. Ele
relança sua política internacional “America First” (EUA Primeiro) não
como uma chamada ao isolacionismo, mas como uma chamada para a liderança
global das nações responsáveis. Ele abraça o Plano Marshall - o esforço
massivo dos EUA para apoiar a recuperação da Europa no pós-guerra. E
declara que “se os justos não confrontarem os poucos malvados, o mal vai
triunfar” porque “quando as pessoas e as nações decentes se tornam
observadores da história, as forças da destruição juntam mais poder”.
Trump
continuou no tema da soberania para desafiar os grandes adversários
americanos, a China e a Rússia, insistindo que “devemos rejeitar as
ameaças à soberania vindas da Ucrânia ao Mar da China Meridional”.
O
presidente tinha também uma mensagem para a Coreia do Norte. Ele se
referiu ao líder do país, Kim Jong Un, como “Rocket Man” (Homem Foguete)
e disse que Kim “está em uma missão suicida para si mesmo e seu
regime”. Ele deixou claro que os EUA “têm muita força e paciência, mas
que se forem forçados a defender a si ou seus aliados, não terão outra
escolha senão eliminar a Coreia do Norte”. Essa mensagem deixou algumas
pessoas balançadas, mas esse era o objetivo. Durante a Guerra Fria,
líderes soviéticos realmente acreditavam que Reagan estava se preparando
para a guerra e que faria o primeiro ataque. Essa crença é um dos
motivos pelos quais uma guerra cataclísmica nunca aconteceu.
Se
esperamos evitar uma guerra com a Coreia do Norte hoje, o regime de
Pyongyang deve ser levado a acreditar que Trump está, como disse na ONU,
“pronto, desejoso e capaz” de agir militarmente. Seu tom pesado não era
direcionado apenas a Pyongyang, mas também para a China e outros países
cuja cooperação é necessária para espremer o regime coreano e achar uma
solução pacífica. Essas palavras devem ser seguidas de passos concretos
para deixar claro que são sérias e que a Coreia do Norte não pode
ameaçar cidades americanas de aniquilação nuclear.
Trump se
posicionou ao lado da moralidade na política internacional, defendendo
explicitamente aqueles que buscam liberdade ao redor do mundo. Ele
prometeu apoiar “o sonho constante dos cubanos de viverem em liberdade”.
Ele declarou também que “regimes opressivos não resistirão para sempre”
e acusou o regime iraniano de mascarar “uma ditadura corrupta com guias
falsas de democracia”. Ofereceu apoio, porém, aos “bons iranianos que
querem uma mudança”. Ele falou ainda sobre “o regime criminoso de Bashar
al-Assad” na Síria, cujo “uso de armas químicas contra os próprios
cidadãos, incluindo crianças inocentes, choca a consciência de qualquer
pessoa decente”.
O melhor
momento do presidente foi quando chamou atenção para o que chamou de
“ditadura socialista” de Nicolás Maduro, declarando que “o problema na
Venezuela não é que o socialismo foi mal implementado, mas que o
socialismo foi fielmente implementado”. Trump prometeu ajudar os
venezuelanos a “reconquistar a liberdade, retomar seu país e restaurar
sua democracia”.
Esse é o
clássico internacionalismo conservador: uma defesa vigorosa da
liberdade, um desafio arriscado para ditadores perigosos e um
comprometimento ao princípio de paz pela força. Não é à toa que os
críticos de esquerda de Trump ficaram tão incomodados.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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