por Aninha Franco/ CORREIO
“Quem
foi que inventou o Brasil?” Perguntou Lamartine Babo na marchinha
História do Brasil, respondendo no próximo verso: “Foi seu Cabral, no
dia vinte e um de abril, dois meses depois do carnaval”. Parece que
esse Brasil que o Cabral navegante “inventou”, em 21 de abril, acabou. E
que todos os outros Brasis, o do caluniado Makunaíma, o de Peri e o de
Ceci, e o de cada um de nós, todos acabaram. Recentemente, o historiador
Marco Villa pediu outros intérpretes para esclarecer o Brasil
contemporâneo, porque Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Câmara
Cascudo, Euclides da Cunha já não dão conta. E mesmo Chico Buarque,
filho de Sérgio Buarque, que explicou ao Brasil um Brasil dos Anos 1970
e, nos 2000, lamentou o fim de sua gentileza, também já não explica mais
nada, apenas que a gentileza brasileira acabou.
Neste Brasil deselegante, o homônimo do
Cabral navegante foi condenado a 45 anos de prisão em regime fechado por
corrupção. As penas de outros processos do ex-governador do RJ podem
chegar a 500 anos – quase a idade do país -, penas que Cabral não
conseguirá cumprir porque é mortal, mas que merece pelo que cometeu
contra o Estado, vítima de Garotinho, preso, vítima de Rosinha
Garotinho, vítima de Benedita da Silva, vítima de Pezão, eleitos e não
vigiados por um sistema político sinistro. A cúmplice e esposa de Sérgio
Cabral foi condenada a 18 anos em regime fechado, como ele. As regalias
universitárias dos dois terminam com a condenação. Condenados, eles
conviverão com criminosos sem diplomas, possivelmente menos perigosos
que eles. Esperemos que eles não os pervertam.
Sérgio Cabral, que saqueou o Estado do Rio
como se não houvesse amanhã, era, conforme discurso do ex-presidente
Lula, em 2007, um dos três meninos de ouro da política brasileira, ao
lado do governador eleito na Bahia, Jaques Wagner, e do governador
eleito em Pernambuco, Eduardo Campos. De lá pra cá, a política
brasileira, a nova e a velha, correm juntas da Polícia Federal e da Lava
Jato, fugindo à responsabilidade pela deterioração física e mental do
Brasil não-interpretável.
Mas
as pesquisas sugerem que, em 2018, estaremos diante de Lula e Bolsonaro
para conduzir o Brasil até 2022, como fomos submetidos a Lula e Collor
em 1989. Em 1989, fomos coagidos a usar nossa obrigação de eleger o
presidente da república, alguns pela primeira vez, diante das opções de
Lula e Collor em segundo turno. Collor venceu, caiu em seguida e a
história nos presenteou com um político honesto do PMDB, Itamar Franco,
que estabilizou a moeda e quando passou a faixa presidencial a FHC,
entregou-lhe um relatório detalhado sobre a corrupção no governo
federal, resultado de 10 meses de trabalho da Comissão Especial de
Investigação, a CEI, explicando a atuação da corrupção nos ministérios e
empresas estatais, consumindo 40% de tudo que o Estado administrava,
numa sangria de trilhões de reais que corroía a democracia do país.
FHC extinguiu a CEI 15 dias depois de
tornar-se presidente, o que eu jamais entendi, porque a extinção explica
muito do que está acontecendo agora. Começo a entender a extinção
inexplicável assistindo FHC defender Lula, seguidamente, em casos
indefensáveis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário