Gilberto Carvalho, o
ex-seminarista que jamais decorou a segunda parte do Salve Rainha e
virou coroinha de missa negra, é a caixa-preta que esconde, entre outros
pecados mortais, os cometidos pelo PT em Santo André. Pois o guardião
dos segredos que envolvem o assassinato do prefeito Celso Daniel tem
mais chances de virar papa do que tem Lula de continuar em liberdade.
Mesmo assim, os armazéns de secos, molhados e pesquisas eleitorais
continuam tratando Lula como candidato a presidente, acima e à margem
das leis. Começando pela Lei da Ficha Limpa.
É mais fácil um José
Dirceu arrepender-se do que fez e pretende fazer, e chorar lágrimas de
esguicho sentado no meio-fio como na imagem esplêndida de Nelson
Rodrigues, do que um corrupto condenado a 9 anos e meio de cadeia (por
enquanto) sobreviver ao tiroteio de uma campanha presidencial, municiado
por cataratas de revelações ainda sigilosas. Antonio Palocci já mostrou
seu poder destrutivo com uma pequena amostra das tenebrosas transações
em que Lula se meteu. Mesmo assim, os camelôs de porcentagens fazem de
conta que o demagogo agonizante lidera sem sobressaltos a corrida que só
terminará em novembro de 2018.
Um candidato
rejeitado por mais de 50% do eleitorado tem tantas chances de vencer uma
disputa eleitoral quanto tem Dilma Rousseff de fabricar uma frase com
começo, meio e fim ─ e sem assassinar o erre final do verbo no
infinitivo. Mas os feirantes que oferecem estatísticas ao gosto do
freguês camuflam em gráficos miúdos a informação essencial: ultrapassa
metade do total a demasia de eleitores que não votarão em Lula de jeito
nenhum.
O combate à corrupção
tem catacumbas mais urgentes a sanear. Mas não vai demorar o dia em que
o Brasil decente terá o prazer de acompanhar, de camarote, a devassa
dos institutos de pesquisa que tratam os brasileiros como se fôssemos um
bando de idiotas.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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