Por FolhaPress
A defesa do presidente Michel Temer estuda questionar a legalidade dos
depoimentos de delatores da Odebrecht, incluindo o do ex-presidente da
empreiteira Marcelo Odebrecht, ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Segundo a reportagem apurou, a depender do teor desses depoimentos, a
ideia é argumentar que os ex-executivos da empresa foram chamados a
falar ao TSE somente após o vazamento ilegal do conteúdo da delação de
Cláudio Melo filho, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht.
A
expectativa é que os delatores confirmem ao TSE a versão de Melo Filho
que, em colaboração com a força-tarefa da Lava Jato, disse que, em 2014,
durante um jantar no Palácio do Jaburu com a presença de Temer e do
hoje ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, ficou acertado o pagamento
de R$ 10 milhões para a campanha do PMDB daquele ano. Caso esses
executivos apresentem dados novos que possam complicar a situação de
Temer, a defesa do presidente pode pedir nulidade dos depoimentos.
Com essa estratégia, auxiliares de Temer pretendem postergar a ação no
tribunal que julga abuso de poder econômico da chapa formada pelo
peemedebista e pela ex-presidente Dilma Rousseff, o que poderia
acarretar na cassação do mandato do presidente.
O discurso no Planalto é que o processo deverá ser julgado apenas em
2018, visto que as provas contra a chapa "são frágeis" e, por isso,
ainda serão necessárias medidas como pedidos de novas testemunhas e
perícias.
Como revelou a Folha de S.Paulo na semana passada, os advogados de
Temer estudam apresentar "contraprovas", como novas oitivas de pessoas
mencionadas na ação, para adiar ainda mais o desfecho do julgamento.
Auxiliares de Temer esperam que o processo seja postergado, inclusive,
para depois de outubro deste ano, quando se encerra o mandato do relator
da ação no TSE, ministro Herman Benjamin, que será substituído por
outro ministro.
Além dele, em abril e maio, o presidente poderá indicar dois novos
magistrados para o tribunal, quando se encerram os mandatos de Henrique
Neves da Silva e Luciana Lóssio, respectivamente.
Caso a ação seja julgada somente em 2018, ao invés de uma eleição
indireta para presidente da República, o pleito do ano que vem seria
antecipado em alguns meses.
DEPOIMENTOS - Nesta quarta-feira (1º), o ex-presidente e herdeiro do
grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, depôs como testemunha no processo do
TSE contra a chapa Dilma-Temer. Ele falou ao ministro Herman Benjamin, e
seu depoimento está em sigilo, a pedido da PRG (Procuradoria-Geral da
República).
Enquanto o sigilo da delação da Odebrecht no âmbito da Lava Jato não
for levantado, o teor do que disse Marcelo à Justiça Eleitoral também
não poderá ser revelado.
Além do ex-presidente da empreiteira, falarão ao TSE Benedicto Barbosa
da Silva Junior, o BJ, Fernando Reis, Alexandrino Alencar e Claudio Melo
Filho.
Como a Folha revelou em dezembro, Marcelo Odebrecht confirmou a versão
de Melo Filho em depoimentos a procuradores da Lava Jato sobre o jantar
no Jaburu, mas não detalhou a operacionalização do dinheiro que, de
acordo com Melo filho, foi feita por Padilha.
Segundo o ex-executivo, o hoje ministro pediu que parte dos recursos
fosse entregue no escritório de José Yunes, assessor e amigo de Temer,
em São Paulo. Na semana passada, Yunes afirmou em depoimento à PGR que
foi um "mula involuntária" de Padilha.
A defesa de Temer nega qualquer irregularidade e diz que a arrecadação
de recursos ao PMDB naquele ano foi feita de maneira legal e registradas
no TSE. Naquele ano, em que Temer concorreu a vice-presidente na chapá
de Dilma, o PMDB recebeu R$ 11,3 milhões da Odebrecht e da Braskem.
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