MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

PCC faz chantagem e extorsão às famílias dos detentos para dominar as prisões


Famílias pagam à PCC para evitar a execução dos  presos
Thiago Herdy
O Globo
Organização no controle de presos da maior parte do sistema carcerário de Roraima, o Primeiro Comando da Capital (PCC) obriga seus membros a pagarem R$ 70 todos os sábados a lideranças da facção que estão dentro da Penitenciária Agrícola Monte Cristo (Pamc). Outros R$ 450 mensais devem ser pagos do lado de fora da cadeia às mulheres dos integrantes do chamado “Conselho dos 13”, responsáveis pela direção do grupo em Roraima, contou ao Globo uma pessoa que atua na unidade, sob condição de anonimato.
A morte de 33 presos da unidade na madrugada da última sexta-feira é atribuída a uma tentativa de demonstração de força da facção, que quis dar uma resposta à chacina de 56 presos em Manaus, no primeiro dia do ano, a maioria integrantes do PCC.
Em troca do pagamento na unidade de Roraima e da adesão à facção, o PCC promete assistência jurídica, apoio e segurança aos familiares dos presos. O futuro de quem não é “batizado” pela facção é ainda mais incerto. O Pamc tem 1,4 mil detentos.
FALA O PROMOTOR — “Esta organização criminosa se desenvolve diante da omissão e das falhas do Estado. Além de segurança, até droga eles oferecem para arregimentar presos” — diz o promotor Marco Antônio Azeredo, que atua no combate ao crime organizado e viu o número de “batizados” pelo PCC no estado explodir nos últimos anos (ao menos 400 membros estariam identificados pelos investigadores).
Nesta segunda-feira, Azeredo criticou declarações do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que, no dia seguinte ao massacre em Roraima, disse que a situação estava “sob controle” e que não se tratava de guerra de facções: “Foi vergonhoso o que ele falou, porque o problema que estamos lidando não é estadual, é nacional. Se as vítimas (da chacina) não são de uma facção criminosa, isso não significa que a motivação não seja a atuação das organizações. Está claro o que ocorreu aqui” — disse o promotor.
Investigações do Ministério Público em Roraima apontam que a ação do PCC no estado foi estruturada pelo telefone por um preso detido no Paraná, Ozélio de Oliveira, conhecido como “Sumô”. Ele participou do sequestro do irmão do cantor Zezé de Camargo, e enviou um pedaço da orelha do rapaz à família para forçar o pagamento de resgate. A apuração também identificou Diego Mendes de Andrade, o Taylor, como braço-direito de Ozélio, mesmo estando preso na Penitenciária Federal de Mato Grosso do Sul.
OUTRAS TAREFAS – Quem não paga à organização mensalmente acaba obrigado a cumprir outras tarefas, como receber drogas e recrutar “ovelhas” para a organização. O não cumprimento de tarefas pode resultar em pena de morte para os integrantes do grupo em Roraima, muitas vezes durante fugas forjadas pela facção para este fim, segundo investigação do Ministério Público.
Azevedo disse considerar “paliativa” a transferência de presos do PCC para presídios federais. Ele lembrou que pelo menos duas dezenas chefes da organização foram transferidas, sem resolver o problema. “Se eu transfiro um líder agora, como já aconteceu antes, no outro dia um novo detento será eleito para essa vaga” — disse.
Na segunda-feira, o promotor criticou, ainda, a decisão da Justiça de conceder prisão domiciliar a 161 presos que estão cumprindo pena em regime semiaberto. “O Estado não tem controle (do seu sistema prisional). Tanto é que você tem uma decisão de soltar 161 presos, por quê? Por que não tem condições de controlar eles lá dentro. E ainda botam a sociedade à mercê desse tipo de gente”.
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