Por Redação Bocão News
A
delação do ex-diretor de relação institucionais da Odebrecht, Cláudio
Melo, têm um capítulo dedicado ao ex-ministro-chefe da Secretaria de
Governo Michel Temer, Geddel Vieira Lima (PMDB). O depoimento narra o
relógio dado ao cacique peemedebista da Bahia em seu aniversário de 50
anos. O “mimo”, avaliado em R$ 25 mil, veio acompanhando de uma carta
assinada por Emílio Odebrecht, Marcelo Odebrecht e pelo próprio Cláudio
Melo.
“Compramos um relógio Patek-Philippe, modelo Calatrava, que foi enviado juntamente com um cartão assinado por Emílio Odebrecht, Marcelo Odebrecht e eu. A compra se deu na loja Grifith em São Paulo e foi efetivada pelo escritório de Brasília. Estamos tentando providenciar a Nota Fiscal da compra”.
Melo continua: através dele (Geddel), me aproximei mais de Moreira Franco (apesar do parentesco distante) e Eliseu Padilha, que compunham o núcleo político do PMDB liderado pelo Presidente Michel Temer. Em outras palavras, a confiança que Geddel Vieira Lima depositava na interlocução comigo teve papel fundamental para estreitar a minha relação com Moreira Franco e Eliseu Padilha, que passaram a me enxergar como um importante interlocutor com a Odebrecht, o que permitiria a eles obter mais recursos financeiros.
Cláudio Melo demonstra ter sido próximo ao ex-ministro de Temer ao descrever o temperamento de Geddel. “A força política de Geddel Vieira Lima sempre foi manifestada de maneira mais forte no Estado da Bahia. Eu o considerava um político local. De temperamento duro e arredio, mas com grande capacidade de percepção e raciocínio, conseguiu se manter vivo e atuante durante todo o período do Carlismo, do qual ele era considerado o inimigo número 1”.
Ainda em sua colaboração, o ex-diretor da Odebrecht atribui o crescimento do peemedebista à aliança de 2006 que fez com o então candidato ao governo do estado Jaques Wagner. “A sua aliança política com o candidato Jacques (sic) Wagner, no pleito de 2006, catapultou Geddel para o plano nacional. Tornou-se ministro e começou a exercer ainda mais força na Bahia, fortalecendo o PMDB local, tendo elegido seu irmão Lúcio Vieira Lima Deputado Federal e se preparando para saltos maiores. Também em Brasília, continuou com sua cadeira cativa no PMDB Nacional”.
Leia trechos da delação sobre Geddel.
“Em 2014, Geddel se colocava como candidato desde o início do ano, no intuito de anular Paulo Souto (DEM) e trazê-lo, junto com ACM Neto, para sua base de apoio. Quando Paulo Souto decidiu ser candidato, contrariando o desejo de Geddel ser o candidato da oposição, fato que o excluiria do certame, Geddel recorreu a mim, para que usasse a força da empresa no sentido de reverter essa decisão. Apesar dos esforços que foram feitos, Geddel acabou recuando e foi candidato ao Senado na chapa de Paulo Souto”.
“Apesar dos pagamentos frequentes, Geddel sempre me disse que poderíamos ser mais generosos com ele. Ele insistentemente alegava que nunca efetivamente demos a ele o que ele acreditava representar. Geddel sempre me dizia que se considerava um “amigo da empresa” e que isso precisava ser mais bem refletido financeiramente. Ele se comparava com outros políticos adversários do Estado, como Jacques Wagner e Paulo Souto, e reclamava por achar que estes recebiam pagamentos mais elevados do que ele. Sempre me considerei próximo de Geddel e usava isso para me qualificar juntos aos políticos a ele vinculados – especificamente Eliseu Padilha, Moreira Franco e Michel Temer. Por outro lado, eu defendia vigorosamente as suas solicitações de pagamento junto à Odebrecht, como retribuição”.
“Eu fazia isso principalmente por acreditar que ele poderia em algum momento vir a ser governador. Acredito que, quando foi ministro da Integração e perdemos a concorrência para o lote na transposição do Rio São Francisco, ele poderia ter nos dados mais atenção, pois chegamos a pedir uma reavaliação administrativa. Contudo, apesar de tê-lo avisado e pedido uma atenção especial para o tema, ele preferiu nada fazer. Utilizamos a negativa de apoio dele em nosso favor. Isso porque, em troca da postura da empresa de não questionar judicialmente a decisão administrativa dele, o DS e o DC responsáveis me pediram que levasse a Geddel demanda de projetos já em curso atrelados a verbas cuja liberação passava pelo Ministério da Integração, conforme relato mais à frente”.
“Como eu era o principal contato de Geddel dentro da empresa, também tratei, ao longo dos anos, de assuntos referentes a pagamentos a pretexto de campanha eleitoral, os quais passo agora a narrar: No ano de 2006, a pedido de Geddel, foram realizados pagamentos por meio de contribuições oficiais e também pagamentos não declarados via Caixa 2. Os pagamentos realizados em 2006 atingiram a monta de R$ 1.000.000,00 aproximadamente. Em 2008, quando Geddel era Ministro da Integração, a pedido do DS João Pacífico, solicitei uma reunião com ele e o DC Ariel Parente, que apresentou a obra Tabuleiros Litorâneos e solicitou, com a minha presença, a liberação de recursos para a obra. O Ministro ouviu o pleito e disse que iria encaminhar o assunto. Assim, em razão do meu pedido e esperando contrapartida financeira, Geddel determinou que os pagamentos por parte do Ministério da Integração ocorressem efetivamente para quitação de faturas dos serviços realizados. Não precisei pressionar Geddel para que os pagamentos ocorressem, pois ele receberia uma contrapartida financeira assim que as faturas fossem quitadas, o que por si só já o motivava”.
“Posteriormente, fui informado pelo DS João Pacífico de que seria possível o pagamento no valor equivalente a 3% (três por cento) dos valores repassados pelo Ministério da Integração para a obra Tabuleiros Litorâneos. Transmiti isso a Geddel, que concordou com a oferta e liberou os pagamentos pendentes em nosso favor. Valendo-se do pleito que havia solucionado, durante a campanha de 2008 para a prefeitura de Salvador, o Ministro Geddel Vieira Lima me solicitou nova ajuda financeira. Falei com o DS João Pacifico que autorizou que os pagamentos fossem feitos. Cheguei a comentar com João Pacífico que, se a contribuição não fosse feita, poderia prejudicar a liberação dos recursos da obra, que ainda poderiam correr. Repassei as informações sobre os pagamentos para o então ministro”.
“Na mesma época, existiam outros temas de interesse da Odebrecht, à época liderados por João Pacífico no Município de Salvador, politicamente ligados ao grupo partidário de Geddel Vieira Lima. Existiam especificamente contratos celebrados com o Município de Salvador. Assim como ocorreu com o caso da obra de Tabuleiros Litorâneos, também participei de reuniões com Geddel Vieira Lima a respeito especificamente do contrato denominado TMS, atrelado à prefeitura de Salvador/BA”.
“A pedido de Geddel, recomendei a João Pacífico que realizasse pagamento a este agente político no período em que ocorria a disputa para a Prefeitura de Salvador/BA (nesse caso Geddel apoiava o então prefeito João Henrique). Não tenho dado de corroboração sobre esse tema, mas é possível que o DS João Pacífico os possua. Durante a disputa de Geddel Vieira Lima ao cargo de Governador da Bahia na campanha de 2010, a pedido de Geddel, solicitei e ocorreu um pagamento entre R$ 1,0 e 1,5 milhão em 2010. O valor foi autorizado e repassado a ele em Salvador pela Área de Operações Estruturadas”
“Compramos um relógio Patek-Philippe, modelo Calatrava, que foi enviado juntamente com um cartão assinado por Emílio Odebrecht, Marcelo Odebrecht e eu. A compra se deu na loja Grifith em São Paulo e foi efetivada pelo escritório de Brasília. Estamos tentando providenciar a Nota Fiscal da compra”.
Melo continua: através dele (Geddel), me aproximei mais de Moreira Franco (apesar do parentesco distante) e Eliseu Padilha, que compunham o núcleo político do PMDB liderado pelo Presidente Michel Temer. Em outras palavras, a confiança que Geddel Vieira Lima depositava na interlocução comigo teve papel fundamental para estreitar a minha relação com Moreira Franco e Eliseu Padilha, que passaram a me enxergar como um importante interlocutor com a Odebrecht, o que permitiria a eles obter mais recursos financeiros.
Cláudio Melo demonstra ter sido próximo ao ex-ministro de Temer ao descrever o temperamento de Geddel. “A força política de Geddel Vieira Lima sempre foi manifestada de maneira mais forte no Estado da Bahia. Eu o considerava um político local. De temperamento duro e arredio, mas com grande capacidade de percepção e raciocínio, conseguiu se manter vivo e atuante durante todo o período do Carlismo, do qual ele era considerado o inimigo número 1”.
Ainda em sua colaboração, o ex-diretor da Odebrecht atribui o crescimento do peemedebista à aliança de 2006 que fez com o então candidato ao governo do estado Jaques Wagner. “A sua aliança política com o candidato Jacques (sic) Wagner, no pleito de 2006, catapultou Geddel para o plano nacional. Tornou-se ministro e começou a exercer ainda mais força na Bahia, fortalecendo o PMDB local, tendo elegido seu irmão Lúcio Vieira Lima Deputado Federal e se preparando para saltos maiores. Também em Brasília, continuou com sua cadeira cativa no PMDB Nacional”.
Leia trechos da delação sobre Geddel.
“Em 2014, Geddel se colocava como candidato desde o início do ano, no intuito de anular Paulo Souto (DEM) e trazê-lo, junto com ACM Neto, para sua base de apoio. Quando Paulo Souto decidiu ser candidato, contrariando o desejo de Geddel ser o candidato da oposição, fato que o excluiria do certame, Geddel recorreu a mim, para que usasse a força da empresa no sentido de reverter essa decisão. Apesar dos esforços que foram feitos, Geddel acabou recuando e foi candidato ao Senado na chapa de Paulo Souto”.
“Apesar dos pagamentos frequentes, Geddel sempre me disse que poderíamos ser mais generosos com ele. Ele insistentemente alegava que nunca efetivamente demos a ele o que ele acreditava representar. Geddel sempre me dizia que se considerava um “amigo da empresa” e que isso precisava ser mais bem refletido financeiramente. Ele se comparava com outros políticos adversários do Estado, como Jacques Wagner e Paulo Souto, e reclamava por achar que estes recebiam pagamentos mais elevados do que ele. Sempre me considerei próximo de Geddel e usava isso para me qualificar juntos aos políticos a ele vinculados – especificamente Eliseu Padilha, Moreira Franco e Michel Temer. Por outro lado, eu defendia vigorosamente as suas solicitações de pagamento junto à Odebrecht, como retribuição”.
“Eu fazia isso principalmente por acreditar que ele poderia em algum momento vir a ser governador. Acredito que, quando foi ministro da Integração e perdemos a concorrência para o lote na transposição do Rio São Francisco, ele poderia ter nos dados mais atenção, pois chegamos a pedir uma reavaliação administrativa. Contudo, apesar de tê-lo avisado e pedido uma atenção especial para o tema, ele preferiu nada fazer. Utilizamos a negativa de apoio dele em nosso favor. Isso porque, em troca da postura da empresa de não questionar judicialmente a decisão administrativa dele, o DS e o DC responsáveis me pediram que levasse a Geddel demanda de projetos já em curso atrelados a verbas cuja liberação passava pelo Ministério da Integração, conforme relato mais à frente”.
“Como eu era o principal contato de Geddel dentro da empresa, também tratei, ao longo dos anos, de assuntos referentes a pagamentos a pretexto de campanha eleitoral, os quais passo agora a narrar: No ano de 2006, a pedido de Geddel, foram realizados pagamentos por meio de contribuições oficiais e também pagamentos não declarados via Caixa 2. Os pagamentos realizados em 2006 atingiram a monta de R$ 1.000.000,00 aproximadamente. Em 2008, quando Geddel era Ministro da Integração, a pedido do DS João Pacífico, solicitei uma reunião com ele e o DC Ariel Parente, que apresentou a obra Tabuleiros Litorâneos e solicitou, com a minha presença, a liberação de recursos para a obra. O Ministro ouviu o pleito e disse que iria encaminhar o assunto. Assim, em razão do meu pedido e esperando contrapartida financeira, Geddel determinou que os pagamentos por parte do Ministério da Integração ocorressem efetivamente para quitação de faturas dos serviços realizados. Não precisei pressionar Geddel para que os pagamentos ocorressem, pois ele receberia uma contrapartida financeira assim que as faturas fossem quitadas, o que por si só já o motivava”.
“Posteriormente, fui informado pelo DS João Pacífico de que seria possível o pagamento no valor equivalente a 3% (três por cento) dos valores repassados pelo Ministério da Integração para a obra Tabuleiros Litorâneos. Transmiti isso a Geddel, que concordou com a oferta e liberou os pagamentos pendentes em nosso favor. Valendo-se do pleito que havia solucionado, durante a campanha de 2008 para a prefeitura de Salvador, o Ministro Geddel Vieira Lima me solicitou nova ajuda financeira. Falei com o DS João Pacifico que autorizou que os pagamentos fossem feitos. Cheguei a comentar com João Pacífico que, se a contribuição não fosse feita, poderia prejudicar a liberação dos recursos da obra, que ainda poderiam correr. Repassei as informações sobre os pagamentos para o então ministro”.
“Na mesma época, existiam outros temas de interesse da Odebrecht, à época liderados por João Pacífico no Município de Salvador, politicamente ligados ao grupo partidário de Geddel Vieira Lima. Existiam especificamente contratos celebrados com o Município de Salvador. Assim como ocorreu com o caso da obra de Tabuleiros Litorâneos, também participei de reuniões com Geddel Vieira Lima a respeito especificamente do contrato denominado TMS, atrelado à prefeitura de Salvador/BA”.
“A pedido de Geddel, recomendei a João Pacífico que realizasse pagamento a este agente político no período em que ocorria a disputa para a Prefeitura de Salvador/BA (nesse caso Geddel apoiava o então prefeito João Henrique). Não tenho dado de corroboração sobre esse tema, mas é possível que o DS João Pacífico os possua. Durante a disputa de Geddel Vieira Lima ao cargo de Governador da Bahia na campanha de 2010, a pedido de Geddel, solicitei e ocorreu um pagamento entre R$ 1,0 e 1,5 milhão em 2010. O valor foi autorizado e repassado a ele em Salvador pela Área de Operações Estruturadas”
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