O Globo
A ex-primeira-dama do estado do Rio Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador Sérgio Cabral, foi transferida na noite desta terça-feira para o presídio Joaquim Ferreira, no Complexo Penitenciário de Bangu. Ela permaneceu calada, na Superintendência da Polícia Federal, no centro do Rio, acompanhada de advogados e do enteado e secretário estadual de Esportes, Marco Antonio Cabral. Antes de ser levada a Bangu, onde Cabral também está preso, Adriana passou no Instituto Medico-Legal (IML) para exame de corpo de delito.
Acusada de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa pela força-tarefa da Lava-Jato no Rio, a advogada se apresentou na tarde desta terça-feira na 7ª Vara Federal do Rio, onde corre o processo contra ela e o marido. A advogada teve o mandado de prisão preventiva expedido pelo juiz Marcelo Bretas. Também nesta terça-feira, Cabral, Adriana e mais 11 pessoas viraram réus na Lava-Jato.
AO SOM DE VIOLINOS – Depois de procurar por Adriana no escritório dela no centro do Rio, a Polícia Federal foi à casa dela no Leblon, onde ela também não foi encontrada. Muitos curiosos se aglomeraram nas proximidades do edifício, com celulares em mãos para tentar documentar a prisão. Muitos gritaram “ladra” e”chegou a sua hora”. Ao som de dois violinos, os manifestantes cantaram o Hino Nacional. Os violinistas tocaram, ainda, uma canção do filme Titanic, segundo o blog Gente Boa.
Entre os motivos para que a Justiça Federal aceitasse um novo pedido de prisão contra a advogada pelo Ministério Público — dois anteriores já haviam sido negados — estão contratos do escritório Ancelmo Advogados com empresas que receberam durante a gestão Cabral benefícios fiscais do governo fluminense e a suspeita de que ela estaria dando prosseguimento às práticas de corrupção e lavagem de dinheiro uma vez que não teria entregue todas as joias compradas pelo casal aos investigadores.
FORMAÇÃO DE QUADRILHA – “A requerida, advogada de grande prestígio no meio forense, não está sendo investigada pela prática de atos que ela teria cometido no exercício de função pública, e sim por participar de uma grande Organização Criminosa que, como apontam as investigações, teria se instalado na sede do Governo do Estado do Rio de Janeiro, a partir do então Governador do Estado Sérgio Cabral, seu marido”, diz trecho da decisão do magistrado (leia a íntegra).
O escritório de Adriana Ancelmo arrecadou, em contratos com 40 clientes nos últimos oito anos (2008-2015), conforme dados obtidos pelo Globo, R$ 78 milhões. Os investigadores suspeitam de uma conexão entre os bilionários benefícios fiscais concedidos pelo governo Cabral — cerca de R$ 140 bilhões em renúncia entre 2008 e 2013 — e estes contratos. Figuram na lista de clientes da ex-primeira-dama a Telemar, a CSN, a Light, a Reginaves, o Metrô, a Brasken e a Unimed, entre outras favorecidas pelos benefícios.
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