Na edição de segunda-feira, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, apresenta a proposta para que o PSDB adote o sistema americano e realize eleições internas para escolha do candidato da legenda à sucessão presidencial de 2018. Com isso, praticamente anunciou que vai disputar a indicação contra Aécio Neves e José Serra, os dois outros candidatos potenciais do partido. Isso de um lado. De outro, Alckmin revela não participar da expectativa de a Justiça Eleitoral vir a anular as eleições de 2014 e convocar novo pleito dentro de 90 dias. Tampouco não cogita da hipótese (remota) de a Justiça Eleitoral anular a vitória da chapa Dilma-Temer e colocar a faixa nas mãos do segundo colocado nas urnas.
Propondo as prévias tucanas, o governador paulista deixou claro que também não integra o grupo favorável à tentativa de impeachment da presidente da República. Tanto assim que enfatizou eleições internas, estilo dos EUA, para escolha do candidato às eleições de 2018. Em política não há iniciativa que deixe de produzir reflexos. Aliás, na política só, não. Na vida, de modo geral.
Vale acentuar, quanto ao impedimento, que, se tal ocorresse, Eduardo Cunha assumiria a presidência da República e convocaria eleições diretas dentro de três meses. Mas surge uma dificuldade adicional: quarta-feira, 2 de março, o Supremo Tribunal Federal vai apreciar se inicia ou não o processo proposto pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente da Câmara por seu envolvimento no plano da corrupção que abalou a Petrobrás, o governo o país. Existe a possibilidade de o STF concluir por seu afastamento do cargo.
PARTE DO PMDB
É verdade, ainda na esfera do impeachment que uma parte do PMDB joga na queda de Dilma Rousseff e na ascensão de Michel Temer. Mas não deverá alcançar os dois terços dos votos exigidos para abertura desse processo na Câmara. Sobretudo porque a corrente de Geraldo Alckmin, com a proposta de eleições internas, deixou transparente sua posição contrária. Alckmin preferia as urnas de 2018. E urnas em 2018 correspondem à sucessão de Dilma Rousseff no prazo constitucional previsto. Mas esta é outra questão.
Paralelamente à tempestade que envolve o Planalto, tornando-se mais densa com a saída do ministro José Eduardo Cardozo, antecipada na edição de segunda-feira pela repórter Vera Rosa, O Estado de São Paulo, o Datafolha divulgou nova pesquisa sobre a sucessão de 2018, reportagem de Graciliano Rocha, também a 20 de fevereiro, na qual Aécio neves lidera com 24 pontos, Lula em segundo com 20, Marina Silva em terceiro com 19%. A rejeição a Lula subiu, embora o percentual de intenção de votos destinado a ele não tenha diminuído em relação ao levantamento anterior. O quadro então, permaneceu estável?
Nem tanto. A leitura dos números revela que as candidaturas contrárias à de Luis Inácio da Silva somam 43% do eleitorado. Ele fica em 20. O Datafolha incluiu também Ciro Gomes. O ex-governador do Ceará registrou a parcela de 5%. Os quais podem ser acrescentados ao cenário das oposições. Não é boa a situação pré-eleitoral de Lula.
Daí, pode logicamente piorar, dependendo do desfecho do caso levantado pelo Ministério Público Federal em torno de Guarujá e Atibaia. Política é algo acentuadamente dinâmico. Os painéis mudam a todo instante. As paisagens também, em consequência.
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