Pouca experiência e autoconhecimento pode atrapalhar empresários jovens.
Especialista aponta a importância de buscar mentores e fazer pesquisas.
Alexandre Muller, de 24 anos, e Danilo Roselli, de 26, criaram um negócio próprio em 2014 (Foto: Divulgação)
Danilo Roselli, de 26 anos, e Alexandre Muller, de 24, sabem disso na
prática. Eles criaram em 2014 uma empresa com o objetivo de estimular o
empreendedorismo entre os jovens, com competições semanais entre
universidades. A receita da empresa, a Ideation Brasil, vem de
patrocinadores, além de uma taxa simbólica que os participantes pagam.
A gente vai no setor comercial das empresas e as pessoas perguntam: ‘você é o estagiário?’"
Danilo Roselli, 26 anos, da Ideation Brasil
Outro exemplo é o de Pedro Renan e Carmelo Queiroz, de 26 anos, que fundaram em 2011 a Logovia, um site de criação de logotipos. Eles conseguiram atrair investimentos e hoje tocam o negócio após fundir a empresa com a (até então) principal concorrente, a We Do Logos – o que a empresa aponta como “fusão milionária”, embora não revele valores sobre o negócio.
“Eu não tinha a ilusão de que empreender seria fácil, que ia ficar rico da noite para o dia. Mas também não sabia que seria tão difícil. O risco foi absurdo”, lembra Pedro.
Carmelo Queiroz e Pedro Renan (de óculos), têm 26 anos e fundaram a própria empresa há 4. (Foto: Divulgação)
Veja abaixo os principais desafios para empreender antes dos 30 anos e
também algumas dicas para ajudar a superá-los, elaboradas por pela
especialista Alessandra Andrade, coordenadora do Centro de
Empreendedorismo da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), com
complementos de Pedro e Danilo.Ela aponta que é possível contornar esses obstáculos. "Você vai conhecendo os meandros de cada mercado e vai percebendo o que gosta mesmo ou não."
"Muitas vezes quando a gente vai no setor comercial das empresas, nas reuniões, as pessoas perguntam: 'você é o estagiário?'. Já aconteceu em uma reunião em um banco, que era mais formal. Mas a gente encara numa boa."
Alessandra pondera que esse pensamento pode ser arriscado. Para a especialista, tudo é questão de equilíbrio. "Não estar em risco não significa não estar comprometido", diz.
"Pessoas que não têm que arcar com a própria estrutura familiar muitas vezes vão já diretamente empreender, porque ainda têm amparo para o caso de alguma coisa dar errado. Tudo na vida como vale como experiência. Mas nunca se pode pensar em abrir uma empresa achando que ela vai dar errado. Se você começar com essa mentalidade, a empresa com certeza vai dar errado."
Pedro Renan conta que esse foi seu caso. "A gente começou em Fortaleza. Vimos que não éramos capazes de fazer aquilo sozinhos. Fomos buscar ajuda na faculdade, com consultoria. Até que a gente participou do programa de uma aceleradora em São Paulo, que provia networking e estrutura."
Almocei macarrão com salsicha por 6 meses. Foi uma época de muita resiliência, mas acreditava no projeto"
Pedro Renan, da Logovia
O programa previa que a aceleradora fizesse um investimento na empresa e se tornasse sócia dela, além de oferecer estrutura de trabalho por seis meses.
Depois desse período, os empresários conseguiram encontrar um investidor anjo para o negócio. "Foi um momento de guinada, a gente cresceu 200% em 6 meses", lembra o Pedro, acrescentando que em seguida conseguiram mais um aporte.
"Quando você tem dinheiro quer fazer tudo, contratar, fazer todas as ações publicitárias do mundo, ter um escritório legal. Em algum momento você se perde", aponta. "A gente foi aprendendo muito nesse processo."
Pedro conta que errou em alguns pontos do planejamento, incluindo até suas finanças pessoais antes de começar a empreender. "Hoje, eu falo para todo mundo que eu faria tudo de novo, só que obviamente eu teria feito algumas coisas diferentes. Entre elas seria ter uma reserva financeira maior antes de começar, talvez eu deveria ter demorado um pouquinho mais para sair do emprego."
Pedro Renan conta que a internet foi uma aliada importante no início da Logovia, em 2011. "Na faculdade a gente não conseguiu ajuda. Na época ninguém sabia direito o que era startup, negócio online. Era tudo muito novo", lembra. "Aí na internet a gente ouviu falar de incubadora, investidor anjo, aceleradora etc."
Alessandra afirma que esse recurso é "fundamental". "A troca de experiência é completamente válida. O que os jovens precisam se antenar é que às vezes o mentor pode estar na sua própria casa, pode ser seu pai, seu tio. Você não precisa participar de um programa específico que te indique um mentor", diz.
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