Correio Braziliense
A combinação de desemprego em alta, inflação próxima de 10% e juros apontando para cima será regada à recessão. É possível que o Produto Interno Bruto (PIB) caia mais 3% em 2016. Na vida real, porém, a retração será muito maior. O resultado do PIB estará contaminado pelo impacto positivo do setor externo, que só está ocorrendo por causa da recessão. Como as importações desabaram muito mais que as exportações, o saldo positivo na balança comercial cria um efeito estatístico distorcido. O que importa, de verdade, é a queda da demanda interna. E essa derreteu pelo menos 7% em 2015 e deve encolher cerca de 5% no ano que vem.
Em meio a tudo isso, os brasileiros terão que viver com uma renda igual ou inferior à que se viu em 2010. Trata-se de um retrocesso sem precedentes em pelo menos três décadas. Por isso, muitos especialistas já trabalham com um quadro de convulsão social nos próximos meses. As ruas deverão ser tomadas, principalmente, pelas classes de menor renda, que estão vendo conquistas importantes se esvaindo.
Nem mesmo o Bolsa Família será suficiente para amenizar o mal-estar. Das transferências realizadas pelo governo às camadas mais pobres da população, ao menos 80% vão para a compra de alimentos. E esses, de tão caros, estão desaparecendo das mesas de muitos lares.
SEM TERRORISMO
Não há nenhum terrorismo em se traçar esse quadro. Essa é a realidade que nos aguarda. O governo acredita — assim como acreditou com Joaquim Levy — que o novo ministro da Fazenda será o salvador da pátria, uma “surpresa positiva”, como diz Dilma. Desejo e realidade, no entanto, não andam juntos no Brasil comandado pela petista. Até porque a presidente insiste em empurrar a economia para a beira do precipício.
Resta torcer para, quando 2017 chegar, que ainda estejamos de pé. A travessia será árdua, mas o Brasil já deu grandes demonstrações de que é capaz de superar adversidades. Nem Dilma Rousseff será capaz de impedir isso. Ela conseguirá, no entanto, tornar a vida de todos mais difícil. Será o preço a pagar pelo fato de as urnas, mesmo que com pequena diferença, terem lhe garantindo mais quatro anos de mandato.
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