MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 27 de dezembro de 2015

Dyogo Oliveira, um novo cidadão acima de qualquer suspeita


Oliveira é investigado pela “venda” de Medidas Provisórias
Carlos Newton
Exatamente como acontece no roteiro do célebre filme de Elio Petri, em que as evidências de autoria de crime são desconsideradas nas investigações, também no governo Dilma Rousseff existe um desprezo absoluto pelos “malfeitos” dos companheiros. A presidente da República se comporta como se o simples fato de a pessoa ser petista já seria suficiente para eximi-la de qualquer culpa.
Foi assim com o atual governador mineiro Fernando Pimentel, por exemplo. Recorde-se que na época em que surgiu o escândalo da “consultoria” de Pimentel, que recebia vultosos pagamentos sem prestar os serviços a importantes clientes, como a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, Dilma Rousseff fez questão de mantê-lo no Ministério do Desenvolvimento, sob a justificativa de que os “malfeitos” foram cometidos antes de assumir o cargo no governo, vejam que desculpa esfarrapada, como se dizia antigamente.
O resultado foi catastrófico. O ministro contratou a própria amante Carolina Oliveira para assessorar o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que a ele era subordinado, um vexame sexual explícito. Apaixonado, Pimentel acabou largando a família para se casar com Carolina, e os dois se meteram em tantas maracutaias que acabaram ganhando uma operação exclusiva da Polícia Federal para investigá-los – a operação Acrônimo.
Mas Dilma parece que não aprende nunca. Não satisfeita com a experiência do favorecimento a um meliante vulgar como Pimentel, ela acaba de nomear mais um cidadão acima de qualquer suspeita, desta vez para ocupar a Secretaria-Executiva do Ministério da Fazenda.
OPERAÇÃO ZELOTES
Reportagem do Estadão, assinada por Andreza Matais e Fausto Macedo, revela que Dyogo Henrique Oliveira, substituto direto de Nélson Barbosa no Ministério da Fazenda, é alvo da Operação Zelotes, que apura esquema de compra de medidas provisórias nos governos Lula e Dilma. O Ministério Público Federal pediu em outubro as quebras dos sigilos bancário e fiscal dele entre 2008 e 2015, o que teria sido autorizado pela Justiça Federal, segundo investigadores. O processo tramita sob sigilo.
“Atual número 2 do Ministério do Planejamento, Oliveira é citado na investigação como possível elo, no governo federal, dos lobistas suspeitos de “comprar” medidas provisórias. As provas já colhidas apontam que os lobistas tinham contatos no Palácio do Planalto e em ao menos dois ministérios para, supostamente, tratar da edição das normas, que concederam incentivos fiscais a montadoras de veículos”, diz a reportagem, acrescentando:
“Oliveira era secretário-adjunto de Direito Econômico do Ministério da Fazenda em 2009 e 2011, quando foram discutidas, editadas e aprovadas as MPs 471 e 512, que estão sob suspeita de “encomenda” e que ampliaram o prazo de incentivos fiscais dados à montadoras de veículos instaladas no Norte, Nordeste e Centro Oeste.
NAS ANOTAÇÕES DO LOBISTA
Dyogo Oliveira é citado em anotações do lobista Alexandre Paes dos Santos, o APS, nas quais registrava dados sobre a negociação das normas. Num dos trechos, ele anotou “Diogo/José Ricardo”, seguido de “Secretaria de Política Econômica” e “SPE”. Num documento de 2011, a Marcondes e Mautoni Empreendimentos, empresa que teria atuado na compra das MPs, também registra uma reunião com Dyogo entre 28 e 31 de março.
Os lobistas Mauro Marcondes e Alexandre Paes dos Santos estão presos e já foram denunciados por envolvimento no esquema. Marcondes também é investigado pelo repasse de R$ 2,6 milhões a uma empresa de Luís Claudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula no mesmo período da edição de MPs de interesse do setor automotivo.
SALÁRIO DE 60 MIL
Segundo o jornalista Antônio Temoteo, do Correio Braziliense, o novo secretário- executivo da Fazenda Dyogo Oliveira já foi designado para ocupar um assento no Conselho de Administração do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A vaga foi aberta com saída de Joaquim Levy do governo. O ex-ministro recebia R$ 14.486,25 de jeton para participar de uma reunião mensal no Rio de Janeiro, com todas as despesas pagas. E este valor se somará aos R$ 30 mil de salário na Fazenda e aos R$ 15,9 mil que Oliveira recebe mensalmente do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) para não fazer absolutamente nada…

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