MEDIÇÃO DE TERRA

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quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Tribunal confirma sentença de prisão de Berlusconi por fraude na Itália


Teme-se que decisão provoque crise na frágil coalizão que governa país.
Berlusconi negou envolvimento e reafirmou que sofre perseguição.

Do G1, em São Paulo

 
Chefe de Justiça Antonio Esposito lê o veredicto do julgamento. O tribunal da Itália manteve a sentença de prisão contra o ex-primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi.  (Foto: Alessandro Di Meo/Reuters)Tribunal de Cassação da Itália confirmou sentença de prisão de Berlusconi nesta quinta (1º) (Foto: Alessandro Di Meo/Reuters)
O Tribunal de Cassação da Itália confirmou a sentença de prisão do ex-premiê italiano Silvio Berlusconi por fraude fiscal.
Os cinco juízes da suprema corte italiana rejeitaram a apelação do magnata no chamado caso Mediaset.
"Il Cavaliere" foi condenado por fraude fiscal na aquisição de direitos de transmissão para seu império audiovisual, o grupo Mediaset, entre 2000 e 2003.
A pena de quatro anos, reduzidos para um ano por conta de uma anistia, havia sido imposta por um tribunal inferior.
Em vídeo mensagem, Berlusconi reafirmou que se considera inocente e disse que sofre de "perseguição política".
Essa é a primeira condenação definitiva de Berlusconi em pelo menos duas dezenas de julgamentos por acusações que vão de fraude fiscal a sexo com uma prostituta menor de idade.
Ele sempre acabava sendo favorecido pela prescrição.
Apesar da condenação, ele não deve ir preso por conta de sua idade avançada, 76 anos.
O tribunal de cassação também ordenou uma revisão judicial da decisão de banir Berlusconi durante cinco anos da vida pública, imposta no mesmo julgamento.
A leitura da sentença foi pronunciada depois de mais de sete horas de deliberações a portas fechadas.
Centenas de jornalistas de todo o mundo aguardavam durante horas sob um sol escaldante em frente ao Palácio de Justiça, enquanto Berlusconi estava em sua mansão em Roma junto com seus conselheiros mais próximos.
Toda a área em torno de sua residência particular, o palácio Grazioli, foi isolada, inclusive aos pedestres, para evitar manifestações.
Berlusconi foi condenado por aumentar artificialmente o preço dos direitos de transmissão de filmes, comprados por empresas de fachada de sua propriedade e vendidos à Mediaset. Esse sistema permitia ao grupo reduzir os lucros na Itália e pagar menos impostos. Calcula-se que o fisco tenha deixado de receber cerca de 7 milhões de euros.
Seus advogados tentaram salvar Berlusconi nesta quarta e provar que, na época, ele não era o responsável direto pelo seu império televisivo.
Temor de crise
Políticos da Itália estão em xeque diante de um veredicto que pode causar uma crise na instável coalizão entre esquerda e direita do governo de Enrico Letta e repercutir em toda a zona do euro. Há o temor de que Berlusconi retire o apoio ao governo, apesar de ele ter prometido que não faria isso.
Berlusconi, um bilionário magnata da mídia que foi por quatro vezes primeiro-ministro italiano, diz ser implacavelmente perseguido por juízes esquerdistas que tentam "subverter a democracia" desde que ele entrou para a política em 1994.
O primeiro-ministro, Enrico Letta, líder do PD, maior força do governo, vai encontrar sérias dificuldades para explicar ao seu eleitorado que governa ao lado de uma pessoa condenada pela justiça por fraude fiscal.
Letta pediu nesta quarta que os italianos tenham serenidade e respeitem a justiça.
"Pelo bem do país, é necessário agora que, incluindo no âmbito do legítimo debate interno das forças políticas, o clima de serenidade (...) faça prevalecer o interesse da Itália", disse Letta em um comunicado.
Alguns setores do PD querem aproveitar a oportunidade para derrubar o governo do líder moderado, acusado de fazer muitas concessões à direita, e pressionam por uma volta às urnas.
Já Berlusconi manteve uma prudência pouco comum, evitou criticar os magistrados, como faz normalmente, e repetiu em várias ocasiões que não pensava em retirar o apoio ao governo de coalizão, caso fosse condenado.
O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, pediu que o país "mantenha a calma".
"O país precisa redescobrir a serenidade e a coesão sobre questões institucionais muito importantes, que por muito tempo o dividiram e impediram a realização de reformas", disse em comunicado.
Ele afirmou que, até agora, houve um clima mais "respeitoso e calmo" que o existente nos julgamentos anteriores envolvendo Berlusconi e acrescentou: "Acho que isso é positivo para todos".
Nitto Palma, que foi ministro da Justiça no último governo de Berlusconi, disse que o PDL, partido do ex-premiê, ficou "amargo" com a decisão, mas que a sentença não vai afetar o governo Letta.
Berlusconi em foto desta sexta-feira (29) (Foto: Tiziana Fabi/AFP)Berlusconi em 29 de março (Foto: Tiziana Fabi/AFP)

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