Parlamentar também é investigado por suposto uso indevido de carro oficial.
Acusado deve entrar com mandado de segurança para voltar ao cargo.
O
vereador Sílvio Ferracin Fernandes (PV) é acusado de usar bermudas
durante o expediente da Câmara Municipal (Foto: Silva Junior/Jornal A
Cidade)
O presidente da Câmara Municipal de Pitangueiras (SP), Sílvio Ferracin
Fernandes (PV), é alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
instaurada no Legislativo para apurar suposta quebra de decoro
parlamentar e uso indevido de veículo oficial. O vereador, que pode ter
até o mandato cassado, foi acusado de circular pelas dependências da
Câmara Municipal de bermudas. Ele foi afastado do cargo durante a sessão
na última terça-feira (23).A denúncia partiu de um motorista da Prefeitura que prestava serviço para a Câmara Municipal. Fernandes confirma que já apareceu no prédio de bermudas, mas alegou que nunca compareceu a nenhuma sessão com a peça de roupa.
"Estou no meu primeiro mandato. Sou professor de educação física e tenho uma academia que fica logo abaixo da Câmara. Às vezes me chamam durante o dia para assinar documentos. Em ocasiões desse tipo eu subo no prédio de bermuda. No entanto, não há nenhum regimento interno que proíba o uso em horário extra-oficial", disse.
Em relação ao uso indevido de carro oficial, o motorista teria acusado Fernandes e o vice-presidente da Câmara, Carlito Nunes Barroso (PSDB) - também afastado -, de utilizarem o veículo para almoçar em um shopping em Ribeirão Preto (SP) durante um congresso realizado no município.
O presidente afastado explica que foi até o shopping porque o evento não oferecia almoço. "Participamos do congresso o dia todo. Além do Carlito, havia outro vereador. O motorista que nos denunciou, inclusive, é quem estava dirigindo o veículo. Fomos ao shopping almoçar. Gastamos 1h16min lá. Temos nossos comprovantes de pagamento do almoço", justificou.
"O motorista sempre foi funcionário da Prefeitura, mas era emprestado para a Câmara Municipal. Quando assumimos, observamos que ele recebia horas extras sem trabalhar por isso. Então notificamos a administração municipal de que ele não estava trabalhando em regime de hora extra. Depois disso ele foi afastado da Câmara e voltou a trabalhar somente na Prefeitura", explicou.
Na próxima semana, presidente e vice devem entrar com um mandado de segurança no Ministério Público para tentar garantir a volta ao Legislativo. "Eu e o Carlito fomos os mais votados em Pitangueiras. Juntos, somamos quase dois mil votos. No dia da sessão, a Câmara ficou lotada e havia cerca de 500 pessoas do lado de fora. Todos estavam revoltados com o nosso afastamento. Vamos entrar com esse mandado para que possamos voltar à Câmara e continuar nosso trabalho", disse.
Outro lado
Procurado pelo G1, o motorista da Prefeitura Hiraldo Leone, que fez a denúncia, não foi encontrado. Já o prefeito de Pitangueiras, João Batista de Andrade (PSDB), informou, em nota, que estava "por fora do assunto" e que não queria opinar, pois não se envolve com os assuntos da Câmara.
O G1 também tentou entrar em contato com o vereador Paulo Ataide Lago (PRB), membro da CPI que investiga as acusações contra Fernandes e Barroso. O parlamentar, no entanto, não atendeu às ligações da reportagem.
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