População dos municípios afetados terá água na torneira dia sim, dia não; estiagem, que é a pior dos últimos 40 anos, afeta vários Estados do Nordeste
LAURIBERTO BRAGA, ESPECIAL PARA O ESTADO, FORTALEZA - O Estado de S.Paulo
A Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) anunciou
ontem a adoção de racionamento de água a cada 24 horas, a partir da
semana que vem, em pelo menos 30 municípios cearenses castigados pela
pior seca dos últimos 40 anos no Nordeste.A reunião que decidiu pelo racionamento foi comandada pela Agência Nacional de Águas (ANA), que, a pedido da presidente Dilma Rousseff, vem debatendo o assunto nos Estados nordestinos. O encontro, que serviu para avaliar os sistemas de abastecimento em todo o Ceará, teve a participação do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), do Serviço Ecológico do Brasil, Fundação Nacional de Saúde, Secretaria de Desenvolvimento Agrário e Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos do Ceará.
O racionamento será por tempo indeterminado.
Segundo o Comitê Integrado de Combate à Seca do Estado, o nível de armazenamento de água no Ceará hoje está abaixo de 25% da capacidade. Nas cidades onde haverá racionamento, a Cagece informou que vai orientar para um consumo responsável, com restrições ao fornecimento.
A proposta aprovada é que o racionamento funcione em ciclos de 24 horas - um dia com água e outro sem, sucessivamente. A restrição no fornecimento de água tratada vai atingir de imediato os moradores das zonas urbanas de cidades da Região dos Inhamuns e do Sertão Central.
Outras localidades também estão sob ameaça de racionamento, como a região metropolitana de Fortaleza. Ontem, quase 3 milhões de usuários já ficaram sem abastecimento em Fortaleza, Maracanaú, Eusébio e parte de Caucaia, para que a Cagece pudesse executar serviços de manutenção na estação de tratamento que abastece essas quatro cidades.
A população foi orientada a reservar água em baldes para as atividades domésticas. Durante a suspensão do abastecimento, a Cagece pede que a água seja consumida de forma racionada.
Problema regional. O cenário é semelhante em outros Estados nordestinos. A estiagem está afetando a produção de gado - estima-se perda de 20% do rebanho por causa da seca - e de mandioca para fabricação de farinha e goma para tapioca, muito utilizada na culinária regional.
A produção de farinha de mandioca no Nordeste caiu mais de 50%, o que levou a um aumento de 100% do preço do produto em comparação com o ano passado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário