MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 1 de abril de 2023

Esquerda queima a imagem de Roberto Campos Neto na fogueira santa do 'amor'

 

BLOG  ORLANDO  TAMBOSIU

Até aqui, só tivemos espuma ideológica, gritaria e conspiracionismo vulgar, o que gera apenas mais desacerto e confusão. Guilherme Macalossi para a Gazeta do Povo:


No maior ato de rua promovido até aqui contra a política monetária, as centrais sindicais e outros movimentos de esquerda acharam por bem tacar fogo numa imagem de Roberto Campo Neto. A foto do presidente do Banco Central estava colada a um papelão em formato de cavalo, em uma alusão ao Cavalo de Troia. Empapada de líquido inflamável, um manifestante se aproximou da imagem e acendeu um isqueiro, fazendo-a arder na fogueira santa de amor progressista.

Os fanáticos deliram achando que a decisão do BC de manter a taxa de juros em 13,75% tem o propósito de inviabilizar o governo Lula, e que Campos Neto atua mancomunado com Jair Bolsonaro. É inequívoco que o cerco político promovido pelo Planalto, e coordenado a partir das críticas feitas pelo próprio Lula, vão criando um clima de ódio que, agora, se verifica nas ruas por meio da ação de militantes.

Qual o significado implícito de queimar a imagem de uma pessoa? O que se pretende com isso? Ninguém pode negar que há nessa ação uma simbologia, e que levada ao extremo pode gerar ações objetivas eventualmente criminosas. Ninguém no governo ou nas esquerdas condenou o que se viu na Paulista. E isso serve como um apito de cachorro de que tal comportamento é bem-vindo. Até que alguém ache por bem tocar fogo no Campos Neto em pessoa.

A decisão de manter o atual índice da Selic foi, como as demais, técnica. Há fatores conjunturais relevantes, para além das teorias conspiratórias de sindicalistas e quejandos. Ainda antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), o Federal Reserve havia anunciado a elevação dos juros americanos em 0,25%. É possível iniciar um ciclo de baixa da taxa de juros no Brasil ignorante de que o ciclo de alta no mundo desenvolvido ainda não acabou?

Há evidências contundentes de que o aumento generalizado de preços nas cadeias produtivas ainda não foi estancado. É só observar os núcleos de inflação. Para além disso, o Brasil vivencia outros condicionantes próprios que deveriam despertar atenção e serem devidamente combatidos. O economista Aod Cunha, que já ocupou a Secretaria da Fazenda do Rio Grande do Sul, aponta alguns: histórico de inflação alta, alto volume de crédito direcionado, riscos legais, carga tributária, concentração bancária, dentre outros.

O governo Lula também ainda não apresentou sua nova regra fiscal. Ficará para depois da viagem para a China – que acabou adiada. Até aqui, só tivemos espuma ideológica, gritaria e conspiracionismo vulgar, o que gera apenas mais desacerto e confusão. A continuidade da Selic no atual patamar não foi para afrontar o governo, mas serviu para reafirmar a independência funcional do Banco Central, que não se permitiu dobrar ante a pressão política do lulopetismo, que agora parece disposto até mesmo a intimidar com piras e fogueiras.
Postado há por

Nenhum comentário:

Postar um comentário