MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 25 de setembro de 2022

Credores da Itapemirim tentam barrar falência

 

POLITICA LIVRE
economia

Um grupo de credores estrangeiros da Itapemirim, com quem a empresa tinha uma dívida de US$ 16 milhões (R$ 83 milhões) quando mudou de mãos —ao passar da família Cola para o empresário Sidnei Piva, em 2017—, está empenhado em barrar a falência da empresa na Justiça. Eles devem entrar com pedido de suspensão do processo na segunda-feira (26).

A insolvência do grupo foi decretada na quarta-feira (21) pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Decisão assinada pelo juiz João de Oliveira Rodrigues Filho, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais, determinou a mudança do processo de recuperação judicial, ao qual o grupo estava submetido desde 2016, para falência.

As dívidas tributárias da companhia de transportes rodoviários somam cerca de R$ 2,8 bilhões. Estima-se que as demais dívidas, com bancos, investidores, fornecedores e empregados, estejam entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões.

É nesse grupo que está a gestora Queluz, que representa os investidores que, em 2006, concederam um empréstimo de US$ 45 milhões, fruto da emissão de um título de dívida no exterior. A dívida foi sendo paga até a chegada de Piva ao comando da Itapemirim, quando a empresa já estava em recuperação judicial.

“É uma longa e triste história”, diz John Schulz, sócio da Queluz. “Em 2019, Piva fez um acerto conosco: iria vender algumas propriedades e levantar, pelo menos, US$ 8 milhões, a metade do que tínhamos a receber. Nós aceitamos receber a metade do que era devido, com medo de ficarmos sem receber nada”, afirma o executivo.

Em vez de pagar ao grupo, porém, Piva teria usado parte dos recursos para criar a ITA (Itapemirim Transportes Aéreos). A companhia, lançada em junho do ano passado, encerrou suas atividades seis meses depois, em dezembro, deixando milhares de consumidores sem voar e sem receber reembolso, até hoje.

Como não cumpriu o acordo com os credores, a dívida voltou ao patamar de US$ 16 milhões. Piva foi afastado do comando da Itapemirim, que está a cargo da EXM Partners, administradora do processo de recuperação judicial do grupo. Foi a EXM quem pediu, em julho, a falência da Itapemirim, sob o argumento de que o processo de recuperação judicial não estava sendo cumprido, e os credores continuavam sem receber.

“Mas agora, com essa decisão inesperada, de falência da companhia, apenas quatro meses depois que uma consultoria, a Transconsult, apoiada pelos credores, iniciou o trabalho na Itapemirim, para identificar alternativas para o pagamento das dívidas, corremos o risco de ficar sem receber absolutamente nada”, diz Schulz.

Curiosamente, o juiz decretou a falência do grupo, mas determinou que fosse aceita a proposta da Suzantur (Transportadora Turística Suzano Ltda.), que se dispõe a arrendar, pelo prazo de 12 meses, renovável por igual período, todas as linhas, guichês, marcas e parte dos imóveis operacionais da Itapemirim.

“É algo completamente bizarro”, diz Schulz. “Como a Justiça determina que a empresa entre em falência, porque seu patrimônio foi dilapidado, mas seus ativos podem ser arrendados? Não seria prudente esperar que a Transconsult tivesse tempo hábil para identificar alternativas para o pagamento da dívida e as apresentasse à Justiça e aos credores?”, questiona o executivo, que afirma ainda não saber como surgiu a proposta da Suzantur. “É completamente ilógico.”

A reportagem entrou em contato com Sidnei Piva, mas não obteve resposta até a conclusão deste texto.

Daniele Madureira/Folhapress

Nenhum comentário:

Postar um comentário