Atingindo a artéria mais importante do corpo, a doença tem uma série de fatores de risco que incluem colesterol alto e hipertensão
Por Lily Menezes
Quando se pensa em aneurisma, o que vem à cabeça? A variante cerebral é sem dúvida a mais conhecida, mas existe outra manifestação de início silencioso e tão perigosa quanto: o aneurisma de aorta, que leva pelo menos dez pessoas para o hospital todos os dias no Brasil, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV). Em 2022, 42 pessoas já morreram no Nordeste em decorrência do rompimento da protuberância que interfere no funcionamento da aorta, artéria que vai do coração até o abdome e leva sangue a todo o corpo - é a maior e mais importante do sistema vascular.
Assim como a doença cerebral, o aneurisma de aorta pode passar batido para o paciente, por conta da ausência de sintomas. Em alguns casos, há dor em torno do abdome. Com isso, os acometidos podem acabar descobrindo o coágulo perto do seu rompimento. Especialistas em angiologia confirmam que a pandemia de Covid-19 contribuiu para um atraso ainda maior no diagnóstico, visto que a população se viu na necessidade de adiar exames e consultas preventivas. O grande problema é que a rapidez no rastreamento é essencial para reverter os danos e dar uma maior qualidade de vida ao paciente.
“Muitos problemas vasculares não apresentam sintomas e a rotina de consultas clínicas é essencial para descobri-los de forma preventiva, aumentando as chances de bons resultados nos tratamentos e até de cura. O aneurisma da aorta é um exemplo que sugere a importância do acompanhamento clínico regular. Tendo em vista seu caráter quase sempre assintomático, o diagnóstico se torna mais comum durante a investigação de outras doenças paralelas”, alertou o Dr. Júlio Peclat, angiologista e presidente da Sociedade.
O aneurisma de aorta pode se manifestar de duas formas: torácica ou abdominal. O diagnóstico diferencial é feito através de exames de imagem, como tomografia computadorizada, ultrassonografia, raio-x ou ressonância magnética. “A pesquisa rotineira dos aneurismas pode beneficiar homens de idade avançada, principalmente os tabagistas. Outros exames como a angiotomografia e a angioressonância são capazes de dar o diagnóstico e também o detalhamento anatômico necessário para a definição de uma estratégia de tratamento cirúrgico”, salientou o cirurgião vascular Mateus Borges. Mudanças no estilo de vida, como a adoção de uma alimentação balanceada e a prática de exercícios físicos, podem ajudar a afastar dois fatores cruciais para o surgimento do coágulo: o colesterol alto e a hipertensão.
Histórico familiar e outras comorbidades, como a Doença Pulmonar ObstrutA conduta médica a ser adotada depende do histórico do paciente e tamanho da protuberância. Se estiver nos estágios iniciais, o monitoramento clínico ajuda a conter o avanço. Em casos mais graves, é preciso fazer uma intervenção cirúrgica. Na Bahia, 93 pessoas já passaram por procedimentos hospitalares através do SUS. Um dos tratamentos disponíveis é o endovascular, onde uma placa metálica chamada stent é colocada na área da aorta comprometida pelo aneurisma, para evitar sua ruptura e aumentar a sobrevida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário