O curta YÃMÎ YAH-PÁ (Fim da Noite, na língua Tukano) é o primeiro trabalho de ficção do diretor Vladimir Seixas e estreia mundialmente na noite de abertura do Festival de Cinema de Gramado, às 20h de sábado (12). A produção é o primeiro curta de ficção da produtora Couro de Rato e integra a Mostra Competitiva de Curtas-Metragens Brasileiros. O curta acompanha uma mulher indígena (Rosa Peixoto) solitária e de luto, em um mundo pós-apocalíptico, enquanto busca pela antiga aldeia na floresta e compartilha memórias.
Rosa Peixoto (Róri Pa'kó, nome indígena), única atriz do curta, é natural de Iauaretê – Rio Uaupés – Amazonas, e pertence à etnia Tariano do Terceiro Clã Dyroa. A produção é toda falada em Tukano -
língua com mais de sete mil falantes no Brasil e que acaba de se tornar
oficial no estado do Amazonas com mais 15 outras línguas indígenas.
"O
encontro com Rosa foi fundamental para definir questões do roteiro e
juntos entendermos que a história deveria ser narrada na língua Tukano,
na qual ela é fluente. Juntamos os poucos recursos próprios da nossa
produtora Couro de Rato, e saímos para filmar em locações que mostrassem
o mundo literalmente devastado”, conta o diretor e roteirista do curta, Vladimir Seixas.
Entre
as locações escolhidas, estão o famoso Hotel Esqueleto, em São Conrado
(RJ), os Lençóis Maranhenses (MA), uma igreja submersa em Petrolândia
(PE), a Ponte Quebrada, localizada em Barra de São João (RJ), nos
bairros fantasmas de Maceió (AL) atingidos pela mineração, entre outras,
como mercados e escolas vazios.
Segundo
Vladimir Seixas, o filme "YÃMÎ YAH-PÁ (Fim da Noite)" foi pensado
durante um período sombrio, uma longa noite que atravessou a ascensão do
fascismo no Brasil e a pandemia de Covid-19. A história foi tomando
forma a partir de memórias de quatro viagens à Amazônia, para outros
trabalhos, em que passou semanas convivendo com indígenas em uma aldeia
Munduruku, no médio Tapajós.
"As
lembranças dos povos da floresta me fizeram imaginar que, mesmo se o
nosso mundo desmoronasse, a vida continuaria resistindo na floresta", relembra, e completa: "Com
o roteiro finalizado, convidei amigos do audiovisual, que também foram
impactados em várias dimensões pela pandemia, para criar a história e
falar desse momento difícil. Sabia que poderia servir também como uma
catarse para nós. Era como um grito que dizia ‘enfim, sobrevivemos e
estamos filmando!’. E agora estamos em Gramado!".
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