As fintechs ainda encontram muitas barreiras para o seu crescimento
Foto: DivulgaçãoAs fintechs estão revolucionando a forma como as pessoas lidam com os serviços financeiros e ampliando as ofertas disponíveis para os consumidores, no mundo inteiro. No Brasil, o cenário não é diferente: o Fintech Mining Report 2019 apontou a existência de 550 fintechs no país, sendo que 21% delas pertencem ao mercado de meios de pagamento, um dos nichos antes monopolizados por grandes empresas e bancos do país.
Ainda em 2019, refletindo a expansão do setor, o Softbank criou o primeiro fundo de investimentos voltado para a América Latina. Além disso, diversas fintechs passaram por grandes rounds de investimento – um dos mais famosos foi o do brasileiro Nubank, que arrecadou aproximadamente $400 milhões em uma rodada liderada pelo fundo TCV e seguido por nomes como Tencent e Sequoia Capital.
O EY Global Fintech Adoption Index 2019 também traz alguns números de uso que comprovam o crescimento da popularidade das fintechs, globalmente. Por exemplo, 75% dos consumidores em todo o mundo as utilizam para realizar pagamentos ou transferências financeiras, e 58% das pequenas e médias empresas utilizam os serviços bancários ou de pagamentos das fintechs.
Mesmo com um cenário tão favorável e com tantas oportunidades em vista – vide a população não-bancarizada do país, que chega em 45 milhões de brasileiros, segundo o Instituto Locomotiva – as fintechs ainda encontram muitas barreiras para o seu crescimento, Neste texto, trouxemos quais são os maiores desafios dessas empresas:
População sem inclusão tecnológica
Os números
relativos à inclusão tecnológica estão melhorando no país – a pesquisa
TIC Domicílios, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o
Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), divulgou que 70% da
população brasileira já está conectada.
Foram 126,9 milhões de
pessoas utilizando a rede de forma regular em 2018, e metade da
população rural e das classes C e D já possuem acesso à internet. Ainda
assim, a aquisição de novas tecnologias pode ser bem cara para essa
parte dos brasileiros, o que dificulta também o acesso aos serviços
financeiros.
Obrigações regulatórias
Fazer parte do
ecossistema de fintechs significa ter alinhamento com as leis que
regulam o mercado financeiro e, também, com outras possíveis
regulamentações que incidam sobre os produtos e serviços oferecidos pela
empresa.
Para atender à pressão crescente de estar em conformidade, é
preciso ter conhecimento sobre todo o cenário regulatório e normas como
a AML, a resolução nº 4.753 ou, ainda, a LGPD, além de possuir um time
dedicado que vá garantir o cumprimento de todos os compliances
necessários.
Uso inteligente de dados
As fintechs estão
descobrindo novas ferramentas para explorar e manusear dados. Exemplo
disso é que o blockchain tem sido cada vez mais utilizado em projetos de
instituições financeiras para a realização de operações seguras.
Um
dos desafios crescentes em relação a esse tema é a forma como as
empresas usam esse volume crescente de informações, com vários aspectos
éticos e legais envolvidos, pensando sempre em como não ultrapassar os
limites de privacidade do consumidor.
Se não pensarem em formas
inteligentes e compliant para a utilização de dados, as empresas estão
arriscando levar grandes prejuízos financeiros e a perda de sua
reputação para casa.
Muitas fintechs começam a rodar sem ter uma
estratégia de marketing definida para a aquisição de clientes, o que
pode levar a perdas de grandes quantias de dinheiro com ações que não
trarão resultado.
Por isso, é necessário que a empresa tenha
objetivos, metas e budget bem delimitados para a área – assim, fica mais
fácil experimentar e realizar testes de forma controlada, sempre
analisando os dados para decidir quais formatos e estratégias devem ser
mantidos.
Competição com grandes players do mercado
Além de
concorrerem com as centenas de fintechs já existentes no país, as
entrantes nesse mercado também enfrentam o desafio de competir com
organizações financeiras já estabelecidas, que contam com uma extensa
base de dados de seus clientes, facilitando o desenvolvimento e oferta
de novos produtos e serviços financeiros.
Uma outra tendência tem
preocupado as novas fintechs: empresas de tecnologia que estão se
aventurando pelo mundo dos serviços financeiros, como o grupo GAFA
(Google, Amazon, Facebook, Apple). Para superar esse obstáculo, as
fintechs precisam conhecer muito bem o seu público-alvo – muitas delas,
inclusive, têm feito parcerias com organizações financeiras consolidadas
como forma de oferecer soluções inovadoras que cheguem aos seus
consumidores.
Desenvolver soluções inovadoras para certos nichos de mercado
O
desenvolvimento de soluções inovadoras é não somente um diferencial
para as fintechs, como também seu mecanismo de defesa frente à acirrada
competição do mercado.
Por isso, essas novas empresas podem olhar
para nichos de mercado que, usualmente, são dispensados pelas demais
instituições financeiras, como as pessoas que não conseguem mais abrir
contas ou realizar empréstimos por estarem com seus nomes negativados.
Segundo
dados do Serasa Experian, o número de inadimplentes bateu o recorde de
63 milhões em março de 2019, o maior registrado desde o início da série
histórica. Então, um dos desafios que caberia às fintechs seria
descobrir novas formas de facilitar o acesso ao crédito e soluções
financeiras para essa parcela da população.
Fonte: Karina Menezes
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