Mônica Bergamo e Julia Chaib
Folha
A informação de que o apoio do PSOL à candidatura presidencial de Lula ainda não está garantido e passa por questões programáticas e pelo eventual apoio do PT a candidaturas do partido nos estados, como a de Guilherme Boulos em SP, não foi bem recebida por lideranças petistas — em especial as paulistas.
Elas dizem que a retirada de uma candidatura do PSOL a presidente, que tem “1% nas pesquisas”, na linguagem figurada das lideranças petistas, não justificaria a contrapartida do nome de Fernando Haddad ao governo de São Paulo para apoiar Boulos. Haddad aparece em segundo lugar na pesquisa Datafolha para o governo de SP, com 17%. Boulos está em quarto lugar, com 11%.
MANIFESTAÇÕES – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (8) que não foi aos últimos protestos de rua organizados pela oposição a Jair Bolsonaro por questões sanitárias e para evitar transformá-los em “atos políticos”.
O petista disse que ainda não decidiu se participará da próxima manifestação organizada pela esquerda, marcada para 15 de novembro, mas admitiu a possibilidade de ir ao protesto caso não esteja em viagens internacionais marcadas para a mesma data.
Em entrevista em Brasília, o ex-presidente também mudou o tom de sua fala com relação ao tema da regulação da mídia e afirmou que este é um assunto de responsabilidade do Congresso Nacional e dos partidos, e não do presidente da República. Antes, nas últimas declarações, o petista defendia a regulamentação sem tentar se distanciar do assunto, como fez nesta sexta-feira.
DISSE LULA – “O que se propõe é que em algum momento da história do Congresso Nacional este tema possa ser debatido. É um tema do Congresso”, disse. “Em algum momento os partidos vão debater. O que ninguém pode é ter medo de um debate sobre isso”, afirmou Lula nesta sexta.
A mudança no tom atende a apelos que o petista ouviu em conversas com aliados nesta semana, que pediram a ele que evitasse adotar a regulação da mídia como um mote de sua campanha eleitoral.
Lula voltou a dizer que só decidirá se será candidato à Presidência no início do ano que vem, mas afirmou que montará um conselho de desenvolvimento econômico e social, com a participação de “empresários, negros, todo mundo”, para debater temas afeitos à campanha.
IMPEACHMENT – Durante a entrevista, o petista criticou Bolsonaro, o chamou de “maluco beleza”, “biruta de aeroporto”, e rebateu ilações de parlamentares segundo os quais o PT não defenderia verdadeiramente o impeachment porque Lula gostaria de manter a polarização e enfrentar Jair Bolsonaro no segundo turno, o que seria eleitoralmente melhor para ele.
“Dizer que o PT é contra o impeachment é de uma insanidade… A pessoa que fala que o PT é contra o impeachment poderia perguntar porque o [Arthur] Lira [presidente da Câmara] não coloca em votação (…) O presidente poderia colocar um dos pedidos em votação”, defendeu o ex-presidente.
Apesar das declarações, Lula não participou até hoje de atos de oposição organizados para defender o afastamento de Bolsonaro e afirmou que ainda não decidiu se vai ao próximo ato que está sendo organizado para o dia 15 de novembro.
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