Mary Ballesta (*)
Desde
o início da pandemia, muitos desafios e aspectos inusitados surgiram e
reforçaram a importância de uma cultura que valorize a inovação para
enfrentar o desconhecido. O isolamento social impactou os processos e
demandou uma nova abordagem das empresas para lidar com as incertezas
deste cenário. A estrutura organizacional passou por mudanças a fim de
manter o fluxo de trabalho e de entrega de serviços e produtos aos
clientes, com o intuito de sobreviver no mercado.
Virtualizamos
toda a nossa forma de viver, de consumir, de trabalhar e de nos
relacionar. Os impactos foram tão profundos que a única forma que
tivemos para reagir como empresa, colaborador e ser humano foi hackeando
a nossa própria vida. Isso significa que tivemos que nos reinventar e
criar um contexto que permitisse nos adaptar de uma forma muito rápida,
uma vez que a pandemia criou um cenário que poucas empresas estavam
preparadas para enfrentar.
O grande segredo para reagir a coisas
que não conhecemos, que parecem não ter lógica, é enfrentá-las com
resiliência e flexibilidade, além de outro fator essencial: a inovação.
Saber inovar nada mais é do que trazer competitividade, adaptabilidade e
valor em tudo que estamos fazendo. São novas lógicas que nos permitem
sobreviver aos contextos que nos deparamos.
Sempre foi um
paradigma da inovação pensar que coisas novas são inovadoras. Não
necessariamente. A inovação requer atributos importantes: ela tem que
solucionar alguma questão que ainda não foi resolvida até aquele
momento, ou seja, possuir um componente de novidade, mas não se resumir a
isso. Ela definitivamente tem que olhar para o futuro e continuar
trazendo esse valor a longo prazo.
Neste caso, estamos falando
de uma mudança na forma de atuação, de fazer, de uma lógica que deve
demonstrar diferente, que nos permite continuar trazendo valor numa
circunstância nova. Para isso, é preciso empreender e ser muito mais
proativo na maneira de agir, não ser reativo ao que pode vir.
No
setor profissional, isso se conecta com a necessidade de ter propósito
dentro das organizações. E o ponto de virada nesse processo, para poder
criar uma cultura de inovação nas corporações, é dar uma certa autonomia
às pessoas, para que elas possam desenvolver práticas interessantes,
mas uma autonomia orientada, que tem o foco em gerar valor contínuo. É o
empreender com propósito que cria contextos de inovação dentro da
cultura organizacional.
Quando falamos de inovar, a grande chave
é olhar o futuro e produzir movimentos nesta direção. Nunca é para o
hoje. A inovação é o que eu faço no hoje, mas que me leva para o futuro.
São ações um pouco mais longas, que nos permitem mudar e se reinventar,
trilhando o caminho para o que queremos ser no futuro.
Por
exemplo, o mercado de hoje está sendo impactado pela pandemia e devemos
pensar no que vai acontecer depois da pandemia, para inovar no pós-tempo
pandêmico. Durante esse momento diferente que ainda estamos vivendo,
reagimos, tivemos que nos adaptar, porque não nos restou alternativa,
mas para considerar que a organização é inovadora, ela tem que estar
pensando “e o depois da pandemia?”, ter o foco em como já consegue criar
no hoje esse movimento do amanhã. E, por fim, é preciso medir os
resultados conforme experimentarmos as novas ações, para que elas
funcionem de forma contínua. Talvez uns dos grandes desafios da inovação
seja esse: definir bons objetivos e resultados-chave que permitam, não
só serem guias para garantir que estamos no caminho certo, mas também
ferramentas que nos ajudem a repensar as iniciativas a cada momento de
decisão, priorizando sempre nosso o encontro ao propósito, ao futuro que
estamos desenhando. Assim, a aprendizagem será para sempre, e é assim
que se cria uma cultura de inovação. (*) Mary Ballesta é Diretora Global de Inovação do Grupo Stefanini. |
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