O método dialético de alfabetização proposto por Paulo Freire,resumido na “Pedagogia do Oprimido”,foi sem dúvida a obra mais difundida do pensador pernambucano,que chegou a ser o terceiro livro mais citado nos trabalhos acadêmicos de ciências sociais no mundo. Dentro do ambiente restrito do educando que o pedagogo chamava de “universo temático” ,ou seja,o palco da sua alfabetização no meio da própria comunidade ,foi sem dúvida alguma uma verdadeira revolução na pedagogia ,mundialmente reconhecida e adotada em alguns países que experimentaram com sucesso esse método revolucionário de ensino.
O método dialético de Paulo Freire se propunha a provocar imediato interesse do aluno exatamente por que se dava dentro do seu “universo temático”,ou seja,sobre os elementos que o circundavam,e nunca sobre “coisas” distantes do seu alcance físico ou da sua vista , que por esse motivo não iriam lhe despertar tanto interesse em conhecer melhor,e assim receber “alfabetização”em cima dessas coisas “alienígenas”ao seu mundo particular.
Para exemplificar,se a principal atividade cotidiana do grupo familiar do educando se desse na criação de “cabras”,um dos primeiros passos da alfabetização seria exatamente sobre as letras que iriam formar a palavra “cabra”,e assim sucessivamente.
Paulo Freire conseguiu com extrema maestria conciliar a alfabetização do educando com a sua paralela politização e compreensão do mundo circundante.
O pedagogo combateu acima de tudo o que ele costumava chamar de “educação bancária”,”tecnicista”,ou“alienante”,onde o alfabetizando pouco mais servia do que um “depósito” dos conhecimentos e da “sabedoria” irretocável do professor,de um “cofre” humano,que só serviria para“acumular”os conhecimentos transmitidos pelo “professor”,não tendo qualquer chance de participar da construção do verdadeiro significado das palavras no mundo real, que lhe foram empurradas “goela abaixo” na “alfabetização”.
Com base em grande parte na dialética de Hegel,de quem foi discípulo.Freire conseguiu algumas poucas experiências exitosas, alfabetizando,politizando e conscientizando,ao mesmo tempo,pequenos grupos humanos.
É claro que Paulo Freire tenderia a cair e efetivamente acabou caindo na armadilha da esquerda, cujo discurso,mas somente o “discurso”,coincidia em grande parte com o do educador,especialmente no que pertine ao combate sem tréguas à “opressão”,de subjugação do “oprimido” aos interesses maiores do seu “opressor”,na consideração de que invariavelmente o “oprimido”estaria ocupando uma posição inferior ao “opressor”na pirâmide social.
Com certeza Paulo Freire “pensava”,quando se filiou ao Partido dos Trabalhadores, exercendo alguns cargos de confiança ocupados por esse partido,dentre outros o de Secretário de Educação da prefeita Luiza Erundina, de São Paulo (1989-1992),que quando a esquerda chegasse efetivamente ao poder as “coisas” mudariam “socialmente” para melhor,acabando ou diminuindo o regime político,social e econômico da opressão.
Não foi porém,exatamente o que aconteceu.Tão logo a esquerda ascendeu ao poder,a partir da posse presidencial de José Sarney,em 1985,ocupando o espaço que era do Regime Militar desde 1964,o que se viu foi exatamente o contrário do que supunha Paulo Freire. Dos pontos de vista social,político,econômico, e moral ,o Brasil só regrediu a largos passos a partir daí. De 2003 a 2016 ,com a Presidência ocupada pelo PT,o erário foi assaltado na impressionante soma estimada em 10 trilhões de reais. Como acabar com a opressão com tamanha roubalheira? Será que os oprimidos ganharam um só centavo dessa fabulosa quantia roubada do erário e teriam subido um só degrau na pirâmide social?
O “progresso” social prometido pela esquerda às pessoas menos favorecidas não passou de um “assistencialismo” barato, prejudicial ao desenvolvimento e à efetiva libertação das pessoas “assistidas”,”compradas” com esmolas públicas,contra o que Freire sempre se opôs radicalmente na sua teoria,consubstanciada na “pedagogia do oprimido”,mas que acabou sendo o “carro chefe” ,político e eleitoral do PT,enquanto governou,de 2003 a 2016,principalmente com a adoção da política do “bolsa família”,que normalmente tem o poder de retornar em “votos”,e que acabou sendo surpreendentemente “encampado”,e mesmo “incrementado”,com nova denominação,pelo Governo Bolsonaro,provavelmente na tentativa de “roubar” os votos do PT.
Mas há de se convir que gente de bom,ou mau caráter,gente honesta ou desonesta,existem em todas as ideologia políticas,ou partidos,seja de direita,centro ou esquerda. Não se trata de lados “limpos”,ou “sujos”.
Mas não possuindo Paulo Freire qualquer mancha nas suas vidas particular ou pública ,nada justificaria o “massacre” covarde e desrespeitoso lançado contra a sua pessoa na “descomemoração” e “avacalhação”do centenário do seu nascimento,ocorrido no corrente mês de outubro de 2021. Foi um ataque absolutamente desrespeitoso contra alguém que já havia morrido e não tinha mais nenhuma chance de se defender.Essa é a pior das covardias.Paulo Freire sempre foi um homem voltado ao bem ,e honesto ,preocupado não só com a alfabetização de adultos mas também com a plena libertação do povo brasileiro oprimido das suas “garras”sociais.
Embora Paulo Freire tenha optado pela esquerda,foi ela quem “adotou”os seus ensinamentos,e não o contrário. Por isso Paulo Freire não tem qualquer culpa que a esquerda,enquanto governou,apesar de ter aprovado uma lei que o considerou “patrono” da educação brasileira (Lei Nº12.612/2012)),tenha caminhado totalmente na “contra mão” do que ele pregava. A esquerda usou o discurso de Paulo Freire,mas praticou exatamente o contrário,que foi o assistencialismo exacerbado,que a nada leva,e paralelamente o enchimento das suas “burras”de dinheiro ilícito,roubado do povo ,através dos impostos que paga.,
Sérgio Alves de Oliveira
Sociólogo e Advogado
Nenhum comentário:
Postar um comentário