Conhecer tem seu preço. Negar o conhecimento, então, pode ser fatal. A propósito segue coluna de Célio Martins para a Gazeta do Povo:
Desde
que o presidente Jair Bolsonaro passou a fazer campanha em defesa do
uso de cloroquina no tratamento contra Covid-19, um grande número de
pessoas influentes no Brasil seguiu o mesmo caminho. Mas muitos dos
defensores do medicamento originalmente usado na profilaxia de malária
foram infectados pelo novo coronavírus e alguns deles morreram.
Luciano Hang, dono da Havan
O
caso mais recente entre os que ficaram doentes é do empresário Luciano
Hang, dono das lojas Havan, que teve diagnóstico de Covid-19 e foi
internado em um hospital da Prevent Sênior, na cidade de São Paulo. Na
mesma unidade também foram internadas com Covid-19 Andrea Hang, esposa
de Luciano, e Regina Modesti Hang, de 82 anos, mãe do empresário.
Bolsonarista,
Hang compartilhou nas redes sociais no último dia 9 de janeiro uma
cartilha sobre o tratamento precoce contra a Covid-19. O tratamento
inclui o uso hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina.
O apresentador de TV que morreu de Covid-19
Outro
caso que chamou a atenção e chocou muitas pessoas foi a morte do
apresentador da TV Alterosa, afiliada ao SBT, Stanley Gusman, no dia 10
de janeiro passado. Ele tinha 49 anos e estava internado em estado grave
na UTI do Hospital Villa da Serra, em Nova Lima, na Grande Belo
Horizonte.
Negacionista
da pandemia, Gusman contestava o isolamento social, se dizia seguidor
de Bolsonaro e defendia o uso de cloroquina. “E que fique claro. Estou
com o PR (presidente da República) nessa também. Sem garantias eu não
tomo a vacina”, escreveu em dezembro ao comentar a afirmação de
Bolsonaro de que não iria tomar vacina contra coronavírus.
Sikêra Jr. esteve à beira da morte
O
também apresentador de TV Sikêra Jr. gerou polêmica por ter se
declarado contra o isolamento social durante a pandemia. À frente do
programa Alerta Nacional, na RedeTV!, Sikêra passou mal ao vivo com
sintomas da doença. Internado, ficou vários dias respirando com auxílio
de oxigênio.
Após
se recuperar, Sikêra voltou a defender cloroquina para tratamento
contra coronavírus. “A cloroquina, gente, finalmente liberaram, porra! O
negócio já era pra tá na mão do povo”, declarou o apresentador, usando
palavrões, em um vídeo quando ainda doente.
Senador de deputado
No
mundo político, o senador Arolde de Oliveira (PSD) foi internado no
hospital Samaritano, na Zona Sul do Rio de Janeiro, em 5 de outubro após
ser infectado e apresentar os sintomas da Covid-19. Ele morreu duas
semanas depois, no dia 21 de outubro. Oliveira defendia o uso da
cloroquina contra o novo coronavírus e criticava o isolamento social
como forma de conter a propagação da doença.
Em
19 de abril de 2020, Arolde de Oliveira chegou a postar no Twitter: “Os
números do vírus chinês no mundo e no Brasil demonstram a inutilidade
do isolamento social”.
O
deputado estadual Gil Vianna (PSL), morto em 19 de maio em decorrência
de complicações de Covid-19, fez uso de cloroquina enquanto esteve
internado no Hospital da Unimed, em Campos, no Rio de Janeiro. A
informação foi dada pelo jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
Na religião e na medicina
Defensores
de cloroquina no mundo da religião e nos meios médicos também viraram
vítima da Covid-19. O pastor Thiago Andrade de Souza, integrante do
Movimento São Paulo Conservador, fazia propaganda do uso preventivo de
ivermectina e cloroquina.
“Se
você tomou ivermectina, azitromicina ou hidroxicloroquina, poste no
Facebook e, se não precisou tomar e é a favor, poste que é a favor.
Vamos forçar as prefeituras a começarem a prevenção urgente. E fazer a
distribuição gratuita”, publicou nas redes sociais, no dia 25 de
novembro.
Jovem,
Thiago Andrade morreu no último dia 3 de janeiro, aos 36 anos, vítima
da Covid-19, em São Paulo. Ele estava internado havia 30 dias com a
doença.
O
médico Lécio Patrocínio, além de defender a cloroquina, também
criticava o papel da Organização Mundial de Saúde (OMS) frente à
pandemia. Patrocínio morreu vítima de Covid-19 aos 68 anos de idade, no
último dia 2, após ter ficado um mês internado em Macaé e cerca de três
semanas no Hospital Copa D’Or, no Rio de Janeiro.
Até
o momento, não há comprovação científica de eficácia de cloroquina no
tratamento contra Covid-19. Estudo da Organização Mundial de Saúde
(OMS), publicado em outubro, mostra que a hidroxicloroquina não teve
efeito sobre os tempos de internação ou chances de sobrevivência de
pacientes da Covid-19.
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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