Se as Farc sempre tiveram amigos nos Estados Unidos, os amigos das Farc no exterior têm ainda mais amigos nos Estados Unidos. Kevin Williamson, da National Review, em artigo traduzido para a Gazeta do Povo:
Um
tribunal especial de paz foi convocado na Colômbia, na sexta-feira
(28), para julgar oito líderes da organização terrorista
marxista-leninista conhecida como Farc - Forças Armadas Revolucionárias
da Colômbia - por crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Talvez a
justiça seja feita sobre essas oito pessoas - mas a justiça um dia
chegará a ser feita sobre os facilitadores dessa organização nos Estados
Unidos e em outros lugares?
As
Farc são uma das muitas ramificações assassinas desse "socialismo real"
que nossos amigos esquerdistas sempre insistem que "nunca foi colocado
em prática". Como o Talibã, o grupo é parte movimento político e parte
cartel de drogas; como o Hamas, ele buscou legitimidade reinventando-se
como um partido político, agora conhecido como Comunes.
As
Farc nunca desfrutaram do status de celebridade de, digamos, os
sandinistas da Nicarágua, a milícia comunista que contava com o apoio
de, entre outros, Bill de Blasio, que voltou de uma visita ao país
devastado pela guerra quando tinha 20 e poucos anos com "uma visão das
possibilidades de um governo de esquerda irrestrito", nas palavras do
New York Times. (E vocês de Nova York, estão gostando?).
Os
sandinistas ganharam um álbum triplo da banda de punk rock britânica
The Clash batizado em sua homenagem, enquanto as Farc sempre foram mais o
objeto do entusiasmo de marxistas acadêmicos encastelados e de
ativistas de esquerda engajados com os movimentos revolucionários
mundiais. Eles foram treinados por fabricantes de bombas do IRA, e seus
interesses foram promovidos no Congresso dos EUA por democratas eleitos,
enquanto ativistas americanos agiam como intermediários. Ativistas de
esquerda por muito tempo causaram agitação pela libertação de
terroristas das Farc detidos nas prisões dos EUA.
Se
as Farc sempre tiveram amigos nos Estados Unidos, os amigos das Farc no
exterior têm ainda mais amigos nos Estados Unidos. O falecido ditador
socialista venezuelano Hugo Chávez era um apoiador de longa data do
grupo marxista-leninista-narcoterrorista vizinho, chegando ao ponto de
permitir que eles operassem em portos seguros venezuelanos.
Chávez
foi o segundo ditador latino-americano favorito da esquerda americana,
atrás de Fidel Castro, que contava com o apoio não só dos radicais
champanhe de Hollywood, mas também de democratas do Congresso, incluindo
Chaka Fattah e Barney Frank. Esses dois não eram exatamente modelos de
bom senso: Fattah teve 23 acusações criminais, incluindo conspiração
para extorsão, suborno, fraude bancária, fraude postal e lavagem de
dinheiro, enquanto Barney Frank, em certo momento, manteve uma rede de
prostituição bissexual coordenada a partir de sua casa, mas nunca foi
acusado de nenhum crime.
(Minha
principal objeção quando o deputado Frank assumiu o cargo de presidente
do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Representantes foi o
fato de que ele, de alguma forma, conseguiu perder dinheiro mantendo um
bordel em Washington.)
O
deputado Fattah era um deslumbrado ludibriado por Chávez no inebriante
período em que a Venezuela foi impulsionada pela alta dos preços do
petróleo - o chefe Hugo enviava óleo para aquecimento com desconto aos
eleitores do deputado Fattah na fria Filadélfia. Chávez também
sequestrou, torturou e assassinou oponentes políticos. Mas a esquerda
não tem inimigos à esquerda.
O
caso de amor da esquerda com as Farc na Colômbia e Chávez na Venezuela
foi um eco de seu contínuo romance, agora post-mortem, com Fidel Castro.
Celebridades progressistas como Danny Glover, Robert Redford e Oliver
Stone viajaram até Havana para sentar-se aos pés de Fidel Castro.
Jornalistas famosos como Andrea Mitchell vangloriaram as conquistas de
Castro na área de saúde, mesmo quando os cubanos eram privados de
antibióticos simples e serviços médicos básicos.
Após
a morte do grande tirano, Barack Obama falou sobre "as inúmeras
maneiras pelas quais ele alterou o curso da vida individual, das
famílias e da nação cubana", que é uma maneira de descrever a carreira
de um ditador assassino em massa que dirigiu um Estado fortaleza tão
cruel que seus súditos se lançavam ao mar em câmaras de ar na esperança
de flutuar para uma vida melhor.
E
assim vai e assim tem sido: Jane Fonda fez sua peregrinação a Hanói e,
mais importante, Bernie Sanders, que quase ganhou a nomeação democrata
duas vezes, fez sua peregrinação a Moscou e Leningrado, onde passou seu
tempo "exaltando as virtudes da vida e cultura soviéticas", não obstante
a vida e a cultura soviéticas envolverem um gigantesco gulag cujas
atrocidades incluíam, entre muitos outros crimes contra a humanidade,
matar 4 milhões de pessoas de fome para fazer valer um ponto de vista
político. Até Pol Pot teve seus apologistas nos Estados Unidos, com
radicais de esquerda, como Noam Chomsky, classificando o genocídio
cambojano como uma "propaganda" exagerada ou totalmente inventada.
A
empreitada comunista mundial assassinou 100 milhões de pessoas no
século 20. Oito homens serão julgados na Colômbia. As vendas de
camisetas do Che Guevara continuam intensas.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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