VP de multinacional defende testagem maior da população enquanto infectologista avalia diferenças entre exames
O Brasil conta hoje com mais de 300 registros de testes para coronavírus aprovados pela Anvisa, de acordo com a própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária. E, embora o foco de todo o mundo esteja na vacina contra a Covid-19, Eduardo Takeshi, Vice-Presidente e Gerente Geral da Beckman Coulter na América Latina, adverte que ainda é preciso testar mais a população quando questionado da chegada do exame da multinacional ao país.
Em pouquíssimos momentos da história da indústria de diagnósticos, tantas empresas e entidades regulatórias desenvolveram e aprovaram testes em um tempo tão recorde, de acordo com o executivo. “Acredito que ainda haja espaço para o lançamento de novos ensaios de alta qualidade, testados em uma população mais ampla, devido à demanda pandêmica”, afirma.
A informação é corroborada por dados do IBGE, que mostram que, até agosto, só 17,9 milhões de pessoas tinham feito testes de Covid-19. O número representa apenas 8,5% da população do país. Takeshi, no entanto, pondera que é preciso informação antes de realizar qualquer exame já que as opções são muitas. “Primeiro, a recomendação é procurar um médico antes de decidir qual teste fazer. Especialmente porque os laboratórios não fornecem diagnósticos. Eles fornecem resultados de testes que devem ser avaliados e interpretados por um profissional especializado”.
Hoje, no mercado brasileiro, existe o RT-PCR - considerado padrão ouro para diagnóstico da doença -, o teste rápido e várias opções de sorológicos em formatos combinados e isolados - para identificar a produção de anticorpos contra o coronavírus. Mas qual é o indicado para cada situação e qual o melhor entre todos?
De acordo com a infectologista Nancy Bellei, mestre e doutora em Doenças Infecciosas e Parasitárias pela Unifesp, a realização do teste combinado pode demandar a realização de outros testes na sequência. “Ao fazer o teste combinado e verificar um resultado positivo, não é possível saber se estamos detectando muito IgM, se foi detectado apenas IgG ou se é o caso de uma IgM que pode ser falso positiva já que a imunoglobulina M é mais inespecífica”, explica.
Ela acrescenta que, ao não usar um teste específico, separado, se o resultado for positivo, não é possível caracterizar se o paciente está com a Covid-19 naquele momento ou se já teve. Afinal, a imunoglobulina M costuma ser detectada pouco tempo após o contágio, já na primeira semana, enquanto a G tende a aparecer apenas de 7 a 14 dias depois. “Se o resultado for positivo, provavelmente o paciente tenha que ser submetido a novos exames. A um teste de RT-PCR e, eventualmente, se esse der negativo, a um teste de IgG isolado. Já se o resultado para o teste combinado for negativo, o paciente pode estar em uma janela imunológica, em que não sabemos se estamos lidando com uma IgM ou IgG inicial, o que nos coloca dependentes mais uma vez de novos testes”.
Foi pensando nisso que a Beckman Coulter trouxe ao país o teste Access SARS-CoV-2 IgG, que já está aprovado pela Anvisa, e processa apenas a imunoglobulina G (IgG), anticorpo que demora mais a aparecer, mas também permanece por mais tempo no organismo. Por isso, tem especificidade maior, o que aumenta a chance de detectar resultados verdadeiramente negativos.
Quando falamos, no entanto, de um teste capaz de detectar apenas um tipo de anticorpo, ainda existe mais de uma opção no mercado, de fabricantes diferentes, e, consequentemente, funcionalidades distintas. Isso porque cada um tende a ter uma sensibilidade/especificidade e a analisar uma parte da estrutura viral. O coronavírus é composto por quatro proteínas. A nucleocapsídeo é a que envolve o RNA e, por isso, acaba sendo a mais usada.
Não é o caso do ensaio da Beckman Coulter. Ele detecta anticorpos contra a proteína Spike, que são capazes de neutralizar o vírus, ou seja, impedir a reentrada dele. “A proteína S é responsável pela entrada do vírus na célula, é a que se acopla ao nosso receptor. Teoricamente, se tenho um anticorpo contra a proteína que se liga ao receptor, esse anticorpo vai ser o ideal para a minha proteção”, explica a Dra. Nancy.
É contra essa proteína, inclusive, que, deverá ser feita a vacina contra Covid-19. “Como é provável que todos tenham que fazer o teste em algum momento para checar se já estão imunes à doença, preferimos fornecê-lo dessa forma, assim, é um ganho de tempo e economia para os clientes”, revela Daniela Putti, Head de Marketing da Beckman Coulter na América Latina.
O Access Sars-CoV-2 IgG foi utilizado em uma população ampla e heterogênea que já está imune a outros vírus, como o influenza, por exemplo, não apresentando reação cruzada, conforme bula do ensaio. “Nessa grande população, entregamos 99,8% de especificidade clínica comprovada e 100% de sensibilidade (>18 dias após RT-PCR)”, acrescenta Takeshi.
Quando se pensa em um intervalo de tempo anterior, de 0 a 6 dias do início dos sintomas, o teste da Beckman Coulter aparece, atualmente, com a melhor sensibilidade do mercado: 70,2%. Outro destaque é que ele também ajudará na identificação de doadores de plasma convalescente no combate à uma possível segunda onda de infecções por Covid-19.
De acordo com Daniela, a testagem é fundamental neste momento que vive o país, para uma análise epidemiológica mais precisa, reabertura do comércio e retomada da economia. “O teste da Beckman Coulter é de alta qualidade e pode permitir o sistema de saúde usar melhor os recursos que sabemos ser tão escassos. Poder testar mais gente é um fator crítico para nosso país.” A testagem em massa da população é, inclusive, uma recomendação da OMS, a Organização Mundial da Saúde.
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Carolina Capozzi
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