MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Dentre os 120 expositores da 10ª edição da Chocolat Bahia, 42 foram marcas regionais de chocolate de origem



Sabe aquela história de que chocolate faz bem? Não se engane: não são aqueles cheios de açúcar do supermercado. As pesquisas que apontam benefícios para o coração e a pele se referem a (pequenas quantidades com) alto teor de cacau.
É justamente nessa seara que o sul da Bahia se destaca. Além do fornecimento para a indústria, mesmo depois da praga da vassoura de bruxa ter destruído lavouras na década de 1980, a região está bombando no mundo gourmet.
Dentre os 120 expositores da 10ª edição da Chocolat Bahia (Festival Internacional do Chocolate e Cacau), que aconteceu este mês em Ilhéus, 42 foram marcas regionais de chocolate de origem, aquelas que usam cacau de lá (algumas também fabricam).
Nos stands, nem adianta procurar barras com menos de 39% de cacau na composição – o chocolate ao leite no Brasil tem 25%. As já tradicionais Amma e Mendoá ganharam companhia de nomes como Choc e Mestiço. Provei um bocado de amostras e te mostro aqui só os mais gostosos – palavra de quem arrepia ao morder uma barra com mais de 60%.
Choc
Da coleção Flores do Brasil, a barra 50% cacau ao leite de coco (alô, veganos!) com coquinho queimado é uma delícia. Intensa, mas não muito. Para os apaixonados por chocolate suíço, eles têm um ao leite com 39% que não deve nada a Lindt nenhum.
Em 2013, a advogada Julia Strand e o administrador Rodrigo Bastos tiveram a ideia de produzir chocolate com gostinho europeu na Bahia. “Em 2014, fizemos um curso sobre produção na Alemanha. Em 2015, moramos numa fazenda em Ibirataia (BA), de onde vem o cacau. Em 2016, em Salvador, desenvolvemos a marca e começamos a produzir e vender em 2017” conta Rodrigo.
As barras de 80g variam entre R$ 12 e R$ 15 no site choc-chocolatesfinos.com.br. Em Salvador, dá para encontrar no Almacen Pepe, no HiperIdeal e na Rede Mix.
Mestiço
Pelo menos no visual e nas opções. O meu queridinho, chocolate branco com hibisco (R$ 15), é rosa e tem padronagem geométrica na barra.
O cacau vem da fazenda Bonança, em Itacaré, que há mais de 40 anos cultiva o cacau que, hoje, vai direto para a fábrica da marca em São Paulo. O de 62% com café fazia o maior sucesso no stand, mas era amargo demais pra mim.
A marca tinha ainda varietais: Trinitário e Bonança 14. Para quem não sabe, é a diferenciação do cacau, tipo fazem com as uvas de vinho ou com os cafés. Chique, né? Só vende em São Paulo – e no Festival de Ilhéus.
Amado Cacau
As empresárias Cecília Gomes e Greice Costa são da quarta geração de produtores de cacau da Fazenda Camacan, na cidade de mesmo nome. Mas elas modernizaram o negócio real.
A programação visual, supercolorida e tropical, é linda e chama a atenção na feira. O pacote de nibs com açúcar demerara e especiarias (R$ 18) é uma maravilha! Em Salvador, vende no Almacen Pepe (Horto Florestal e Pituba).
Mendoá
A embalagem linda, colorida e com aspecto aquarelado dá o bom indício: o chocolate 55% da linha orgânica – lançamento mais recente da marca – é uma delícia. E, mesmo sendo meio amargo, não é impossível para paladares acostumados à delícias do tipo Kit Kat ou Lindt. Com um cafézinho fica incrível.
A marca baiana é dona de um dos maiores stands do festival e também de uma das fazendas mais bem organizadas para receber turistas. Vale a pena visitar ambos. Destaque para a linha Brasilis, que tem 40% de cacau e recheios como praliné de amendoim ou castanha de caju. Casa de Noca (Pituba), Perini, Almacen Pepe e na loja própria no Salvador Shopping.
Jupará
O nome vem do bicho que espalha pela mata as sementes do cacau que come: o Jupará é um dos grandes responsáveis pelo plantio dos cacaueiros sob a sombra das árvores.
Do catálogo, minha barra preferida foi a branca com nibs (41% de cacau): é doce sem ser enjoativa. Contrasta o amargor do nibs com o dulçor do chocolate branco.
A textura também impressiona: mistura a crocância dos nibs com a maciez da massa. 25 gramas custaram R$ 5. Tem nos restaurantes Raízes (Shoppings Barra, da Bahia e Salvador) e Fazendinha Gourmet (Bompreços de Armação e do Canela).
Nayah
A exceção da lista: é feito no Pará. Mas vale. Afinal, você já provou chocolate de cupuaçu? Não um com recheio da geleia, mas feito com a amêndoa? O Cupulate 35% (50g – R$ 12,50) é uma delícia! Supermacio e docinho, ele tem um sabor único: lembra o do cacau, mas é diferente.
Destaque também para as barrinhas com cumaru, ‘a baunilha amazônica’. A marca tem sede em Belém do Pará (faz parte do Programa de Incubadora de Empresas da Ufpa) e foi criada a partir de um projeto acadêmico sobre a biodiversidade da Amazônia. Dá para comprar no site nayahamazon.com, que tem frete grátis a partir de R$ 300.
*O jornalista do Correio viajou a convite do Festival Internacional do Chocolate e Cacau

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