Sabe
aquela história de que chocolate faz bem? Não se engane: não são
aqueles cheios de açúcar do supermercado. As pesquisas que apontam
benefícios para o coração e a pele se referem a (pequenas quantidades
com) alto teor de cacau.
É
justamente nessa seara que o sul da Bahia se destaca. Além do
fornecimento para a indústria, mesmo depois da praga da vassoura de
bruxa ter destruído lavouras na década de 1980, a região está bombando
no mundo gourmet.
Dentre
os 120 expositores da 10ª edição da Chocolat Bahia (Festival
Internacional do Chocolate e Cacau), que aconteceu este mês em Ilhéus,
42 foram marcas regionais de chocolate de origem, aquelas que usam cacau
de lá (algumas também fabricam).
Nos
stands, nem adianta procurar barras com menos de 39% de cacau na
composição – o chocolate ao leite no Brasil tem 25%. As já tradicionais
Amma e Mendoá ganharam companhia de nomes como Choc e Mestiço. Provei um
bocado de amostras e te mostro aqui só os mais gostosos – palavra de
quem arrepia ao morder uma barra com mais de 60%.
Choc
Da
coleção Flores do Brasil, a barra 50% cacau ao leite de coco (alô,
veganos!) com coquinho queimado é uma delícia. Intensa, mas não muito.
Para os apaixonados por chocolate suíço, eles têm um ao leite com 39%
que não deve nada a Lindt nenhum.
Em
2013, a advogada Julia Strand e o administrador Rodrigo Bastos tiveram a
ideia de produzir chocolate com gostinho europeu na Bahia. “Em 2014,
fizemos um curso sobre produção na Alemanha. Em 2015, moramos numa
fazenda em Ibirataia (BA), de onde vem o cacau. Em 2016, em Salvador,
desenvolvemos a marca e começamos a produzir e vender em 2017” conta
Rodrigo.
As
barras de 80g variam entre R$ 12 e R$ 15 no site
choc-chocolatesfinos.com.br. Em Salvador, dá para encontrar no Almacen
Pepe, no HiperIdeal e na Rede Mix.
Mestiço
Pelo
menos no visual e nas opções. O meu queridinho, chocolate branco com
hibisco (R$ 15), é rosa e tem padronagem geométrica na barra.
O
cacau vem da fazenda Bonança, em Itacaré, que há mais de 40 anos
cultiva o cacau que, hoje, vai direto para a fábrica da marca em São
Paulo. O de 62% com café fazia o maior sucesso no stand, mas era amargo
demais pra mim.
A
marca tinha ainda varietais: Trinitário e Bonança 14. Para quem não
sabe, é a diferenciação do cacau, tipo fazem com as uvas de vinho ou com
os cafés. Chique, né? Só vende em São Paulo – e no Festival de Ilhéus.
Amado Cacau
As
empresárias Cecília Gomes e Greice Costa são da quarta geração de
produtores de cacau da Fazenda Camacan, na cidade de mesmo nome. Mas
elas modernizaram o negócio real.
A
programação visual, supercolorida e tropical, é linda e chama a atenção
na feira. O pacote de nibs com açúcar demerara e especiarias (R$ 18) é
uma maravilha! Em Salvador, vende no Almacen Pepe (Horto Florestal e
Pituba).
Mendoá
A embalagem linda, colorida e com aspecto aquarelado dá o bom indício: o chocolate 55% da linha orgânica – lançamento mais recente da marca – é uma delícia. E, mesmo sendo meio amargo, não é impossível para paladares acostumados à delícias do tipo Kit Kat ou Lindt. Com um cafézinho fica incrível.
A embalagem linda, colorida e com aspecto aquarelado dá o bom indício: o chocolate 55% da linha orgânica – lançamento mais recente da marca – é uma delícia. E, mesmo sendo meio amargo, não é impossível para paladares acostumados à delícias do tipo Kit Kat ou Lindt. Com um cafézinho fica incrível.
A
marca baiana é dona de um dos maiores stands do festival e também de
uma das fazendas mais bem organizadas para receber turistas. Vale a pena
visitar ambos. Destaque para a linha Brasilis, que tem 40% de cacau e
recheios como praliné de amendoim ou castanha de caju. Casa de Noca
(Pituba), Perini, Almacen Pepe e na loja própria no Salvador Shopping.
Jupará
O
nome vem do bicho que espalha pela mata as sementes do cacau que come: o
Jupará é um dos grandes responsáveis pelo plantio dos cacaueiros sob a
sombra das árvores.
Do
catálogo, minha barra preferida foi a branca com nibs (41% de cacau): é
doce sem ser enjoativa. Contrasta o amargor do nibs com o dulçor do
chocolate branco.
A
textura também impressiona: mistura a crocância dos nibs com a maciez
da massa. 25 gramas custaram R$ 5. Tem nos restaurantes Raízes
(Shoppings Barra, da Bahia e Salvador) e Fazendinha Gourmet (Bompreços
de Armação e do Canela).
Nayah
A
exceção da lista: é feito no Pará. Mas vale. Afinal, você já provou
chocolate de cupuaçu? Não um com recheio da geleia, mas feito com a
amêndoa? O Cupulate 35% (50g – R$ 12,50) é uma delícia! Supermacio e
docinho, ele tem um sabor único: lembra o do cacau, mas é diferente.
Destaque
também para as barrinhas com cumaru, ‘a baunilha amazônica’. A marca
tem sede em Belém do Pará (faz parte do Programa de Incubadora de
Empresas da Ufpa) e foi criada a partir de um projeto acadêmico sobre a
biodiversidade da Amazônia. Dá para comprar no site nayahamazon.com, que
tem frete grátis a partir de R$ 300.
*O jornalista do Correio viajou a convite do Festival Internacional do Chocolate e Cacau
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