Coluna de Carlos Brickmann, publicada nesta quarta-feira pensa o impensável no país de pensamento único hegemonizado pelas esquerdas:
A economia cresceu
pouco, 0,1% no terceiro trimestre, mas acima do previsto. Prevê-se que
em 2018 a produção cresça até 3% – nada espetacular, mas bem mais do que
os números habituais. Os shoppings centers, que tiveram queda de vendas
nos dois últimos Natais, venderam 6% a mais neste ano. O Indicador
Serasa-Experian teve o melhor desempenho desde 2011: na semana de Natal,
as vendas subiram 5,2%. São números baixos, que partem de um patamar
baixíssimo; não vão deixar consumidor algum com a sensação de que ficou
mais rico. Mas podem deixá-lo com a sensação de que não ficou mais
pobre.
E daí? Daí, nada. Mas
há a queda dos juros básicos do Banco Central, que algum dia deve se
refletir nos juros cobrados no crediário. Não é mais possível tomar mil
reais emprestados e ficar devendo dez prestações de mil reais. Se a
recuperação da renda dos consumidores se acelerar um pouco, se a
inflação se mantiver baixa, estaremos diante de um cenário hoje
improvável: um candidato do MDB à Presidência. Um candidato viável.
Quem? Há tempo até
2018. Pode ser, apesar da idade e das acusações, Michel Temer (para ele,
ótimo: mais um tempo com foro privilegiado). Ou Henrique Meirelles,
dono da política econômica. É do PSD, já foi do PSDB e do Governo Lula
e, se precisar, muda de sigla. Tem carisma zero; mas tem como pagar a
própria campanha. Pode emplacar? Resposta em 2018.
Através do espelho
Naquela antiga frase
sobre o que pode sair da cabeça de juiz e de bunda de nenê, em geral se
esquece o terceiro elemento imprevisível: boca de urna. Há uma foto
clássica de eleições americanas em que o presidente Harry S. Truman,
recém-reeleito, segura um jornal que anuncia a vitória de seu opositor
Thomas Dewey. Jânio Quadros ganhou a Prefeitura de São Paulo pela
primeira vez contra o favoritíssimo Francisco Antônio Cardoso; e pela
segunda contra o ainda mais favorito Fernando Henrique Cardoso.
Erundina, uma semana antes da eleição, era a terceira colocada. Virou o
jogo e bateu o grande favorito Paulo Maluf.
Duvida de Meirelles?
Depois de bem-sucedida temporada como banqueiro no BankBoston, voltou ao
Brasil e se elegeu deputado federal por Goiás. E Temer vem se elegendo,
embora sempre com votação baixa, desde 1986. Bem ou mal, já chegou lá.
Portas abertas
Claro, Temer e
Meirelles não são as únicas surpresas que podem ocorrer neste ano (nem
as mais prováveis). Alckmin chefia um partido forte, com boas raízes no
Centro-Sul. Doria já surpreendeu uma vez (embora nenhum de seus
possíveis padrinhos vá se surpreender de novo). Há os corredores
paraguaios Marina e Ciro – e se um deles acertar o ritmo? Álvaro Dias,
Arthur Virgílio? Este colunista não apostaria em nenhum deles, nem em
Bolsonaro ou Lula (mas também não apostaria contra eles). Joaquim
Barbosa? Tantos candidatos só indicam que não há candidato nenhum.
Um país sem patrão
O presidente da
Venezuela, Nicolás Maduro, classificou o embaixador do Canadá em Caracas
como “persona non grata” – ou seja, indesejável. O Canadá imediatamente
expulsou de Ottawa o embaixador venezuelano – a retaliação tradicional
diante do tipo de agressão cometido pela Venezuela.
Um país “mais compreensivo”
A Venezuela também
declarou “persona non grata” o embaixador do Brasil, informando que a
medida é um protesto pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff. E o
Brasil? Tão atrasado quanto os maduros, que só agora descobriram que
Dilma foi afastada, o Governo brasileiro só retaliou a Venezuela na
terça.
Tem motivos – o
Governo venezuelano vem atrasando o pagamento de compras no Brasil – e
armas terríveis: basta liberar as confissões de empreiteiros brasileiros
sobre a realização de obras por lá. Mas parece a ocupação militar da
refinaria da Petrobras na Bolívia: protegemos ao máximo regimes que se
dedicam a usar à vontade o dinheiro do Brasil.
Exemplo
A Unidade de
Coordenação Central do Tesouro Espanhol acusa “o melhor jogador de
futebol do mundo”, Cristiano Ronaldo, de ter sonegado aproximadamente €
15 milhões (pouco mais de R$ 60 milhões), e pede sua prisão. O
centroavante do Real Madrid alega que paga “a peso de ouro” os
especialistas que declaram seu imposto de renda, e portanto não tem
culpa de eventuais erros. Caridad Gómez, a chefe da Receita espanhola,
diz que contribuintes “com acusações muito menos graves” estão presos e
que Cristiano Ronaldo usou testas-de-ferro e paraísos fiscais para
sonegar. É famoso? Melhor: sendo preso, serve de exemplo aos
sonegadores.
Desapega!
Luislinda Valois saiu
do PSDB mas não quer deixar sua Secretaria, onde é mal avaliada. Mal
avaliada por quê? Ela não fez nada – nem de errado!
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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