MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Ainda somos brutais e o perigo sempre morou ao nosso lado, mas nem notamos


charge pecado
Charge reproduzida do Arquivo Google
Eduardo Aquino
O Tempo
A tragédia arde em chamas nosso cotidiano. Mais uma. Outras piores virão, a ponto de um dia nos esquecermos dessa, pois somos uma sucessão histórica de tragédias. Nero queimou Roma, Hitler carbonizou judeus. Russos e sírios bombardearam crianças. Americanos, traumatizados pela derrota para destemidos vietnamitas, sempre destroem nações periféricas. Tragédias nos humanizam. Overdose de multimeios expurga toda dó, pena, horror. Esse estranho vício por manchetes angustiantes e inevitáveis interpretações e profecias de fim do mundo.
Doações, contas para familiares, fraudes, e perguntem aos familiares dos jogadores da Chapecoense como estão agora, que os holofotes mudaram para novas desgraças ou como estão os pobres das Bahamas, arruinados por furações furiosos. E o Haiti, onde parece haver um ponto de singularidade, pois ditadura, guerra civil, terremoto, furacões, corrupção, degradação marcaram encontro num só ponto do planeta?
ESTADO ANIMALESCO – Dito isso, é com certa tristeza que percebo não só o quanto a natureza humana é ainda embrionária, mas constato o enorme caminho que termos de seguir nessa trajetória evolutiva que propõe passar de um estado animalesco para um ser divino.
E nosso microuniverso, seja nos lares, seja no ambiente de trabalho ou social, reflete nossa pequenez. Ofendemos, odiamos, conflitamos, nos estranhamos, nos magoamos, agredimos, fingimos, mentimos, traímos, pecamos. Diariamente, normalmente enquanto nos horrorizamos com a creche queimada pelo monstro. Os anjinhos, pois assim os percebo, poderia ser um filho, um neto de qualquer um de nós. Mas como estão nossas relações com nossos rebentos?
DISCUTIR A RELAÇÃO – Como anda seu casamento? O respeito, a cooperação no ambiente de trabalho? Como é sua comunidade, seu vizinho? O perigo está embaixo de nosso nariz, dorme ao nosso lado, frequenta os mesmos lugares que nós. Onde faltam humanismo, fraternidade, amor ao próximo, perdão, respeito às diferenças, empatia, seremos testemunhas passivas de tragédias ou vítimas inocentes delas.
Entender nossa imperfeição, encarar nossa incompletude, assumir-nos transitórios, pecadores, aprendizes da vida são atitudes libertadoras, tudo isso é um primeiro passo.
TRABALHO PESADO – A paz, a felicidade, a serenidade são um trabalho pesado, cotidiano, eterno. Íntimo e pessoal. Só então, e se é que, compreenderemos esta época difícil de mudanças profundas por que passa nossa civilização.
Sempre fomos brutais. O que mudou é a visibilidade. A delicadeza, a lapidação de mentes e almas é um trabalho de formiguinha. Imperceptível, silente, constante. E creia, não dá Ibope.
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