MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

O Facebook e a "censura do bem"


Presto solidariedade ao jornalista Alexandre Borges, censurado pelo Facebook, reproduzindo seu texto publicado na Gazeta do povo. Ele tem razão em dizer que há "um claro movimento de patrulhamento ideológico e cerceamento da liberdade de expressão nas universidades e na imprensa ocidental, um retrocesso civilizacional absurdo e inaceitável". É a praga politicamente correta cultivada pela esquerda, que ataca a liberdade de expressão e ainda por cima chama os outros de fascistas:


Numa decisão unilateral e autocrática na última quarta, fui bloqueado pelo Facebook por sete dias e tive um post sumariamente deletado. Ainda estou impedido de usar a rede.

O Facebook é a minha principal plataforma de comunicação nas redes sociais desde 2013, tenho mais de
130 mil seguidores na minha página oficial, meus posts atingem milhões de usuários e a truculência da decisão é realmente espantosa. Ela tem a mesma essência da demissão de James Damore pelo Google, episódio comentado num texto anterior deste blog.

A publicação que gerou o banimento temporário e a impossibilidade de usar qualquer funcionalidade da rede, até o messenger, está reproduzida abaixo. Como o post original foi apagado, consegui a imagem no cache do Google.

Usei a plataforma para fazer o que sempre fiz, oferecer um posicionamento claro sobre uma questão política polêmica para contribuir com o debate. Você pode ou não estar do lado dos que apoiaram o boicote à exposição, o que importa é podermos ter uma conversa franca, aberta, plural, racional e ponderada sobre tudo que envolve as questões que preocupam a sociedade civil, entre elas a erotização precoce da infância.

O apparatchik do Facebook Brasil pode concordar ou discordar do conteúdo acima, mas a punição, sem qualquer possibilidade de recurso, apelação ou defesa, num rito sumário e jacobino, deveria fazer você avaliar o poder da rede hoje sobre como as pessoas se conectam no país e no mundo. O Facebook tem o dever de combater conteúdos que cometam crimes previstos em lei, dentro do arcabouço legal do país, mas não é disso que se trata.

Como o tribunal do Facebook não dá oportunidade para questionar a sentença neste caso, acabei condenado à revelia e o que sobra é apenas o jus esperneandi em outras plataformas como neste blog. O Facebook, ao sair da necessária avaliação de conteúdos potencialmente criminosos e entrar na patrulha ideológica pura e simples, quando cala opiniões políticas contrárias a dos seus militantes internos, quebra um acordo tácito de confiança em relação à impessoalidade e a isenção com que seus usuários deveriam ser tratados.

Meu ponto no post deletado, como vocês podem ver na imagem acima, foi questionar os que fingem que o debate do caso Santander não é sobre a exibição de conteúdo pornográfico para crianças. O caso foi o tema do meu último podcast que pode ser ouvido
aqui.

Nesta sexta, procuradores do Ministério Público do Rio Grande do Sul visitaram a exposição e disseram que a “
erotização de crianças era objetivo”. A avaliação, portanto, não é fruto de “moralismo” de “ultraconservadores”, como afirmou a revista Época, a mesma que recentemente deu capa para Joesley Batista, o maior criminoso do Brasil. O tom da imprensa foi quase todo o mesmo, com honrosas exceções como a Gazeta do Povo.

Há um claro movimento de patrulhamento ideológico e cerceamento da liberdade de expressão nas universidades e na imprensa ocidental, um retrocesso civilizacional absurdo e inaceitável. Numa pesquisa da
Pew Research Center em 2015, nada menos que 40% dos “millenials” americanos, hoje na faixa entre 20 e 35 anos de idade aproximadamente, concordam que governos devem ter o poder de censurar “discursos ofensivos a minorias”. E quem avalia o que é “ofensivo”, fiscais do governo? A morte de qualquer liberdade, evidentemente, pode ser vendida com um pretexto nobre, mas a essência da censura não muda quando vem acompanhada de uma desculpa.

No caso da exposição do Santander, a polêmica ganha contornos orwellianos e os bloqueios nas redes sociais, processos kafkanianos. Houve uma manifestação legítima de parte da sociedade civil que apoiou um boicote, instrumento liberal e democrático de pressão, que gerou uma reação coordenada e uníssona da grande imprensa e dos porta-vozes tradicionais do establishment recheada de xingamentos absurdos e tentativas torpes de assassinato de reputação. Ricardo Boechat chegou a comparar o MBL a um movimento nazista, um flagrante desrespeito às vítimas do Holocausto, gerando
uma resposta indignada de um líder da comunidade judaica.

Vimos censores abortando o debate e calando cidadãos em nome do combate a um boicote, rotulado por eles de censura, evidenciando como os megafones da sociedade têm poucos donos e como eles não conhecem limites éticos, morais ou legais quando querem deixar claro que as liberdades individuais são meras concessões temporárias e podem ser retiradas a qualquer momento e pelos motivos mais fúteis.

Não me importo de pagar um preço por falar a verdade. Não foi a primeira vez, não será a última. A alternativa, podem acreditar, custaria muito mais para a alma.
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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