Condenado a 50 anos de cadeia e preso há quatro, o publicitário Marcos
Valério quer se transformar em delator na Operação Lava Jato. Em
fevereiro, o operador do mensalão apresentou ao Ministério Público um
cardápio do que pode contar. São sessenta itens de histórias que
presenciou e participou na última década, enquanto esteve à frente de
esquemas ilegais para financiar campanhas, pagar propinas e calar
desafetos de políticos. A papelada está sob análise em Brasília, porque
envolve autoridades com foro privilegiado. As últimas investidas de
Valério para conseguir um acordo de colaboração não vingaram. Mas o que
ele falou se confirmou. Em 2012, bem antes de vir a público o escândalo
do petrolão, Valério revelou num depoimento a procuradores da República
que um esquema de corrupção na Petrobras servira como fonte de dinheiro
sujo para calar um chantagista que ameaçava envolver o ex-presidente no
assassinato do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, ocorrido em
2002. Cinco anos depois, a Lava-Jato encontrou provas que corroboravam o
que ele dissera e levou à condenação do empresário Ronan Maria Pinto, o
tal chantagista que teria recebido 6 milhões de reais de forma
fraudulenta, entre outros personagens. O publicitário agora promete
responder a uma pergunta que permanece um mistério: Quem mandou matar
Celso Daniel? A revista Veja apresenta uma síntese dessa e de outras
histórias que Valério ameaça detalhar, como a operação do PT para
subornar um ministro do Supremo, mesadas distribuídas aos cabeças do
partido e o caixa dois que abasteceu campanhas do PSDB.
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