Por Redação Bocão News | Fotos: Reprodução
A Operação Cui Bono? ("A quem
beneficia?"), deflagrada a partir do conteúdo de mensagens apreendidas
em um celular antigo do exdeputado Eduardo Cunha (PMDB), ampliou a
pressão para o peemedebista delatar o que sabe e tentar minimizar
seus problemas com a Justiça e também induziu o mundo político e empresarial a pelo menos duas conclusões.
1) O teor das conversas divulgadas em
relatório da Polícia Federal reforça a tese de que Cunha detém
informações explosivas sobre negociatas fechadas entre o primeiro
escalão do PIB, o Congresso e órgãos do governo federal. 2) Ele deve se
apressar em firmar um acordo de colaboração premiada para falar o que
sabe à Justiça.
Pessoas próximas ao exdeputado não
acreditam que ele tenha deixado, por simples descuido, um volume tão
grande de dados em um aparelho de telefone desativado há dois anos.
Cunha sempre foi estrategista, e há quem tenha visto no teor das
mensagens
encontradas pela PF uma forma de ele
deixar "pistas" para ampliar a Para aliados de Temer, saída antecipada
de Geddel evitou nova crise.
A avaliação corrente no mundo político é
que, agora que a PF tem tantos detalhes em mãos –as informações
apreendidas revelam pormenores de conversas sobre aprovações de crédito
em bancos públicos e votações de projetos na Câmara–, Cunha se apressará
em apresentar um roteiro de delação, para não se tornar uma peça
desnecessária com o avanço das
investigações.
Procurado, o advogado Pedro Ivo Velloso,
que integra a banca de defesa de Cunha, manteve a linha adotada até aqui
e disse que, embora desconheça os detalhes da investigação, "rechaça
veementemente desde já as suspeitas" levantadas sobre seu cliente.
Antigos aliados do exdeputado, porém,
afirmam que, diante do cenário, Cunha pode levar adiante as ameaças que
fez às vésperas de perder o mandato na Câmara e ser preso, em outubro.
Um parlamentar próximo ao peemedebista
disse à Folha que, se "ele fizer o que disse que ia fazer, vai sobrar
pouco da República". As mensagens encontradas no telefone antigo de
Cunha arrastaram ao menos três setores para o centro da Lava Jato:
frigoríficos (com destaque para o grupo que gerencia a Friboi),
concessionárias de rodovias e imobiliário.
Esse elenco confirmou projeções feitas
tanto por adversários como por aliados de Cunha: o exdeputado tem
arsenal para alavancar ainda mais o alcance da Lava Jato, para além das
empreiteiras, que são hoje o foco e nascedouro da operação.
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