(Agência Estado)
O senador Eduardo Braga (PMDB-AM) acusou o governador do Amazonas, José Melo (Pros), de ter feito um acordo com a facção Família do Norte (FDN) para garantir sua eleição. Segundo ele, o grupo teria prometido dar 100 mil votos para Melo em troca de uma espécie de “liberdade condicionada”, nas palavras dele, nos presídios em Amazonas.
Para Braga, o “escândalo” da morte de 60 presos em penitenciárias no Estado – que teriam sido realizados por integrantes da FDN – era esperado. “Isso é uma tragédia anunciada, em 2014 nós denunciamos o acordo do governo com a facção”, disse o senador, em entrevista exclusiva ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado.
O parlamentar disse esperar que as autoridades do Judiciário tomem providências, uma vez que, disse, Melo está cassado pela Justiça Eleitoral, mas se mantém no cargo por meio de uma liminar. Se Melo perder o cargo por decisão do judicial, Braga – que ficou em segundo na disputa – assumiria. O senador já governou o Estado por dois mandatos.
FORÇA NACIONAL – Questionado se o governo federal deveria ter ajudado o governo estadual na crise penitenciária, Braga disse que o Estado não pediu inicialmente reforço federal. Para ele, a gestão prisional no Amazonas é culpa somente do governo local. Nesta terça-feira, 10, a Força Nacional começou a chegar a Manaus para ajudar na segurança pública no Estado. Amazonas é um dos sete Estados que pediram ajuda para reforçar a segurança do sistema penitenciário local.
Para o senador, a tragédia é “muito maior” do que os 60 presos mortos nas rebeliões do Estado. Ele lembrou que há ainda mais de uma centena de foragidos e que teria havido o crescimento na violência pública no Estado.
MELO RESPONDE – O governador do Amazonas, José Melo, rebateu nesta terça, em nota oficial, as acusações feitas por Braga segundo as quais ele teria feito um acordo com a facção FDN em troca de garantir sua eleição.
“O governador José Melo repudia a tentativa do senador Eduardo Braga, derrotado nas urnas na última eleição para o Governo do Amazonas, de buscar promoção política em cima dos problemas registrados no sistema prisional em Manaus. As acusações são mentirosas e as ilações feitas pelo senador são irresponsáveis e também criminosas. Refletem a postura política de quem aposta na adoção em uma linha de oposição desqualificada contra o governo, baseada na proliferação de boatos, em afirmações mentirosas e na torcida pelo ‘quanto pior, melhor'”, afirmou a Secretaria de Comunicação Social do Estado.
A manifestação disse que o governador também repudia a tentativa de associá-lo a “supostas negociações” com criminosos ou de ter usado forças policiais durante as eleições de 2014.
GRAVAÇÃO REVELADORA – O major Carliomar Brandão era subsecretário de Justiça do governo de Melo quando, em outubro de 2014, veio a público uma gravação, que chegou a ser publicada pela revista Veja. Nesse áudio, ele teria ido a um presídio reunir-se com presos para, em troca de supostas regalias, receber apoio de um líder da FDN à eleição dele.
“É importante relembrar que, quando as denúncias foram feitas, o major citado foi afastado do cargo que ocupava na direção do sistema penitenciário. Ressalta-se, ainda, que as denúncias não foram comprovadas e ainda não houve julgamento do caso, o que, portanto, não impede que o major exerça qualquer cargo público”, frisou a nota do governador, assinalando que, nos dois turnos para eleição ao governo estadual em 2014, “o candidato Eduardo Braga (PMDB) teve mais votos que todos os demais candidatos do pleito nos colégios eleitorais dos presídios do Estado, segundo a apuração oficial do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas”.
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