DESEMPENHO – No acumulado do ano, indústria mineira registra retração de 7,9%, segundo o IBGE
O presidente do Conselho de Política Econômica da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Lincoln Fernandes, não vê perspectiva de mudança de cenário no curto prazo.
“Entre 75% e 80% da indústria de Minas Gerais é formada por quatro grandes setores: automobilístico, mineral metálico, alimentício e bens de capital (máquinas e equipamentos industriais). Só vejo uma possível melhora para o setor alimentício em 2017”, aponta Lincoln Fernandes.
E a razão para que isso ocorra, na opinião dele, não será a intervenção de nenhum governo, mas a melhoria das condições climáticas. Como tem chovido mais, haverá maior disponibilidade de produtos agrícolas, principalmente grãos, que são a base para as rações de animais, e a venda de carne é representativa na balança comercial mineira.
“Tivemos uma menor oferta de bovinos para os frigoríficos e, consequentemente, menor produção”, disse. Outro setor que pode apresentar uma melhora é o de derivados do petróleo e sucroalcooleiro.
Alimentos
O diretor Comercial da Forno de Minas, Vicente Camiloti, projeta um ano bom para a empresa, com um crescimento de 20% em faturamento e 14% em volume.
“Normalmente, o setor de alimentos é o primeiro que reage. Porém, não será fácil devido, principalmente, ao fraco crescimento econômico, baixo investimento público e pressão dos gastos públicos. Para continuar crescendo, a Forno de Minas trabalha na melhoria da produtividade, ampliação do mix de produtos e aumento da base de clientes”, explicou.
No acumulado dos últimos 12 meses, Minas Gerais é o quarto Estado com pior desempenho da produção industrial (-7,9%), à frente apenas de Espírito Santo (-21,2%), Amazonas (-15,3%) e Pernambuco (-10,6%). Como os índices desses estados estão altos, a média nacional foi puxada para cima, e está pior do que Minas Gerais, com queda de 8,4%.
Para crescer
O conselheiro da Fiemg avalia que é preciso uma melhora no cenário internacional para que a indústria mineira volte a crescer, principalmente com o aumento da exportação de carros para mercados para os quais Minas já vendeu, mas que perdeu nos últimos anos, como o Oriente Médio e a África.
Outras dois fatores que poderiam trazer impacto positivo para a produção industrial seriam o retorno do funcionamento da mineradora Samarco e a redução de impostos para o setor sucroalcooleiro.
Ministro diz que programa evita novas demissões
O ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, disse ontem que a manutenção do programa de proteção ao emprego – agora batizado de Programa de Sustentação ao Emprego (PSE) – vai evitar demissões de mais de 200 mil trabalhadores.
O sistema, criado durante o governo Dilma Rousseff, reduz em 30% o custo das empresas com salários, em troca da manutenção dos postos de trabalho por empresas em crise. O impacto nos vencimentos dos trabalhadores é de até 15%, já que outros 15% do salário é financiado pelo governo com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
Antes de participar de almoço oferecido por empresas da indústria eletroeletrônica na capital paulista, Nogueira informou que a preservação, agora de forma permanente, do programa significará gastos de R$ 1,3 bilhão para o governo em quatro anos, mas permitirá uma economia de 25% no pagamento de seguro-desemprego caso o contingente superior a 200 mil pessoas fosse demitido.
“Hoje, o governo paga R$ 44 bilhões por ano em seguro desemprego. Com medidas de governança e controle de fraude devemos economizar R$ 2,4 bilhões por ano”, acrescentou.
O programa, adiantou o ministro, terá nova abordagem, atendendo novos setores, inclusive micro e pequenas empresas. Ele também afirmou que mudanças no percentual financiado pelo governo é um tema em discussão com o ministério da Fazenda.
Nogueira afirmou também que o governo ainda deve enviar uma proposta de reforma trabalhista ao Congresso, mesmo após o presidente Michel Temer sugerir que o Supremo já deu contribuição importante ao referendar a possibilidade de o acordado prevalecer sobre o legislado.
O ministro não quis se comprometer com um prazo, mas alertou que o Brasil “não pode esperar muito”. “A atualização da legislação trabalhista está sendo definida através de um amplo diálogo com trabalhadores e empregadores.
Estamos construindo a proposta ancorada em três eixos. O primeiro é garantir os direitos adquiridos, que serão aprimorados. O segundo é a segurança jurídica, prestigiando as convenções coletivas. E o terceiro é criar oportunidade de trabalho para todos”, comentou.
Segundo ele, o governo só deve encaminhar essa proposta após a aprovação da PEC do Teto e da reforma da Previdência.
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