Matéria de capa da revista IstoÉ informa que em depoimento de delação
premiada, o empresário Marcelo Odebrecht disse que fornecerá a Lava Jato
detalhes de como repassou a quantia milionária para saldar dívidas de
campanha da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) em 2014. O recurso,
transferido a mando da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), não foi
declarado e saiu do setor de propinas da empresa. Nas preliminares do
depoimento, Marcelo Odebrecht já informou aos procuradores que detalhará
como repassou a Gleisi mais de R$ 4 milhões não declarados para saldar
dívidas de sua campanha ao governo do Paraná em 2014. O dinheiro saiu do
setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, conhecido como o
“departamento de propina”. Conforme a revista apurou junto aos
investigadores, a transferência do montante ocorreu a mando da então
presidente da República, Dilma Rousseff. Endividada, Gleisi havia pedido
socorro a Dilma, depois de amargar a derrota nas urnas, quando ficou em
terceiro lugar com apenas 14,87% dos votos válidos atrás do senador
Roberto Requião (PMDB) e do governador Beto Richa (PSDB). O PT negou-lhe
ajuda. A prioridade da legenda era investir em candidatos competitivos,
que ainda precisavam de apoio financeiro para seguir na disputa pelo
segundo turno. Àquela altura, Dilma tentava se reeleger presidente da
República e, para isso, contava com vultosos recursos à disposição.
Tanto pelo caixa oficial como por fora, conforme apontam as
investigações em curso. Gleisi, então, lhe contou que precisava de mais
de R$ 4 milhões a fim de saldar pagamentos pendentes. Dentre eles, a
fatura com o marqueteiro responsável por sua campanha, Oliveiros
Domingos Marques Neto, dono da Sotaque Brasil Propaganda. Dilma ouviu a
história e se compadeceu. Em retribuição à fidelidade incondicional
devotada pela paranaense durante os anos de trabalho no Executivo e
depois também no Legislativo, como senadora, Dilma, então, resolveu
ajudar Gleisi. O enredo foi confirmado à IstoÉ por pessoas ligadas ao PT
e Dilma. O primeiro passo da presidente foi procurar o intermediador da
negociação: o tesoureiro de campanha, Edinho Silva (PT), hoje prefeito
eleito de Araraquara (SP), e homem forte do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva no seio da campanha presidencial. Na conversa com Edinho,
Dilma explicou a situação de Gleisi e disse que não haveria outra saída
senão procurar a Odebrecht. E que caberia a ele a tarefa. Edinho cumpriu
as ordens da chefe sem titubear, como era de costume.
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