Dilma é caso para junta médica mesmo. Cada vez mais distante da
realidade, dela não se espere mais que propostas delirantes. Discutir os
problemas do país nunca foi preocupação da tirana búlgara. Como resume
editorial do Estadão, "desse mato não sai coelho":
Dilma Rousseff está afastada da Presidência da República porque
responde à acusação formal de ter cometido crimes de responsabilidade.
Mas completa o quadro seu catastrófico desempenho à frente do governo,
que é condenado por 2 em cada 3 brasileiros. Legitimamente eleita em
outubro de 2014, ela perdeu a legitimidade conquistada nas urnas no
momento em que a esmagadora maioria dos brasileiros se deu conta de sua
clamorosa incompetência política e gerencial e das mentiras a que
recorreu para haver o segundo mandato. Dilma, portanto, é uma página
virada da História, como deverá ser confirmado até o fim de agosto com a
aprovação definitiva do impeachment pelo Senado. Mas ela finge não
saber disso.
Estimulada pelas naturais dificuldades que o presidente em exercício
Michel Temer tem enfrentado – muitas que ele próprio está criando –,
Dilma passou a cultivar um “otimismo realista” em relação à sua
recondução ao Palácio do Planalto e está mergulhada numa frenética e
delirante tentativa de viabilizar esse retorno pelos meios à sua
disposição. A imaginação nunca foi um de seus melhores atributos, mas
agora, num tour de force,
ela compartilha a autoria de uma “carta aos brasileiros” que é um
verdadeiro conto de fadas. Os termos desse documento, a que teve acesso o
jornalista Raymundo Costa, do jornal Valor, foram adiantados na quinta-feira.
A tal “carta” parte do princípio imaginoso de que após a reeleição
Dilma buscou “reconciliar o País”, tentando aproximar-se das ideias
econômicas defendidas pela oposição. Seria esse o sentido da nomeação de
Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda. Mas essa tentativa, segundo
ela, foi “sabotada pela direita” e pelas pautas-bomba do Congresso.
Dilma se diz disposta agora a, de volta ao governo, retomar o programa
“popular” que apresentou na campanha e não cumpriu, pelo que foi
acusada, por seus próprios seguidores, de cometer um “estelionato
eleitoral”.
Tentando entender: Dilma se arrepende de tudo o que fez na área
econômica no primeiro ano de seu segundo mandato e agora quer voltar à
Presidência para retomar a “nova matriz econômica” lulopetista que levou
o País à falência. Assim, em matéria de política econômica Dilma
confessa que errou duas vezes. A primeira quando, no primeiro mandato,
perseverou na “nova matriz econômica”. A segunda, no segundo mandato,
quando tentou corrigir o erro anterior entregando a economia nas mãos do
“neoliberal” Joaquim Levy, que sabotou como pôde e lhe fez gosto.
Felizmente, não deverá ter oportunidade de errar uma terceira vez.
As explicações de Dilma para o malogro de sua suposta tentativa de
“reconciliar o País” em 2015 são ridículas. A “sabotagem da direita”
colide com o fato de que estava à frente da Fazenda exatamente alguém
acusado pelo PT de ser de direita. As pautas-bomba foram o resultado de
sua falta de competência e habilidade na relação com o Parlamento. Dilma
preferiu manter senadores e deputados a distância, tratando-os, nas
raras oportunidades em que os recebia, com arrogância. Pagou por isso.
Há dias, em entrevista, Dilma repetiu a tese de que está sendo vítima
de um golpe e confirmou a intenção de divulgar a tal carta de
compromisso com a qual pretende fortalecer a hipótese de retomar a
Presidência. E partiu para o ataque. Prometeu “devolver os direitos que
estão sendo retirados dos brasileiros” e minimizou a importância do
reajuste de 12,5% concedido pelo governo interino aos beneficiários do
Bolsa Família, superior aos 9% por ela prometidos antes de ser afastada.
Garantiu que esse reajuste foi o resultado da “cobrança” dos petistas.
E, sem corar diante da espantosa incoerência, acusou Temer de “absoluta
irresponsabilidade fiscal” pelo fato de ter concedido aos servidores
federais o aumento de salário com o qual ela própria já se havia
comprometido.
Como se vê, Dilma desistiu da ideia demagógica e inviável da
convocação de um plebiscito para decidir sobre a antecipação das
eleições presidenciais. Mas seu estoque de propostas delirantes movidas
pelo desespero é inesgotável. Só não se encontra ali algo parecido com a
intenção de discutir a sério os problemas do País. Desse mato não sairá
coelho.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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