Em coletiva de imprensa, Roberson Henrique Pozzobon criticou as medidas legislativas que preveem mudanças na colaboração premiada e pediu o engajamento da sociedade no combate à corrupção
Por Eduardo Gonçalves, na VEJA.com:
Os procuradores da força-tarefa da Lava Jato fizeram nesta segunda-feira um discurso enfático contra as medidas legislativas que preveem alterações no instituto da delação premiada e nos acordos de leniência. Em coletiva de imprensa convocada para detalhar a 31ª fase da operação, a Abismo, deflagrada hoje, os procuradores pediram o engajamento de toda a sociedade no combate à corrupção e voltaram a fazer campanha pelas dez medidas propostas pela Ministério Púlico contra crimes de colarinho branco, que tramitam no Congresso, e pela reforma política.
Os procuradores da força-tarefa da Lava Jato fizeram nesta segunda-feira um discurso enfático contra as medidas legislativas que preveem alterações no instituto da delação premiada e nos acordos de leniência. Em coletiva de imprensa convocada para detalhar a 31ª fase da operação, a Abismo, deflagrada hoje, os procuradores pediram o engajamento de toda a sociedade no combate à corrupção e voltaram a fazer campanha pelas dez medidas propostas pela Ministério Púlico contra crimes de colarinho branco, que tramitam no Congresso, e pela reforma política.
Em sua
fala, o procurador Roberson Henrique Pozzobon citou as operações
Turbulência, Custo Brasil, Saqueador, Tabela Periódica e a Abismo,
deflagradas nos últimos quinze dias, como exemplo da contribuição das
delações às investigações e de como a corrupção está “alastrada no
país”. Segundo Pozzobon, os agentes políticos são, na maioria dos casos,
os destinatários finais da propina e o “topo da cadeia alimentar” dos
esquemas.
“Nós
precisamos estar atentos para as críticas que se fazem a esses acordos
de delação e leniência. Serão elas razoáveis? Qual é o pano de fundo
dessas críticas? O que nós vemos hoje e o que devemos nos perguntar é: a
quem interessa o desmonte do instituto do acordo de colaboração e do
acordo de leniência? A quem investiga ou a quem por meio desses acordos é
investigado?”, indagou Pozzobon.
O
procurador também pregou a união entre os órgãos de investigação e a
população para evitar que a “grande corrupção” invista contra as
apurações. “Essas quatro operações somadas à de hoje nos mostram de uma
forma muito clara que a corrupção está alastrada no nosso país e que não
há como enfrentar o crime organizado no país de forma desorganizada.
Precisamos cada vez mais que o MP, a polícia, o judiciário e a sociedade
formem uma grande rede de combate à corrupção”, disse o procurador. “O
povo brasileiro já não aguenta mais agentes políticos que flertam e se
casam com a corrupção”, completou.
Na
coletiva, o procurador Julio Motta ainda lembrou que a corrupção não se
restringe a agentes públicos, mas também envolve o setor privado. Como
exemplo, citou a revelação feita na Abismo de que um consórcio de
empreiteiras pagou 18 milhões de reais à WTorre para ela abandonar a
licitação do Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes), no Rio. O
contrato de 850 milhões de reais para erguer o Cenpes é o principal alvo
desta ação da Lava Jato. “A corrupção também se alastrou no setor
privado. Essa é uma cultura que precisa ser mudada, tanto no ambiente
privado como no público. Isso não pode ser a regra do jogo”, afirmou o
procurador.
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