terça-feira, 1 de dezembro de 2015
O começo do fim
Por Osmar José de Barros Ribeiro - 27/11/15 -
A queda da União Soviética alertou o Movimento Comunista Internacional quanto à necessidade de uma base territorial para sua expansão. A escolha recaiu sobre as Américas Central e do Sul, formadas por nações economicamente frágeis e, sobretudo as andinas, divididas etnicamente. Além do mais, na região, estava Cuba, romantizada e vista pelos esquerdistas como o paraíso na terra e que, à falta do auxílio soviético, passava por dificuldades econômicas.Era preciso que outro país fosse cooptado para dar peso à decisão tomada. A existência do Partido dos Trabalhadores (PT), inicialmente formado pela aliança entre marxistas e sindicalistas, apontou o Brasil como candidato natural à função de catalisador. Daí a decisão de, através Fidel Castro, conquistar o mesmo. Do pensamento à ação foi um pulo e, em 1990, considerando a personalidade de Luis Inácio Lula da Silva, líder do PT, foi formado o Foro de São Paulo (FSP), reunindo partidos e organizações de esquerda das Américas do Sul, Central e do Caribe, com a finalidade de discutir alternativas às políticas ditas “neoliberais” dominantes e promover a integração econômica, política e cultural da região.
A eleição de governantes de esquerda na América do Sul deu força política aos integrantes do Foro. Assim, enquanto a Venezuela fornecia petróleo subvencionado à Cuba e outros países da região, Lula e depois Dilma usavam os recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o desenvolvimento de projetos econômicos nos países governados por simpatizantes do Foro e também na África, nesta em função do sonho brasileiro de uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.
O sucesso alcançado pelo FSP levou ao passo seguinte: a sua institucionalização, com a criação da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), sendo de salientar, nesse sentido, a ação de Marco Aurélio Garcia, um dos fundadores do PT, professor universitário aposentado, para quem foi criado, já no primeiro governo Lula, o cargo - até então inexistente - de Assessor Especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, encarregado das ligações do governo brasileiro com o Foro de São Paulo e, ao depois, com a Unasul.
Havia, também, a necessidade de um termo para substituir “comunismo” e “comunistas”, evitados por quase todos os seguidores que, hoje, preferem intitular-se “socialistas”, “esquerdistas” ou, quando muito,“marxistas”. Da Venezuela, em 1998, veio o “bolivarianismo”, uma pretensa ideologia que busca apoio nos escritos de Simón Bolívar e cuja real origem foi a adaptação dos princípios revolucionários de Rousseau e Marx por Hugo Chávez, falecido ditador daquele país.
Além de outros aspectos, o bolivarianismo afirma o repúdio à intromissão de países estrangeiros nas nações americanas e preconiza sua integração dentro dos princípios do FSP. Nesse sentido, em 2008, Hugo Chávez lançou a idéia de um projeto multilateral, visando criar a Pátria Grande. Abraçada com entusiasmo pela esquerda sul-americana, no seu âmbito foram criadas diversas instâncias de planejamento estatal na forma de Conselhos, envolvendo todas as Expressões do Poder das nações envolvidas. Tal projeto tem avançado a toque de caixa e significa o esmagamento das nacionalidades. A esquerda busca, dentro desse espírito, o surgimento de uma federação formada por países que se encontram em diferentes estágios de desenvolvimento, sendo que a língua e a história do maior e mais poderoso deles difere das dos demais além de que entre esses existem também diferenças e contenciosos.
De toda sorte, tudo corria de conformidade com o planejado, até que a economia começou a fazer água, tanto no Brasil quanto na Venezuela (a da Argentina já não estava bem) e os problemas surgissem: a queda do preço do barril de petróleo varreu a economia venezuelana e o sucessor de Chávez passou a ver-se frente a frente com sérios problemas econômicos que a oposição, embora desunida, explora de forma inteligente. No Brasil, que desde o segundo mandato de Lula seguia uma política econômica heterodoxa, a queda foi mais lenta, mas nem por isso menos séria, tudo agravado pelo fato de que o Partido dos Trabalhadores, tendo a pretensão de tornar-se hegemônico, alimentou a corrupção nas grandes estatais, em particular na Petrobras. Nessa busca, os próceres petistas não hesitaram em utilizar-se da nomeação de simpatizantes para mobiliar os diferentes escalões da administração pública em todos os níveis e em todos os Poderes da República, ao tempo em que, literalmente, compravam o apoio de líderes de outros partidos com cargos e numerário.
A sucessora de Lula, Dilma Vana Roussef, na juventude militante de organizações envolvidas com subversão e terrorismo (POLOP- Política Operária; COLINA- Comando de Libertação Nacional; VAR-Palmares- Vanguarda Armada Revolucionária-Palmares) militou no Partido Democrático Trabalhista (PDC) de Leonel Brizola até filiar-se ao Partido dos Trabalhadores, onde teve rápido crescimento, sendo eleita presidente da República em 2010 e reeleita em 2014. Na posição de “suprema mandatária”, escolhida a dedo pelo antecessor, deu continuidade aos seus planos da juventude de implantar o comunismo no Brasil muito embora, em seu canhestro desiderato, terminasse por afundar o País na sua mais séria crise política, econômica, social e ética de todos os tempos.
Em tal contexto, uma das iniciativas que contaram com o entusiástico apoio da atual presidente foi, em 2013, a criação da Escola de Defesa da Unasul que tem como objetivo expresso, a formação de quadros especializados em Defesa e Segurança Regional, além de fomentar a "confiança mútua" entre os membros do bloco.
Contudo, eis que ao se aproximar o final do ano de 2015, as coisas se complicaram. Na Venezuela, Maduro vê-se às voltas com a provável derrota nas eleições legislativas, com acusações de envolvimento no tráfico de drogas e a cada vez mais acelerada deterioração da economia; no Brasil, conforme já assinalado, a crise atinge proporções mais sérias a cada dia e cresce, em diferentes camadas sociais, a descrença em soluções ditas democráticas.
No entanto, parece surgir alguma esperança vinda da Argentina onde o presidente, embora eleito por estreita margem de votos e sem maioria no Congresso, declara-se determinado a inserir o país em novos blocos comerciais em lugar de amarrá-lo aos estreitos limites do Mercosul que se tornou, verdade seja dita, local de conchavos com aqueles países que formam a Unasul, mera fachada do Foro de São Paulo.
Tudo leva a crer que estamos vivendo o começo do fim da hegemonia gramscista na América do Sul.
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