A arrecadação de impostos e contribuições federais somou R$
95,461 bilhões em novembro, o pior resultado para o mês desde 2008. O
número representa uma queda real (já descontada a inflação) de 17,29 %
em relação ao mesmo período no ano passado. Entre janeiro e novembro, os
contribuintes pagaram R$ 1,100 trilhão em tributos - o que também
representa recuo de 5,76 %, na comparação com o acumulado de 2014. Foi o
menor valor desde 2010, de acordo com o relatório divulgado nesta
quarta-feira pela Receita Federal.
Segundo o chefe do Centro de Estudos Tributários e
Aduaneiros da Receita Federal, Claudemir Malaquias, o principal motivo
da queda na arrecadação é retração da atividade econômica, que reduziu
fortemente o recolhimento de impostos e contribuições por parte das
empresas. Ele disse também que os parcelamentos especiais, que inflaram
as receitas no ano passado, ajudam a explicar a queda. Para Malaquias, o
resultado de dezembro deverá ser um pouco melhor, em função do
aquecimento típico da economia no fim de dia. E para 2016, a Receita
espera contar com os efeitos das medidas de ajuste fiscal.
— Em 2016, nós temos expectativa de que as medidas de
ajustes fiscal comecem a produzir efeitos e a principal delas é a
reoneração da folha de pagamento, que representará uma redução da
renúncia atual (de R$ 12 bilhões) e um acréscimo na arredação, além de
outras medidas - disse, acrescentando:
— Esse período de janeiro a novembro foi fortemente afetado pelo
cenário de deterioração do cenário macroeconômico. No mês de dezembro,
nós verificamos que os primeiros números são bastante positivos. Mas,
não serão suficientes para reverter o resultado do ano, que será
negativo.
Malaquias disse que, retirados os efeitos dos parcelamentos
especiais, a arrecadação deverá fechar 2015, com queda em torno de 4%, o
dá certa "tranquilidade" ao Fisco. Não está havendo um deslocamento da
atividade econômica, destacou. De acordo com relatório da Receita
Federal, os ganhos extras esses programas somaram R$ 19,998 bilhões
neste ano, contra R$ 32,396 bilhões em 2015. As desonerações concedidas
pelo governo para turbinar a economia somaram R$ 7,907 bilhões no mês
passado. Já no acumulado do ano essa renúncia fiscal totalizou R$ 95,356
bilhões, segundo relatório da Receita Federal.
De acordo com o relatório da Receita Federal, entre janeiro e
novembro, a arrecadação com impostos e contribuições pagos pelas
empresas (IRPJ e CSLL) caiu 13,96% no acumulado do ano, para R$ 171,579
bilhões (uma diferença de R$ 27,828 bilhões). Reflexo do encolhimento do
mercado formal de trabalho, as contribuições para a Previdência Social
recuaram 6,16% - de R$ 352,960 bilhões para R$ 331,218 bilhões, no
acumulado do ano.
Também houve queda nas receitas com as contribuições do PIS/Cofins,
Imposto de Renda descontado no contracheque dos trabalhadores e cobrado
das operações de crédito (IOF). Neste caso, devido à menor demanda por
financiamentos em virtude de juros elevados e endividamento das
famílias. Apesar do aumento dos tributos sobre combustíveis (Cide), os
efeitos na arrecadação foram praticamente anulados pela queda no
consumo.
Os setores com maiores perdas na arrecadação foram extração mineral,
atividades de rádio e televisão, construção de edifícios, obras de
infraestrutura, transporte e metalurgia. Segundo a Receita, são
segmentos diretamente afetados pela crise na economia.(Globo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário